"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

COMPUTADA A INFLAÇÃO, QUEDA DO PIB ATINGE 10% ESTE ANO


O IBGE informou – reportagem de Vinicius Neder, Daniela Amorim, Idiana Tomazeli e Mariana Durão, O Estado de São Paulo de quarta-feira – que no período de janeiro a outubro deste ano o Produto Interno Bruto encolheu 4,5% em relação ao mesmo período de 2014: um desastre. Recessão evidente, abrangendo praticamente todos os setores produtivos, refletindo-se no mercado de consumo. Portanto, na receita do ICMS, base nas arrecadações estaduais, ainda por cima, acentua a reportagem, a esperança de uma recuperação está transferida para 2017. Não para o próximo exercício.
Quadro extremamente grave, sobretudo porque à queda de 4,5% do PIB tem que se acrescentar o aumento da população: 1% do número de habitantes em doze meses. Aí já teríamos alcançado um declínio de 5,5 pontos, acarretando a diminuição da renda per capita, resultado da divisão do PIB pelo número de habitantes. Mas o problema – espero que Flávio José Bortolotto e Wagner Pires também opinem, enriquecendo o tema – também ainda não termina na questão do recuo da renda per capita. É muito maior.
É maior, penso eu, porque à redução do PIB devemos adicionar a taxa inflacionária registrada em doze meses: 9,9%. Temos então um movimento regressivo superior a 10%. Na realidade 14,4%, sem considerar o índice demográfico. Colocado este na balança econômica, nos deparamos com uma involução de 15,4 pontos. Com queda da renda per capita, acentua-se, como é matematicamente natural, o aumento da concentração de renda. Péssimo resultado para o processo de desenvolvimento social do país. Isso de um lado.

De outro, amplia-se a participação relativa do mercado financeiro, através dos juros cobrados pelo sistema bancário, principalmente. Os juros que o próprio governo paga para rolar a dívida interna na escala de 2,6 trilhões de reais são de 14,25% a/a. Deduzida a inflação, são juros de 4,5%, em números redondos, de doze meses.
QUEDAS POR SETOR
A reportagem revela, em sua sequência, as quedas setor por setor da economia brasileira.
Caiu a produção do setor de serviços. O consumo das famílias (segundo o IBGE) retraiu-se 4,5%. Os investimentos recuaram nada menos do que 15%. A produção industrial diminuiu 6,7%. As importações foram 20% menores. As exportações, única exceção, acresceram 1,1%. Sobre todo esse panorama, O Estado de São Paulo, num dos blocos da matéria central, assinala que, nos últimos doze meses, o valor do dólar avançou 56% em relação ao real. Passou, também em números redondos, de 2,6  reais para 3,9. Somou para as exportações, mas prejudicou as importações.
A desarticulação, como se observa, é geral. Num quadro assim, não será o ajuste fiscal que irá resolver o problema ao mesmo tempo conjuntural e estrutural. Não pode ser. Sobretudo em face de a política brasileira não ter – com é natural – a menor influência sobre o sistema financeiro internacional. Portanto, o ministro Joaquim Levy tem de encontrar uma outra saída para livrar o país do círculo de giz que o aprisiona, para usar o título de peça famosa de Bertolt Brecht.

07 de dezembro de 2015
Pedro do Coutto

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