Nos últimos dois meses, a chamada “Operação Abafa” fez um esforço extraordinário para destruir a honra do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com o objetivo de desmerecer todo o trabalho do Ministério Público Federal, visando a inviabilizar a fase final da Lava Jato, exatamente como aconteceu na Itália com a famosa Operação Mão Limpas (“Mani Pulite”). Enquanto a Lava investia contra o PT e partidos aliados, como o PP, foram aplausos gerais. Depois que passou a incriminar caciques do PMDB e do PSDB, a Lavo Jato se viu submetida a uma campanha implacável, desfechada simultaneamente pelo Planalto, pela cúpula do Congresso e por integrantes do Supremo Tribunal Federal, conforme o ministro Luís Roberto Barroso tem denunciado incansavelmente.
Por ironia do destino, o mais bem sucedido ataque a Janot acabou sendo feito pela Polícia Federal, ao recuperar gravações que o empresário Joesley Batista tinha feito e mandado apagar. E um dos áudios incrimina justamente o ex-procurador Marcelo Miller, que era assessor do próprio Janot e abandonou a carreira para ser advogado de um escritório que defendia a JBS, vejam a que ponto chega a desfaçatez dessa gente.
FALSO PROCURADOR – Embora tenha sido aprovado em concurso público, Marcelo Miller se revelou um falso procurador, pois traiu a corporação em troca dos velhos “30 dinheiros”. Já se sabia que era pilantra, porque se demitiu do cobiçadíssimo cargo de procurador da República e nem cumpriu o prazo legal de quarentena, foi logo se incorporando à equipe de advogados (escritório Trench, Rossi e Watanabe), que negociava o acordo de leniência da JBS), vejam que Miller tinha mesmo vocação para trocar de lado e passar a servir ao mundo do crime, sob o manto sagrado da advocacia.
Um dos trechos da gravação de quatro horas – que Joesley Batista mandou apagar e foi recuperado pela Perícia da Polícia Federal – era uma conversa entre o controlador da JBS e seu braço direito no esquema de corrupção, o executivo Ricardo Saud. E o diálogo comprova que o então procurador Marcelo Miller tinha sido cooptado pelo grupo empresarial.
ANIMAÇÃO NO PLANALTO – A entrevista de Janot, anunciando investigações, foi comemorada no Planalto, cujos locatários logo pensaram que a delação de Joesley será automaticamente anulada, para isentar Temer e o resto da quadrilha, mas não é bem assim, o rolo-compressor da Justiça continuará investindo contra eles, que não conseguirão se livrar da Lava Jato.
Mas haverá novidades, é claro. Antes de sair, Janot deveria aproveitar o embalo e decretar logo a prisão de seu ex-assessor Marcelo Miller, que largou o Ministério Público para trabalhar no lado podre da advocacia, aquele que enriquece mantendo a impunidade dos criminosos de colarinho branco. Se mandar prender esse pilantra, Janot mostrará que realmente todos estão ficando iguais perante a lei, neste país. Mas se Miller continuar em liberdade, isto é sinal de que muita coisa ainda precisa mudar aqui na Carnavália, em matéria de Justiça.
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P. S. – Em todo esse imbroglio, o mais importante será saber quem é o ministro do Supremo que está no bolso de Joesley Batista. Façam suas apostas. (C.N.)
P. S. – Em todo esse imbroglio, o mais importante será saber quem é o ministro do Supremo que está no bolso de Joesley Batista. Façam suas apostas. (C.N.)
06 de setembro de 2017
Carlos Newton
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