Na mais nova delação premiada da Operação Lava Jato, o lobista Fernando Moura admitiu ter mantido ligações com o PT (Partido dos Trabalhadores) e disse que o partido recebia propinas ligadas a contratos da Petrobras.
Na colaboração premiada autorizada pela Justiça Federal no Paraná na segunda-feira (21), Moura aponta a atuação decisiva do ex-secretário do PT Silvio Pereira na aprovação da indicação do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, acusado de intermediar o repasse de suborno para a legenda.
O mais novo delator da Lava Jato relatou que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP) recomendou a ele que deixasse o país após o surgimento do escândalo do mensalão, em, 2005, e então ele foi morar em Miami (EUA), onde continuou a receber propinas de fornecedoras da estatal de petróleo.
INDICAÇÃO DE DUQUE
Na delação homologada nesta segunda, Moura deu sua versão sobre a indicação de Duque para a diretoria de Serviços da Petrobras.
Segundo os relatos da delação, a partir da década de 1980 Moura passou a se aproximar de Dirceu ao colaborar nas campanhas do petista.
Moura contou que em 2002, quando o petista Luiz Inácio Lula da Silva venceu as eleições presidenciais, as indicações políticas para os cargos na administração federal deveriam ficar sob a responsabilidade do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do então secretário-geral da legenda, Silvio Pereira.
Porém, Delúbio não aceitou a tarefa, em represália por não ter sido atendido em um pedido feito a Lula para que ocupasse a presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), de acordo com o delator.
SILVIO PEREIRA
Moura disse que então aproveitou o espaço deixado por Delúbio e conseguiu se aproximar de Silvio Pereira para atuar na indicação de cargos.
O delator disse que a sugestão do nome de Duque partiu do presidente da empreiteira Etesco, Licínio de Oliveira Machado Filho. Mora disse que levou o nome de Duque para Silvio Pereira, que então fez uma entrevista com o indicado e aprovou a ida dele para o cargo na diretoria de Serviços da Petrobras.
De acordo com Moura, a partir da indicação de Duque, a Etesco passou a ter uma participação maior em contratos da Petrobras, e passou a pagar ao lobista um propina de US$ 30 mil por trimestre.
O delator também disse que no esquema de corrupção na Petrobras as fornecedoras da estatal pagavam uma propina de 3% sobre o valor dos contratos, e parte desse valor era repassado ao PT.
NA BOLSA SUECA
O lobista também relatou um caso que pode levar ao início de uma colaboração jurídica internacional da Lava Jato com autoridades da Noruega. Segundo Moura, o sistema financeiro do país europeu foi lesado em razão de uma informação privilegiada fornecida por funcionários da Petrobras a investidores.
De acordo com o delator, os operadores financeiros ficaram sabendo antecipadamente sobre a assinatura de contratos da empresa norueguesa Sevan Marine com a Petrobras, e compraram ações da companhia europeia.
Posteriormente, com a divulgação da assinatura dos contratos, as ações da Sevan Marine tiveram grande valorização e os operadores financeiros beneficiados com a informação privilegiada tiveram um ganho significativo com os papéis.
22 de setembro de 2015
Deu no iG
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