"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 4 de abril de 2017

CABRAL SONHA EM FAZER DELAÇÃO, MAS A LAVA JATO NÃO DEMONSTRA INTERESSE

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Charge do Mariano (Charge Online)
O acusado está disposto, mas, até o momento, o Ministério Público Federal (MPF) não decidiu se abre negociações para uma eventual colaboração do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ). Inicialmente, a oferta foi rechaçada pelos procuradores da República do Rio de Janeiro, com o apoio dos colegas de Curitiba. Porém, o advogado Sérgio Riera, responsável pela defesa de Cabral, conseguiu ser recebido por um integrante da força-tarefa do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em Brasília, sem que o encontro tivesse representado o início de uma delação.
Se depender da posição das forças-tarefa de Curitiba (Lava-Jato) e Rio de Janeiro (Calicute), as negociações não avançarão a favor de Cabral. Para elas, a sociedade ganha mais com o ex-governador condenado do que com o resultado de sua eventual colaboração premiada. Mas a questão ainda não está totalmente decidida.
CHEFE DA QUADRILHA – Contra o ex-governador do Rio pesa a acusação de ser o chefe de uma organização criminosa que teria desviado, somente em valores já recuperados pelos investigadores, R$ 270 milhões. Perto de completar cinco meses de prisão, em Bangu, ele corre contra o tempo. O ex-governador sabe que, dificilmente, escapará de pena pesada — 44 anos, preveem os seus advogados, mas o tempo pode ser maior — e tenta convencer a equipe de Rodrigo Janot que tem muito a contribuir no avanço das investigações no estado que governou por quase oito anos.
Ao buscar uma negociação em Brasília, Cabral está provavelmente oferecendo informações sobre ex-aliados com foro privilegiado. É competência do Supremo Tribunal Federal (STF) processar e condenar deputados e senadores. Porém, dificilmente o Ministério Público Federal cederia aos apelos em troca de delações contra integrantes da bancada parlamentar fluminense. O mais provável é que o ex-governador apresente as cartas escondidas na manga ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde são julgados governadores, desembargadores e conselheiros de tribunais de contas.
HUDSON SE ADIANTOU – Quem chegou na frente, no Superior Tribunal de Justiça, foi Hudson Braga, ex-secretário estadual de Obras e ex-coordenador da campanha do governador Luiz Fernando Pezão. Ele foi preso junto com Cabral, sob a acusação de cobrar propina de 1% do valor das grandes obras do segundo governo do peemedebista, entre as quais a reforma do Complexo do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 e para os Jogos Olímpicos. Essa propina, segundo os delatores das empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia, era classificada internamente como “taxa de oxigênio”.
Hudson Braga é apontado como um afilhado político do atual governador. Ele começou a carreira pública em Volta Redonda e foi levado para o Rio, ao lado de Pezão, pelas mãos do ex-governador Anthony Garotinho, com quem romperia posteriormente. Depois de ocupar a Secretaria de Obras do segundo governo Cabral, comandou a campanha vitoriosa de Pezão em 2014, mas se desentendeu com o seu padrinho por discordar do cargo reservado a ele no governo, uma coordenação-geral nos mesmos moldes da ocupada por Luiz Fernando Pezão no governo de Sérgio Cabral.
O conteúdo da delação de Hudson Braga está sendo mantido em segredo, mas os investigadores esperam colher munição suficiente para novas etapas da Operação Calicute.

04 de abril de 2017
Chico Otavio
O Globo

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