Está cada vez mais difícil que a balança comercial feche o ano com superávit. O fraco desempenho dos últimos meses já levou a várias revisões de expectativas. No início do ano, a previsão do governo era que o saldo comercial atingiria US$ 8 bilhões, com recuperação em relação aos US$ 2,5 bilhões do ano passado, que havia sido uma verdadeira decepção em relação aos US$ 19,4 bilhões de 2012. Desde então, porém, o Banco Central (BC) reduziu duas vezes a previsão, primeiro para US$ 5 bilhões e, recentemente, para US$ 3 bilhões.
Fora do governo, as previsões são mais pessimistas e não são raros os especialistas que acham possível um déficit comercial, o que não acontece desde o ano 2000. Os últimos anos deram seguidos sinais de piora nos termos de troca, com uma pauta de exportações e um leque de parceiros comerciais cada vez mais limitados. O resultado comercial de setembro, o pior para o mês desde 1998, foi o mais recente deles. O saldo do ano vinha negativo até agosto, quando virou positivo em US$ 249 milhões. Mas a recuperação não se sustentou. Mesmo com um câmbio mais favorável às vendas externas, a balança comercial teve déficit de US$ 939 bilhões em setembro, com queda de 10,2% das exportações e aumento de 4% das importações em comparação com igual mês de 2013, levando para o vermelho o saldo do ano, que ficou negativo em US$ 690 milhões.
Os problemas que frustraram os resultados de setembro devem persistir nos próximos meses, dificultando a recuperação. Um deles é a retração do mercado argentino, que causou a queda de 8% nas exportações de manufaturados, puxada por automóveis de passageiros, óleos combustíveis, veículos de carga, autopeças e motores.
A Argentina é um dos principais parceiros comerciais do Brasil. Foi o terceiro maior mercado das exportações brasileiras de janeiro a setembro, depois da China e dos Estados Unidos, absorvendo cerca de 6% do total vendido ao exterior. O próprio governo brasileiro estima que a situação no país vizinho é responsável por 77% da queda das exportações de manufaturados, que está em 7,1% no acumulado do ano por média de dia útil. Não se espera uma recuperação da Argentina a curto ou médio prazo.
Outro problema com tendência de médio prazo é a queda dos preços das commodities, responsável pelo recuo de 15,1% nas exportações de produtos básicos em setembro em relação ao mesmo mês de 2013. Treze das 23 commodities mais exportadas pelo Brasil registraram preços mais baixos na mesma base de comparação. O minério de ferro caiu 30%; o milho, 17,7%; óleos combustíveis, 12,3%; celulose, 9,7%; açúcar refinado, 8,2%; algodão, 6,2%; e a soja, 5,6%.
Com a economia chinesa crescendo menos e outros países importantes em desaceleração e safras agrícolas expressivas nos Estados Unidos e Brasil, a expectativa é que as commodities, que representam cerca de 65% da pauta brasileira de exportações, continuarão com os preços deprimidos por algum tempo.
O cenário é um pouco mais favorável para o petróleo. A importação brasileira de petróleo e derivados saltou 46,4% em setembro e foi uma das principais responsáveis pelo déficit do mês. A expectativa do governo é que o movimento se inverta neste último trimestre do ano, com as exportações superando as importações.
A notícia chega, porém, em um momento em que a cotação internacional do petróleo está em franca baixa. Desde junho, a commodity já caiu 25%. A sinalização do Oriente Médio de que a produção continuará elevada derrubou as cotações para os níveis mais baixos em quatro anos e a perspectiva é que a tendência se manterá no próximo ano.
Chega tarde a decisão do governo de colocar em vigor, com uma alíquota de 3%, o Reintegra, programa que devolve ao exportador uma fatia das receitas com vendas externas. A alíquota atual era de 0,3% e iria passar a 3% em 2015. A elevação foi antecipada para incentivar exportadores. A medida deve capitalizar as empresas, mas pouco impacto terá na balança comercial deste ano.
