A caminho de completar 14 anos no poder federal, o PT já não pode invocar a “herança maldita” do passado recente para justificar as mazelas do presente. A falta dessa muleta retórica começa a tirar do prumo o discurso de Dilma Rousseff.
Nesta quarta-feira (11), a presidente discursou na abertura do 8º Encontro Nacional da Indústria. A alturas tantas, disse que vai priorizar as concessões de ferrovias à iniciativa privada em 2014.
Dilma disse acreditar que é “essencial para o Brasil investir em parceira com o setor privado num sistema ferroviário de porte nacional.” Para ela, “é inadmissível que um país de dimensões continentais não tenha esse investimento.”
Língua em riste, a presidenta arrematou: “É imperdoável não termos feito, nos dois séculos anteriores —final do século 19 e em todo o século 20. Mas o século 21 exigirá necessariamente, pela dimensão do Brasil, um sistema ferroviário de porte internacional.”
Dilma parece ter perdido o nexo. É como se tivesse se desobrigado de fazer sentido. Renderia homenagens à lógica se informasse à plateia por que não priorizou as parcerias ferroviárias nos seis anos em que foi a “mãe do PAC” do governo Lula. Faria ainda melhor se explicasse como se perdoou por não ter iniciado nos dois primeiros meses de seu governo a recuperação do “imperdoável” atraso dos “dois séculos anteriores”.
12 de dezembro de 2013
Josias de Souza - UOL
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