"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

NÃO EXISTE EMPATE NENHUM! IBOPE EVIDENCIA QUE LULA ESTÁ ACABADO.

Explico por quê
Levantamento relevante seria um que testasse Lula, em segundo turno, contra os demais líderes da oposição



Perguntam-me por que não dei bola para a pesquisa Ibope que aponta em quem os eleitores votariam ou não votariam a esta altura do campeonato. Eu explico: porque o que dizem ter importância é irrelevante, e o que é relevante não tem como — ou não pode — ser percebido pela chamada grande imprensa, viciada em decretar o empate entre todos sempre que o PT está perdendo. Já que me pedem para tratar do assunto, então trato.

Segundo os dados que foram divulgados, Lula lidera a rejeição entre uma lista de possíveis presidenciáveis em 2018: não votariam nele 55% dos entrevistados; na sequência, nesse quesito, vêm os tucanos José Serra (54%) e Geraldo Alckmin (52%), este com o mesmo número do neopedetista Ciro Gomes. Depois aparece Marina Silva (Rede), com 50%, seguida pelo também tucano Aécio Neves, com 47%. Como a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, há múltiplos empates aí.

Conclusão óbvia e errada: “Ah, Lula perdeu, mas ninguém ganhou”. Em maio de 2014, cinco meses antes da eleição, 33% diziam que não votariam no chefão petista de jeito nenhum. Quando se faz a pergunta contrária, sobre intenção de voto, Lula também aparece na ponta, com 23%, seguido de Aécio (15%), Marina (11%), Serra (8%), Alckmin (7%) e Ciro Gomes (4%).

O país saiu da eleição há precisamente um ano. Estamos diante — e daí decorre a repulsa a Dilma, mais do que à roubalheira no governo petista — do maior estelionato eleitoral da história. Sintetiza-se com facilidade: Dilma fará o que disse que não faria e não fará o que disse faria. Podemos ser mais precisos: Dilma fará o contrário do que disse que faria. Pronto!

Lula foi um dos grandes avalistas da reeleição. Quando a fraude eleitoral petista era presumida por muitos, mas ainda não estava consolidada, o tucano Aécio Neves não bateu Dilma por 3,28 pontos percentuais apenas. Alguém realmente acredita que esse número auferido sobre rejeição tem alguma importância?

Com a devida vênia, os dados mais evidenciam uma rejeição meio irrefletida — é o brasileiro de saco cheio!!! — à política do que aos políticos. Nem se trata de evidenciar que, bem, passado um ano, constata-se que Aécio falava a verdade, e Dilma e Lula, a mentira. Isso está dado. “Ah, mas o eleitor pode não sentir assim…”

Ok. Vamos pensar. Aécio segue como o principal porta-voz da oposição e, claro!, poderia também não estar agradando. Aparece no noticiário com frequência. Mas e Marina, que foi uma das massacradas pelo PT e que, depois disso, submergiu, tentando construir a sua Rede? E Geraldo Alckmin e José Serra, que entraram menos nos embates com o petismo no Congresso? Ciro Gomes, então, brota lá das catacumbas da irrelevância para exibir isso tudo de rejeição? Se colocassem Jesus Cristo na pesquisa, e olhem que ele não é, assim, um Ciro Gomes, o Divino entraria no emboladão.

Se esses números quisessem dizer alguma coisa de realmente relevante sobre o futuro da política brasileira, o Brasil estaria pronto para eleger o J. Pinto Fernandes. Quem é ele? É aquele do poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade. E, agora, é irresistível emendar, não? O eleitorado está é com o saco cheio da quadrilha.

Um ano depois de Aécio quase ter batido Dilma, de Alckmin ter sido reeleito no segundo turno e ter perdido a eleição numa única cidade do Estado, de Serra ter chegado ao Senado com uma votação consagradora e de Marina ter até liderado a disputa no segundo turno por algum tempo, todos estariam quase como Lula? Com rejeição parecida?

Essa é uma daquelas pesquisas que mostram tudo, menos o essencial. Não estou dizendo que seja mentirosa. Mas sabem como é… É possível mentir dizendo a verdade, não é mesmo?

Quero é que se testem hipóteses de segundo turno de todos esses políticos contra Lula. Aí, sim, nós vamos ver qual é a diferença entre “rejeição” e… “rejeição”.

Que o eleitor ande meio enfarado da política, bem, isso nós sabemos. Ah, por favor: no caso do segundo turno, lembrem na simulação que Lula pertence ao PT, hoje o partido mais odiado do Brasil, segundo o próprio Ibope.

Outro aspecto
E há outro aspecto que quero ressaltar. Ainda que todos esses números fossem verdadeiros e traduzissem, de fato, uma rejeição ativa a todos os políticos, é claro que os números seriam piores para Lula. E explico por quê.

Todos os outros políticos são seres deste mundo, são tomados na sua humanidade. O único que foi alçado à condição de sobre-humano, de demiurgo, que chegou a pairar acima das vicissitudes mundanas, convenham, é mesmo Lula.

O que a realidade fez, aí sim, foi devolver Lula à Terra. Durante algum tempo, o chefão petista parecia pairar acima da arraia-miúda. O próprio PT o brandia e tenta fazer isso até hoje — escreverei um post a respeito — como uma ameaça: “Olhem que ele volta…”.

Pois eu acho que não volta a disputar. E, na verdade, adoraria que voltasse, já escrevi aqui, só para que a maioria dos brasileiros lhe desse uma resposta.

O problema é que, até 2018, ele pode dar com a Polícia Federal no meio do caminho — para continuar em Drummond.



18 de novembro de 2015
Reinaldo Azevedo, Veja

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