As manifestações ocorridas em todo Brasil contra a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o PT marcaram um amplo leque de frustrações. É inegável que o atual governo tem demonstrado, pelo equívoco de seus atos e pela sua omissão, uma flagrante incapacidade de condução do país, em um momento em que a solução das dificuldades está, ainda, e para piorar, inserida em um plano fora do alcance de sua mão.
Vivemos um quadro de indefinição internacional, no qual pequenos movimentos dos USA e da China têm dimensão para sepultar o resto da economia mundial. A falta de competitividade de nossa indústria é tamanha que o único setor produtivo hoje no Brasil capaz de se fazer presente no mercado internacional é o do agronegócio; infelizmente, é o segmento que vem sofrendo, há décadas, do descaso, da falta de políticas de crédito adequadas e duradouras, da falta de infraestrutura para escoamento e oferta de sua produção, das dificuldades de acesso à tecnologia e da insegurança, especialmente jurídica, pela afronta de que se vê vítima, sempre empreendida por ONGs, ambientalistas, movimentos de sem-terra, de quilombolas e indígenas.
Nenhum proprietário rural está isento de ter que se defender de uma investida de desocupados, que invadem suas terras em nome de direitos lunáticos, reconhecidos a movimentos quilombolas ou a tribos de índios aculturados, que se valem de Funais e afins e nelas instalam sua inércia, seu atraso e desserviço. Milhares de hectares de terras, tomados para dar lugar a bandos de coisa nenhuma, porque não produzem, não criam, não transformam e vivem à espera pontual da cesta básica que os governos levam à sua porta.
VIVENDO DA MENTIRA
Dizíamos que os governos vivem da mentira porque estão fora do mundo das grandes oportunidades. Não têm um tostão em caixa; não têm também criatividade, não têm coragem de assumir suas falências e reconhecer nosso atraso, como nação. Temos, historicamente, os piores índices de saúde, de educação, de pesquisa científica, de saneamento, de segurança, de participação democrática, de desenvolvimento social; temos um Congresso Nacional que, com raríssimas exceções, é um ajuntamento de analfabetos, de crápulas, de inservíveis, sejam da situação e da oposição.
Se há falência do Executivo e do Legislativo, reconheçamos também que nosso Judiciário é ineficaz, improdutivo, inacessível, caro e irreal. Somos um universo de carências e não iremos a lugar algum se não formos para as ruas exigir uma agenda séria de reformas. Reformas da legislação tributária e trabalhista. Brigarmos pelo corte de benefícios, de salários de funcionários públicos pagos, especialmente no Judiciário e no Legislativo. Brigarmos pela privatização de tudo que é “brás”; acabarmos com o empreguismo, com o privilégio de aposentadorias sem trabalho. Lutarmos radical e horizontalmente contra a corrupção, não fazendo parte dela. Qual é o orçamento que suporta pagar tanto desserviço, tanta aposentadoria aos 50 anos ou menos, tanta vagabundagem, tanto privilégio, tanta obra pública desnecessária?
Fora tudo, deveria ser a palavra de ordem. E que venham soluções e propostas sérias, que não se esgotam em manifestações que nada propõem. Em festivos passeios de domingo. Mais do que de nomes e partidos, temos que mudar nossas aspirações e compromissos.
18 de março de 2016
Luiz Tito
O Tempo
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