A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) já estima que o fluxo de comércio exterior do país deve encolher 5,5% neste ano, a maior queda desde 2008, quando houve uma contração de 24% causada pela crise internacional. De janeiro a setembro, a corrente de comércio havia caído 2% em comparação com igual período de 2013, para US$ 347,96 bilhões. Acrescentando-se, porém, as duas primeiras semanas de outubro ao período de comparação, a queda sobe para 2,9%.
Fora do governo, as previsões são mais pessimistas e não são raros os especialistas que acham possível um déficit comercial, o que não acontece desde o ano 2000. Os últimos anos deram seguidos sinais de piora nos termos de troca, com uma pauta de exportações e um leque de parceiros comerciais cada vez mais limitados. O resultado comercial de setembro, o pior para o mês desde 1998, foi o mais recente deles. O saldo do ano vinha negativo até agosto, quando virou positivo em US$ 249 milhões. Mas a recuperação não se sustentou. Mesmo com um câmbio mais favorável às vendas externas, a balança comercial teve déficit de US$ 939 bilhões em setembro, com queda de 10,2% das exportações e aumento de 4% das importações em comparação com igual mês de 2013, levando para o vermelho o saldo do ano, que ficou negativo em US$ 690 milhões.
Os problemas que frustraram os resultados de setembro devem persistir nos próximos meses, dificultando a recuperação. Um deles é a retração do mercado argentino, que causou a queda de 8% nas exportações de manufaturados, puxada por automóveis de passageiros, óleos combustíveis, veículos de carga, autopeças e motores.
A Argentina é um dos principais parceiros comerciais do Brasil. Foi o terceiro maior mercado das exportações brasileiras de janeiro a setembro, depois da China e dos Estados Unidos, absorvendo cerca de 6% do total vendido ao exterior. O próprio governo brasileiro estima que a situação no país vizinho é responsável por 77% da queda das exportações de manufaturados, que está em 7,1% no acumulado do ano por média de dia útil. Não se espera uma recuperação da Argentina a curto ou médio prazo.
Outro problema com tendência de médio prazo é a queda dos preços das commodities, responsável pelo recuo de 15,1% nas exportações de produtos básicos em setembro em relação ao mesmo mês de 2013. Treze das 23 commodities mais exportadas pelo Brasil registraram preços mais baixos na mesma base de comparação. O minério de ferro caiu 30%; o milho, 17,7%; óleos combustíveis, 12,3%; celulose, 9,7%; açúcar refinado, 8,2%; algodão, 6,2%; e a soja, 5,6%.
Com a economia chinesa crescendo menos e outros países importantes em desaceleração e safras agrícolas expressivas nos Estados Unidos e Brasil, a expectativa é que as commodities, que representam cerca de 65% da pauta brasileira de exportações, continuarão com os preços deprimidos por algum tempo.
O cenário é um pouco mais favorável para o petróleo. A importação brasileira de petróleo e derivados saltou 46,4% em setembro e foi uma das principais responsáveis pelo déficit do mês. A expectativa do governo é que o movimento se inverta neste último trimestre do ano, com as exportações superando as importações.
A notícia chega, porém, em um momento em que a cotação internacional do petróleo está em franca baixa. Desde junho, a commodity já caiu 25%. A sinalização do Oriente Médio de que a produção continuará elevada derrubou as cotações para os níveis mais baixos em quatro anos e a perspectiva é que a tendência se manterá no próximo ano.
Chega tarde a decisão do governo de colocar em vigor, com uma alíquota de 3%, o Reintegra, programa que devolve ao exportador uma fatia das receitas com vendas externas. A alíquota atual era de 0,3% e iria passar a 3% em 2015. A elevação foi antecipada para incentivar exportadores. A medida deve capitalizar as empresas, mas pouco impacto terá na balança comercial deste ano.
A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) já estima que o fluxo de comércio exterior do país deve encolher 5,5% neste ano, a maior queda desde 2008, quando houve uma contração de 24% causada pela crise internacional. De janeiro a setembro, a corrente de comércio havia caído 2% em comparação com igual período de 2013, para US$ 347,96 bilhões. Acrescentando-se, porém, as duas primeiras semanas de outubro ao período de comparação, a queda sobe para 2,9%.
16 de outubro de 2014
Editorial Valor Econômico
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