A candidata e petistas não gostam de flutuações de ativos financeiros condicionadas por rumores sobre sondagens eleitorais. Mas não adianta reclamar, é o mercado
Em sinais invertidos, a campanha deste ano repete um aspecto das eleições de 2002, quando Lula conquistou o primeiro mandato. Naquelas eleições, os mercados reagiam aos indícios crescentes de que o PT desembarcaria, afinal, no Planalto. A rejeição era tão grande que o dólar tocou nos R$ 4, com grande impacto na inflação. Hoje, a Bolsa cai e o dólar sobe se há rumores sobre pesquisa que indicaria algum avanço de Dilma no projeto da reeleição. Em 2002, a má notícia nas mesas de operação era a chegada do PT. Hoje, a permanência de Dilma Rousseff.
A candidata demonstra não gostar, tampouco o PT. Haverá quem, no bloco político no poder em Brasília desde 2003, que denuncie vis especuladores e perniciosos “rentistas” por esses movimentos bruscos no mercado. Mau humor inútil, pois é assim em qualquer país. Parte importante da liquidez dos mercados é concedida pelo trânsito de operadores que buscam se antecipar aos fatos. Sempre respeitadas as regras estabelecidas para reprimir extravagâncias, como o acesso a informações privilegiadas, entre outras ilegalidades.
O que ocorre hoje na bolsa brasileira reflete a constatação de acionistas de que o governo Dilma tem sido desastroso para Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil.
É curioso que o abalo de empresas públicas importantes seja provocado por um governo de ideologia estatista, num aparente paradoxo. A chave para decifrar a contradição é o uso desastrado pelo governo Dilma do intervencionismo.
É peça do arsenal ideológico do estatismo o manejo de empresas públicas para se atingir objetivos econômicos. E à esquerda e à direita. O mesmo recurso foi acionado pela ditadura militar brasileira, na busca de divisas para equilibrar o balanço de pagamentos, nos choques do petróleo, fator de enorme desequilíbrio das contas externas brasileiras, causa básica da insolvência externa de 1982. Estatais e país ficaram superendividados.
Hoje, Dilma usa a Petrobras para subsidiar combustíveis importados, bancos públicos para inundar o mercado de crédito ao consumo a qualquer custo e a Eletrobras, a fim de cortar em 20% as tarifas de energia. No caso do setor elétrico, o resultado é a desmontagem financeira dele, porque o Planalto insistiu na ideia mesmo em um período de grave seca, em que as termelétricas, de custo mais elevado, têm sido obrigadas a operar o tempo todo. Entende-se, portanto, porque a bolsa sobe, puxada por ações dessas estatais, em meio a rumores de pesquisas favoráveis a Aécio Neves. E desce, em rumores positivos para Dilma. Simples dessa forma.
A Petrobras, cujo valor de mercado caiu pela metade desde que foi forçada a subsidiar o consumo, voltou a ser a empresa mais valiosa da América Latina, terça, depois que suas ações subiram 10% na segunda. Títulos do BB ganharam 11% e os da Eletrobras, 7,4%. Não adianta reclamar, é o mercado.
Em sinais invertidos, a campanha deste ano repete um aspecto das eleições de 2002, quando Lula conquistou o primeiro mandato. Naquelas eleições, os mercados reagiam aos indícios crescentes de que o PT desembarcaria, afinal, no Planalto. A rejeição era tão grande que o dólar tocou nos R$ 4, com grande impacto na inflação. Hoje, a Bolsa cai e o dólar sobe se há rumores sobre pesquisa que indicaria algum avanço de Dilma no projeto da reeleição. Em 2002, a má notícia nas mesas de operação era a chegada do PT. Hoje, a permanência de Dilma Rousseff.
A candidata demonstra não gostar, tampouco o PT. Haverá quem, no bloco político no poder em Brasília desde 2003, que denuncie vis especuladores e perniciosos “rentistas” por esses movimentos bruscos no mercado. Mau humor inútil, pois é assim em qualquer país. Parte importante da liquidez dos mercados é concedida pelo trânsito de operadores que buscam se antecipar aos fatos. Sempre respeitadas as regras estabelecidas para reprimir extravagâncias, como o acesso a informações privilegiadas, entre outras ilegalidades.
O que ocorre hoje na bolsa brasileira reflete a constatação de acionistas de que o governo Dilma tem sido desastroso para Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil.
É curioso que o abalo de empresas públicas importantes seja provocado por um governo de ideologia estatista, num aparente paradoxo. A chave para decifrar a contradição é o uso desastrado pelo governo Dilma do intervencionismo.
É peça do arsenal ideológico do estatismo o manejo de empresas públicas para se atingir objetivos econômicos. E à esquerda e à direita. O mesmo recurso foi acionado pela ditadura militar brasileira, na busca de divisas para equilibrar o balanço de pagamentos, nos choques do petróleo, fator de enorme desequilíbrio das contas externas brasileiras, causa básica da insolvência externa de 1982. Estatais e país ficaram superendividados.
Hoje, Dilma usa a Petrobras para subsidiar combustíveis importados, bancos públicos para inundar o mercado de crédito ao consumo a qualquer custo e a Eletrobras, a fim de cortar em 20% as tarifas de energia. No caso do setor elétrico, o resultado é a desmontagem financeira dele, porque o Planalto insistiu na ideia mesmo em um período de grave seca, em que as termelétricas, de custo mais elevado, têm sido obrigadas a operar o tempo todo. Entende-se, portanto, porque a bolsa sobe, puxada por ações dessas estatais, em meio a rumores de pesquisas favoráveis a Aécio Neves. E desce, em rumores positivos para Dilma. Simples dessa forma.
A Petrobras, cujo valor de mercado caiu pela metade desde que foi forçada a subsidiar o consumo, voltou a ser a empresa mais valiosa da América Latina, terça, depois que suas ações subiram 10% na segunda. Títulos do BB ganharam 11% e os da Eletrobras, 7,4%. Não adianta reclamar, é o mercado.
16 de outubro de 2014
Editorial O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário