O candidato do PSDB à sucessão presidencial estava aguardando um milagre que conseguisse renovar suas forças e levá-lo novamente ao segundo turno. Bem, este milagre acaba de acontecer de uma forma verdadeiramente insólita, abalando simultaneamente as candidaturas de Dilma Rousseff e Marina Silva.
E o fato mais surpreendente da nova denúncia de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento (Refinarias) da Petrobras, foi ter envolvido em suas denúncias o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto recentemente num desastre aéreo.
DILMA, ATINGIDA
Os novos depoimentos de Paulo Roberto Costa atingem diretamente Dilma Rousseff, que sempre se orgulhou de gerir pessoalmente a Petrobras. Primeiro, como ministra de Minas e Energia, depois como presidente da República. Na fase inicial do governo Lula, chegou a causar surpresa a atuação de Dilma numa entrevista convocada pela Petrobras, no edifício-sede aqui no Rio, que é chamado de Edise.
Os jornalistas faziam a maioria das perguntas ao então presidente da Petrobras, o geólogo e ex-senador José Eduardo Dutra, mas quem respondia era Dilma.
Os jornalistas que cobrem a Petrobras não a conheciam, ela era uma ilustre desconhecida querendo roubar as atenções. Demonstrando inacreditável descortesia (para não dizer falta de educação), ela simplesmente atropelava as respostas de Dutra, não deixava ele responder, criou um clima de constrangimento geral.
Bem, depois de ser ministra de Minas e Energia, Dilma simplesmente assumiu a Casa Civil e passou a ser presidente do Conselho de Administração da empresa. Detalhe importante: Paulo Roberto Costa foi mantido no importantíssimo cargo de 2004 até 2012, vejam quanto tempo a raposa ficou tomando conta do galinheiro, enquanto Dilma era ministra e depois presidente do Conselho de Administração e presidente da República.
MARINA, ATINGIDA
Marino Silva também está sendo duramente atingida pelas denúncias. Seu nome não consta da relação “entregue” à Polícia Federal por Paulo Roberto Costa, mas o envolvimento de seu parceiro Eduardo Campos logicamente irá afetar a campanha, sobretudo porque o partido já saiu de banda, dizendo que não tem nada com isso e a defesa de Campos passou a ser feita pela própria Marina Silva.
Ela disse que a acusação do ex-diretor da Petrobras não passa de uma “ilação”, baseada no fato de que estava sendo construída uma refinaria em Pernambuco. Bem, isso explica, mas não justifica nada.
Ainda falta saber muita coisa. Está tudo no ar. Mas é difícil acreditar que a Polícia Federal tenha vazado as informações sem conferi-las na prática. Ou Paulo Roberto Costa apresentou logo provas de suas denúncias?
Marina até que está certa. Enquanto a poeira não baixar, tudo não passará de ilações. Mas o estrago já está feito, a imagem santificada de Eduardo Campos foi significativamente afetada, não há como remediar de uma hora para outra.
Assistindo de camarote ao novo escândalo, Aécio Neves cunhou uma expressão adequada, ao dizer que o escândalo é o “mensalão 2″. Se sua candidatura não decolar a partir desse novo escândalo, é melhor seguir o conselho de Carlos Drummond de Andrade e voltar Minas.
08 de setembro de 2014
Carlos Newton
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