"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 18 de março de 2016

RICARDO KOTSCHO, AMIGO DE LULA, DIZ QUE NINGUÉM AGUENTA MAIS



Petista histórico, o jornalista Ricardo Kotscho também joga a toalha




















Às vezes milagres acontecem… Um exemplo? O jornalista Ricardo Kotscho. É um homem de esquerda do qual sou leitor desde 1983.Tendo passado pelo Estadão , Folha , IstoÉ, Época e várias TVs, ele foi o cronista das Diretas Já, autor de vários livros e ganhador por quatro vezes do Prêmio Esso de Jornalismo. Como é sabido, Kotscho é amigo de Lula, tendo sido de 2003 a 2004, durante o primeiro governo petista, secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República.
Ricardo é um repórter correto, da velha guarda, um humanista e um cristão sem qualquer amor ao poder. Seu texto é idealista, porém jamais desonesto ou bajulador. O habitual e absoluto entusiasmo dele com relação ao novo ministro investigado jamais me afastou da sua coluna por um simples motivo: Kotscho é bem informado e escreve como poucos. Nestas últimas semanas – de um jeito doído – ele está reencontrando o equilíbrio e o senso comum e se distanciando das brumas Brasil Maradilma. Ainda bem.
Veja a sua coluna de hoje.
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PARA SALVAR LULA, DILMA PÕE EM RISCO AS INSTITUIÇÕES
Ricardo Kotscho
Nove horas da manhã de quinta-feira, dia 17 de março. A uma hora da posse de Lula na Casa Civil, ainda não oficialmente confirmada, o País está em pé de guerra. A avenida Paulista já foi mais uma vez fechada por manifestantes, que começam a se aglomerar também em frente ao Palácio do Planalto, onde o policiamento foi reforçado para evitar confrontos, como ocorreu na véspera, com o reforço do Batalhão da Guarda Presidencial.
Com a nomeação de Lula para salvar o ex-presidente da Lava Jato e evitar o impeachment, Dilma conseguiu provocar o efeito contrário e jogar quase todo mundo contra ela. Agora, ao insistir na política do vale tudo, ameaça colocar em risco em risco as próprias instituições democráticas. A crise política está chegando a um ponto terminal e absolutamente fora de controle.
O vazamento dos grampos nos celulares de Lula acabou sendo a gota d´água que faltava para encurralar um governo agonizante. Na gravação, Dilma diz a Lula, pouco depois de ser anunciada a sua nomeação:
“Seguinte, eu tô mandando o Messias junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse”.
A revelação desta espécie de salvo-conduto foi o estopim para deflagar uma rebelião na Câmara, com os deputados pedindo aos gritos a renúncia da presidente, e para levar novamente milhares de pessoas às ruas, com protestos em Brasília e nas principais capitais brasileiras.
Nas gravações divulgadas pelo juiz Sergio Moro no final da tarde, aparecem ataques grosseiros de Lula ao Congresso Nacional, aos tribunais superiores, à PF e à Receita Federal, em conversas com ministros, parlamentares e dirigentes do PT.
A anunciada saída do PMDB da base governista pode ser seguida agora por outros partidos no mesmo dia em que a Câmara se prepara para instalar a comissão especial do impeachment.
Com Lula no governo, Dilma pretendia recuperar o apoio do PMDB, acalmar os mercados e ressuscitar a economia. Aconteceu tudo ao contrário. E, para piorar a situação, o vazamento das gravações expôs diretamente a presidente Dilma nas tentativas de obstrução da Justiça.
Enquanto especialistas discutem a legalidade da decisão de Moro, o governo anuncia que pretende processar o juiz e a oposição tenta impedir a posse de Lula na Casa Civil, o fato é que mais uma vez o Supremo Tribunal Federal será convocado para decidir os destinos do País.
Agora não se discutem mais meios para garantir a governabilidade, que já havia entrado em colapso nas últimas semanas, mas a sobrevivência do próprio governo petista e o que poderá vir depois dele.
Para a maioria das pessoas com quem converso, é melhor um final horroroso do que um horror sem fim, como já se resignou outro dia um assessor próximo da presidente Dilma. De fato, estamos vivendo dias de horror, de revolta e de vergonha. Já faltam palavras a velhos comentaristas como este que vos escreve para contar o que está acontecendo. Ninguém aguenta mais.

18 de março de 2016
Moacir Pimentel

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