Escrevo este artigo com base em duas reportagens publicadas na edição de sex-feira 5 da Folha de São Paulo. A primeira, de Ricardo Mendonça, reproduzindo, e também analisando pesquisa do Datafolha apontando a posição dos três candidatos à presidência da República em oito estados que pesam entre 56 a 5¨% do eleitorado do país. Se tal levantamento incluísse a Bahia, quarto maior colégio, alcançaria de 61 a 62% dos votos. Mas como não inclui, fiquemos nos oito a que se refere a pesquisa.
Com base nos resultados, verificamos que em nenhum deles Aécio Neves deixa de ocupar a terceira posição, com Dilma Rousseff e Marina Silva alternando-se no primeiro e segundo lugar. Surpreende Minas Gerais: Dilma 35, Marina 27, Aécio com 22 pontos. Em São Paulo, Marina 42, Dilma 23, Aécio 18%, embora o candidato ao Palácio Bandeirantes, Geraldo Alckmin, PSDB, esteja disparado nas intenções de voto. No Rio de Janeiro, Marina lidera com 37, seguida por Dilma com 31. Aécio alcança apenas 11%. A atual presidente ocupa o primeiro lugar no Rio Grande do Sul e Ceará. A ex-senadora lidera em Pernambuco e na cidade de Brasília. No final das contas praticamente o empate: 35 para Dilma Rousseff; 34 pontos para Marina Silva.
Aécio Neves, terceiro colocado muito distante da dupla, adotou como tática concentrar os ataques em Marina Silva na tentativa de substituí-la, no dia 5 que se aproxima, se classificar para as urnas de 26 de outubro, data do desfecho final entre os dois primeiros colocados no turno básico da disputa. Conseguirá? As próximas pesquisas do IBOPE e Datafolha vão dar a resposta.
O mais forte ataque de Aécio a Marina foi feito no horário eleitoral de quinta-feira, base da matéria de Paulo Peixoto e Daniela Lima, FSP do dia seguinte, quando criticou a candidata do PSB por não ter deixado o Ministério do Meio Ambiente, quando explodiu em 2005 o escândalo do mensalão. Lula foi reeleito em 2006 e Marina Silva foi exonerada no início de 2008 em consequência de divergência com a ministra Dilma Rousseff em torno da construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, região amazônica. Marina era contra, Dilma a favor.
O ENIGMA MANTEGA
Os repórteres André Uzeda, Andréa Sadi e Natuza Nery são os autores da reportagem, também publicada na edição de sexta-feira da Folha de São Paulo, focalizando a resposta dada pela presidente Dilma Rousseff, quando, em campanha no Ceará, deixou claro, pelo menos até agora, que pretende substituir Guido Mantega no Ministério da Fazenda, caso reeleita nas urnas de outubro. A repercussão, como era natural, foi enorme: desagrado na atual equipe que se encontra em ação; abertura de novas perspectivas em setores do empresariado, de acordo com o que a matéria acrescentou.
O que pesará mais em consequência da atitude da presidente em matéria de votos? Esta é a questão essencial, como disse o poeta. As próximas pesquisas, também neste caso, vão revelar. Mas o episódio apresenta um risco para Dilma: e se Mantega, em consequência, pedir demissão antecipando-se ao desfecho? Pois seu destino está traçado: se Dilma Rousseff vencer, ela não ficará no cargo. Se a presidente perder, ele, claro, não será mantido por quem vier a ocupar o Palácio do Planalto. Seu rumo portanto está longe da esplanada dos ministérios.
Pedro do Coutto
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