Mais infeliz não poderia ter sido a presidente Dilma ao afirmar, na semana que passou, “eleição nova, governo novo, equipe nova”. A intenção parecia de tranqüilizar o empresariado a respeito da substituição de Guido Mantega no ministério da Fazenda, mas o míssil sobrevoou a Esplanada dos Ministérios, deu algumas voltas e acabou caindo no palácio do Planalto. Por que não completar com “presidente nova”? É a conclusão lógica do comentário.
Na realidade, o período Dilma acabou. Menos por sua postura arrogante, agressiva e intolerante, mais porque permaneceu aferrada ao assistencialismo, favorecendo segmentos desfavorecidos da sociedade como se distribuísse esmolas, sem perceber que a maioria exigia participação. Distribuir benesses não altera a relação de subserviência entre as massas e o poder.
O resultado aí está: o povão quer direitos, não favores. Conquistas, não favores. Acrescente-se o vazio em que foi deixada a classe média, entregue à própria sorte. As elites, sempre de presas e garras afiadas, não se acomodaram à prática de pedir e receber, imaginando-se em condições de impor. O governo Dilma perdeu os três pilares em que imaginava assentar-se, flutuando sobre eles sem sustentação.
Eleições novas, nessas condições, só podiam redundar em governo novo e equipes novas, mas como admiti-los com uma presidente velha? Daí a ocupação do espaço por Marina Silva, que a ninguém será dado imaginar dispor de meios para inverter a equação.
Apenas, ela apareceu como diferente, conquistando por isso o benefício da dúvida.
Ocupou o espaço sem a certeza de poder preenche-lo, mas favorecida pela evidência de que nada mudaria com a permanência da Dilma. Muito menos com a meia-sola de Aécio Neves.
Daqui até outubro, no começo e no fim do mês, inusitados poderão acontecer. Mesmo assim, quando os ventos começam a soprar, a cautela indica que custarão a se interromper. Quanto a saber se trarão mudanças, a ninguém será dado. Integrar as massas, a classe média e as elites num projeto único parece missão impossível. Coisa que o Lula deu a impressão de realizar mas não conseguiu.
No estertor de seus sonhos, Dilma agora promete para o inviável segundo mandato a convocação de um Conselho de Desenvolvimento ligado diretamente à presidência da República. Fica a pergunta: por que não o reuniu durante o primeiro mandato?
PIOR DO QUE O ATUAL, SÓ O PRÓXIMO
Dizia o saudoso dr.Ulysses que pior do que o atual Congresso, só o próximo. Assistir os programas de propaganda eleitoral gratuita pode ser um sacrifício ou uma pausa para a constatação de que a comédia supera a tragédia.
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