RECUSA DE MINISTÉRIOS DEIXA GOVERNO INSEGURO PARA MANTER VETOS
A cúpula do PMDB se recusou na segunda-feira, 21, a indicar nomes para compor o Ministério e a ajudar a presidente Dilma Rousseff a cortar pastas. Em três conversas com Dilma, o vice-presidente Michel Temer sugeriu a ela que adiasse a reforma ministerial, sob a alegação de que, neste momento de fragilidade mudanças na equipe só provocariam mais instabilidade política e atritos na base aliada do governo.
A falta de indicações foi interpretada nos bastidores como mais um gesto do PMDB na direção do rompimento com o Planalto. Além de Temer, os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), avisaram Dilma que não apresentarão nomes para cargos.
O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), admitiu que, caso não haja entendimento com o PMDB, o melhor é deixar a reforma para depois. Há receio de que uma troca de ministros, agora, contamine a votação dos vetos a projetos como o do reajuste dos funcionários do Judiciário.
"Precisamos garantir maioria na Câmara e no Senado", disse Delcídio. "Um mau desempenho do governo na votação dos vetos pode trazer impacto na economia. Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Seria melhor adiar essa reforma."
À noite, inconformada com a recusa do PMDB, Dilma chamou Temer para outra conversa, no Palácio da Alvorada. Os líderes do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), e no Senado, Eunício Oliveira (CE), também foram convocados. Picciani disse a amigos que a bancada na Câmara "quer ter um ministro".
A partir daí, uma sucessão de encontros - um na casa de Eunício, com Temer, e outro na de Cunha - reuniu grupos de peemedebistas até perto da meia-noite. Foi um dia intenso de negociações. Diante de tantos problemas, a presidente já cogita a possibilidade de segurar a reforma ministerial para a próxima semana, depois da viagem a Nova York, onde participará da Assembleia Geral da ONU.
Para completar, Dilma também estava ontem muito preocupada em adiar a votação, prevista para hoje, dos vetos presidenciais à chamada pauta-bomba, que aumenta os gastos do governo. Ao avaliar que pode sofrer outra derrota no Congresso, ela chegou a telefonar para Cunha.
"Compreendo o momento difícil", afirmou o presidente da Câmara.
Ministros disseram ao Estado que o novo impasse para a composição da equipe ocorreu porque a presidente decidiu cortar quadros importantes do PMDB, como os ministros Henrique Eduardo Alves - que comanda o Turismo e preside o partido no Rio Grande do Norte - e Helder Barbalho, hoje no controle da Pesca. Filho do senador peemedebista Jader Barbalho, Helder é presidente do PMDB do Pará.
O plano do governo prevê a junção dos ministérios da Pesca com Agricultura, comandada por Kátia Abreu, uma cristã nova no PMDB. O Turismo, por sua vez, deve ser incorporado ao Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Peemedebistas se queixaram de que o PT de Dilma não estaria sendo tão atingido. Um ministro comentou que Temer não poderia "chancelar" mais esse desgaste.
Na tentativa de compensar o PMDB, uma das alternativas em estudo é dar à legenda o controle de Comunicações, pasta atualmente chefiada por Ricardo Berzoini (PT), que assumirá a articulação política do Planalto.
O governo quer aproveitar a reforma administrativa, que vai cortar dez dos 39 ministérios e mil cargos comissionados, para pôr na equipe nomes que tenham votos tanto na Câmara como no Senado. Dilma também foi aconselhada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a encaixar no primeiro escalão políticos com influência sobre as bancadas, que possam barrar um possível processo de impeachment contra ela.
22 de setembro de 2015
diário do poder
PARA DELCÍDIO, SERIA MELHOR ADIAR A REFORMA: CAUTELA E CANJA DE GALINHA NÃO FAZEM MAL A NINGUÉM. (FOTO: MARCOS OLIVEIRA/AG SENADO) |
A cúpula do PMDB se recusou na segunda-feira, 21, a indicar nomes para compor o Ministério e a ajudar a presidente Dilma Rousseff a cortar pastas. Em três conversas com Dilma, o vice-presidente Michel Temer sugeriu a ela que adiasse a reforma ministerial, sob a alegação de que, neste momento de fragilidade mudanças na equipe só provocariam mais instabilidade política e atritos na base aliada do governo.
A falta de indicações foi interpretada nos bastidores como mais um gesto do PMDB na direção do rompimento com o Planalto. Além de Temer, os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), avisaram Dilma que não apresentarão nomes para cargos.
O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), admitiu que, caso não haja entendimento com o PMDB, o melhor é deixar a reforma para depois. Há receio de que uma troca de ministros, agora, contamine a votação dos vetos a projetos como o do reajuste dos funcionários do Judiciário.
"Precisamos garantir maioria na Câmara e no Senado", disse Delcídio. "Um mau desempenho do governo na votação dos vetos pode trazer impacto na economia. Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Seria melhor adiar essa reforma."
À noite, inconformada com a recusa do PMDB, Dilma chamou Temer para outra conversa, no Palácio da Alvorada. Os líderes do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), e no Senado, Eunício Oliveira (CE), também foram convocados. Picciani disse a amigos que a bancada na Câmara "quer ter um ministro".
A partir daí, uma sucessão de encontros - um na casa de Eunício, com Temer, e outro na de Cunha - reuniu grupos de peemedebistas até perto da meia-noite. Foi um dia intenso de negociações. Diante de tantos problemas, a presidente já cogita a possibilidade de segurar a reforma ministerial para a próxima semana, depois da viagem a Nova York, onde participará da Assembleia Geral da ONU.
Para completar, Dilma também estava ontem muito preocupada em adiar a votação, prevista para hoje, dos vetos presidenciais à chamada pauta-bomba, que aumenta os gastos do governo. Ao avaliar que pode sofrer outra derrota no Congresso, ela chegou a telefonar para Cunha.
"Compreendo o momento difícil", afirmou o presidente da Câmara.
Ministros disseram ao Estado que o novo impasse para a composição da equipe ocorreu porque a presidente decidiu cortar quadros importantes do PMDB, como os ministros Henrique Eduardo Alves - que comanda o Turismo e preside o partido no Rio Grande do Norte - e Helder Barbalho, hoje no controle da Pesca. Filho do senador peemedebista Jader Barbalho, Helder é presidente do PMDB do Pará.
O plano do governo prevê a junção dos ministérios da Pesca com Agricultura, comandada por Kátia Abreu, uma cristã nova no PMDB. O Turismo, por sua vez, deve ser incorporado ao Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Peemedebistas se queixaram de que o PT de Dilma não estaria sendo tão atingido. Um ministro comentou que Temer não poderia "chancelar" mais esse desgaste.
Na tentativa de compensar o PMDB, uma das alternativas em estudo é dar à legenda o controle de Comunicações, pasta atualmente chefiada por Ricardo Berzoini (PT), que assumirá a articulação política do Planalto.
O governo quer aproveitar a reforma administrativa, que vai cortar dez dos 39 ministérios e mil cargos comissionados, para pôr na equipe nomes que tenham votos tanto na Câmara como no Senado. Dilma também foi aconselhada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a encaixar no primeiro escalão políticos com influência sobre as bancadas, que possam barrar um possível processo de impeachment contra ela.
22 de setembro de 2015
diário do poder
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