"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

REINVENTAR O BRASIL. ANTES TARDE DO QUE NUNCA



A prisão do senador Delcídio do Amaral na semana passada, fato inédito na República brasileira, grita a necessidade de que o Brasil tem que ser reinventado. Qualquer prisão é um fato grave. Prender um político, entre os milhares que o país tem, com o perfil que parcela expressiva de seu conjunto sustenta, nos dias de hoje não é nada tão inesperado. Se o Judiciário fosse mais eficiente faltariam celas, é o que dizem as ruas. Mas prender um senador, que tem uma cara mais ou menos, uma postura que até enganava, líder do governo no Senado, por esse estar acochambrando em detalhes a fuga do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró pela fronteira do Mato Grosso, aí é um pouco demais.
A conversa gravada e divulgada pelo filho daquele que iria ganhar o mundo é nojenta, imunda, criminosa. Pensarmos que um tipo desses é (ou foi) uma voz no Senado da República é a certificação de que estamos no mais absoluto estado de putrefação das nossas instituições e da nossa história. Sem meias palavras, estamos na merda mesmo.
PRONTUÁRIO
Parem tudo. Na Câmara, o presidente Eduardo Cunha, cujo prontuário é diariamente engrossado pela descoberta de suas frequentes falcatruas ainda se beneficia da sordidez da grande maioria de seus pares, que se articulam nas entranhas do Regimento da Câmara para poupá-lo do julgamento pela Comissão de Ética daquela Casa.
Para as infrações passadas, ele já teve o benefício do instituto da prescrição ou da decadência, consagradas nos nossos códigos e por tal circunstância ineficientes para enquadrá-lo. Tudo o que vem sendo revelado, aflorado dos inquéritos, dos depoimentos, das delações, das investigações, dá mostra de como no caso brasileiro o braço da lei é curto e preguiçoso. Como tais tipos amealharam poder para saquear os recursos do erário sem nunca terem sido percebidos.
A denúncia que motivou o mensalão decorreu, em outros patamares, de uma briga de quadrilha por mero desentendimento na distribuição do produto do crime. Um partido recebeu menos, entregou um diretor indicado por outro partido da base flagrado recebendo uma propina e daí nasceu o processo que cassou mandatos parlamentares, meteu na cadeia dezenas de políticos, empresários, banqueiros, publicitários, todos espertos de ocasião.
A MESMA TRUPE
Essa operação Lava Jato tem o mesmo formato, os mesmos crimes, a mesma trupe. Essa gente que está presa tem décadas de prática de corrupção. Estão nas estatais desde muito tempo e só foram descobertos porque já era demasiadamente acintosa sua atividade e a solidez de seu enriquecimento. Tudo muito afrontoso, muito escancarado, muito consolidado nessas empresas. Qualquer gerente de m. tinha centenas de milhões de euros e dólares na Suíça, apartamentos milionários, fazendas, o diabo. Para onde se vira, onde se mexe, sem necessidade de se aprofundar muito surgem crateras.
Se não pararmos tudo, se o Brasil não rever suas opções, sem a implementação da agenda de reformas que se arrasta há décadas, o destino dos brasileiros será o pior. Caminhamos céleres para uma ampla miséria, sem volta.

07 de dezembro de 2015
Luiz Tito
O Tempo

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