A História da Humanidade está cheia de tragédias: fome, guerras, doenças, perseguições... Injustiças e barbaridades de todos os tipos possíveis e imagináveis. Há horrores para todos os gostos: gente que teria hoje diagnóstico de epilepsia sendo queimada em fogueiras como se fossem "possuídas pelo Diabo", pessoas enterradas vivas na Revolução Chinesa, torturas de todos os tipos nos regimes militares da América Latina e o Terror Islâmico que, depois de 11 de setembro de 2001, tomou nova forma.
O Brasil não é, sob nenhum aspecto, nem do ponto de vista quantitativo nem qualitativo, uma exceção ao que escrevi acima. A história do horror no nosso país é aquela da dissociação entre Estado e Sociedade. O Estado chegou antes, muito antes da sociedade no Brasil. Isto é evidente em "Casa Grande e Senzala" e na obra de qualquer outro autor que tiver honestidade intelectual ao contar nossa história, mas arrisco afirmar que vivemos, nos últimos meses, algo que não tem precedente no nosso país antes da chegada do Regime Petista ao Poder. Minha tese é muito simples: afirmo que hoje nem mesmo a tal "dissociação" que mencionei acima é o sinal patognomônico do que acontece no país.
Dissociação entre Estado e Sociedade dava-se num período anterior em que todo aparato Judicial estava inacessível ao cidadão comum e reservado a determinados membros de uma seleta casta que até a chegada do Partido Religião ao poder identificava-se pelo poder econômico; mas jamais ideologicamente.
Afirmo ser patética a ideia que sustenta uma unidade de pensamento e um mesmo plano de poder para todo governo brasileiro que antecedeu o petista. O que vemos hoje não tem, desde o Estado Novo de Getúlio Vargas, um precedente, mas nem mesmo ali alguém poderia sequer sonhar com aquilo que vimos no Brasil nos últimos quinze dias.
Prezado leitor, assistimos calados ou pensando em futebol a divulgação da notícia de que foi falsificada, para fins de emissão do Decreto 8515, a assinatura do Comandante da Marinha. Informaram a sociedade brasileira que, com objetivo de aumentar a arrecadação de impostos, pretende o Governo legalizar todos os jogos tradicionalmente no Brasil associados ao crime organizado e à prostituição e, para terminar a semana, um juiz da nossa Suprema Corte, o Ministro Gilmar Mendes, diz ao vivo que somos governados por uma "cleptocracia", por uma organização criminosa que, com suficiente dinheiro sujo guardado, poderia ficar no poder até 2038.
Tudo isso "assistimos bestificados". Tudo isso foi divulgado sem renúncia nem queda de Dilma Rousseff e ainda discute-se se há, "de fato", razões para impeachment mesmo com revelação de Nestor Cerveró dando conta de 6 milhões de reais de dinheiro sujo injetados na campanha de Dilma.
Disso tudo que escrevi, a conclusão é simples. Não há mais "dissociação" alguma entre Estado e Sociedade no Brasil. O país está acéfalo, entregue ao crime organizado. O Estado acabou e ninguém viu.
Cada cidadão que se queixar de "injustiça" está errado pois a Justiça morreu junto com Estado que ela mesma sustentava. Sem morte nem revolução, sem nenhuma tortura, flagelo, fome ou "inquisição" - esta é a Tragédia Brasileira.
22 de setembro de 2015
Milton Simon Pires é Médico.
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