Tal como ocorreu no mensalão, parcela do partido que está no poder tenta desmoralizar a investigação sobre irregularidades, desmandos e corrupção na Petrobras, sob a alegação de que se trata de um golpe midiático com interesses eleitorais. Em resposta, a Procuradoria da República no Paraná, onde tramita o processo que levou à prisão o ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, afirmou de forma categórica que a atuação da Polícia Federal, do Ministério Público e do Poder Judiciário é estritamente técnica, imparcial e apartidária. Os articuladores das manifestações contra as instituições podem, num ambiente de liberdade de expressão, analisar a resposta e confrontá-la com suas atitudes. O que não se espera é que o ataque dos descontentes se sobreponha à ação das instituições encarregadas do cumprimento da lei.
Setores que se consideram prejudicados por investigações sempre se apresentam como vítimas de injustiças. Cabe às próprias instituições, nos limites de suas missões constitucionais, exercer vigilância sobre as sindicâncias e seus efeitos. O Brasil promoveu avanços importantes, a cada experiência na investigação de desmandos, para que ações moralizadoras possam ser ameaçadas pelos que tentam depreciá-las. O que o país precisa é o contrário, do fortalecimento dos agentes responsáveis pela elucidação de casos como esse, em que há bem mais do que desvio de conduta.
Foi identificada uma rede de captação e compartilhamento de propinas pagas por empresas prestadoras de serviços, num amplo esquema de favorecimento de partidos e políticos. Não surpreende que a divulgação dos fatos, a partir das revelações de um dos principais protagonistas, cause desconforto entre os aliados dos que o indicaram para o cargo de diretor da estatal e o mantiveram na empresa, apesar das suspeitas.
É inconsequente, para o esclarecimento da extensão dos crimes e a identificação dos implicados, o gesto dos que, apontando em direção à polícia, ao MP e à Justiça, tentam transformar autoridades em acusados. A coincidência da operação Lava-Jato com a campanha presidencial certamente traz prejuízos políticos para o governo. Mas, num país que tem eleições a cada dois anos, é praticamente impossível desvincular episódios como esse de processos eleitorais. Por mais que os militantes partidários fiquem contrariados, é importante que a investigação prossiga e que o esquema delituoso na principal estatal do país seja esclarecido, com a punição de corruptos e corruptores.
Setores que se consideram prejudicados por investigações sempre se apresentam como vítimas de injustiças. Cabe às próprias instituições, nos limites de suas missões constitucionais, exercer vigilância sobre as sindicâncias e seus efeitos. O Brasil promoveu avanços importantes, a cada experiência na investigação de desmandos, para que ações moralizadoras possam ser ameaçadas pelos que tentam depreciá-las. O que o país precisa é o contrário, do fortalecimento dos agentes responsáveis pela elucidação de casos como esse, em que há bem mais do que desvio de conduta.
Foi identificada uma rede de captação e compartilhamento de propinas pagas por empresas prestadoras de serviços, num amplo esquema de favorecimento de partidos e políticos. Não surpreende que a divulgação dos fatos, a partir das revelações de um dos principais protagonistas, cause desconforto entre os aliados dos que o indicaram para o cargo de diretor da estatal e o mantiveram na empresa, apesar das suspeitas.
É inconsequente, para o esclarecimento da extensão dos crimes e a identificação dos implicados, o gesto dos que, apontando em direção à polícia, ao MP e à Justiça, tentam transformar autoridades em acusados. A coincidência da operação Lava-Jato com a campanha presidencial certamente traz prejuízos políticos para o governo. Mas, num país que tem eleições a cada dois anos, é praticamente impossível desvincular episódios como esse de processos eleitorais. Por mais que os militantes partidários fiquem contrariados, é importante que a investigação prossiga e que o esquema delituoso na principal estatal do país seja esclarecido, com a punição de corruptos e corruptores.
16 de outubro de 2014
Editorial Zero Hora
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