"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A TEORIA DA CONSPIRAÇÃO E O ESTELIONATO ELEITORAL



O ano eleitoral brasileiro tem componentes muito conhecidos. Na caça ao eleitor desavisado vale praticamente tudo. Compra de votos, alianças espúrias, falsas promessas, uso indevido da máquina do Estado, financiamentos de campanha fraudulentos, urnas de duvidosa confiabilidade, são apenas alguns dos numerosos meios - ilegais e antiéticos - utilizados pela maioria dos candidatos a cargos eletivos.
Um dos procedimentos mais eficazes na corrida ao eleitor - e que Sérgio Porto, articulista do passado conhecido como Stanislau Ponte Preta, facilmente incluiria em seu FEBEAPA (Festival de Besteiras que Assolam o País) - é o candidato se apresentar como “politicamente correto”. As características da maioria desses ilusionistas são sobejamente conhecidas.
Uma delas, entretanto, se destacada, principalmente nos barulhentos setores da esquerda brasileira: o candidato se apresentar como vítima dos governos militares ou, pelo menos, seu defensor. Nesse cenário o que menos importa é a verdade. Ao reverso, é a apologia da falsidade e da mentira. Aliás, tudo muito coerente com a máxima de que os fins justificam os meios. E claro, com a “democracia” retrógrada e autoritária que mal disfarçadamente defendem.
As eleições de 2014 estão nas ruas. A novidade deste ano é o que poderíamos chamar de “cabos eleitorais do além-túmulo”. É impressionante o factoide que se está criando com temas requentados como as mortes dos ex-presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek.
Decorridos quase quarenta anos, a teoria da conspiração volta à cena. Como de hábito, de forma sensacionalista e, até mesmo, patética. Pela enésima vez, a esquerda está levantando suspeições sobre aquelas mortes. E haja mídia para tantas notícias e cerimônias! Os papagaios de pirata, de ontem e de hoje, lá estão disputando um lugar junto aos esquifes dos que partiram a quatro décadas, maculando, acintosamente, os ideais - certos ou equivocados, não importa - daqueles líderes de um passado já distante. Os laudos e análises serão irrelevantes.
Pelo tempo decorrido, imprecisos, inconclusivos e contestáveis. Mas a história é inexorável. Claro, será sempre possível criar novas versões, ainda que ao arrepio da verdade dos fatos. Porém esses permanecem inalterados e inalteráveis. O passado é imutável e, irremediavelmente, passou.
A teoria da conspiração ora revivida, não resiste ao argumento mais elementar. Se os militares desejassem “eliminar” as lideranças vencidas em 1964, certamente os ex-presidentes não seriam prioridade, já que estariam muito idosos para o processo eleitoral da época. JK, por exemplo, teria 88 anos.
Pelo que representaram na contestação aos governos da revolução, certamente os alvos seriam outros: Leonel Brizola, Francisco Julião, Miguel Arraes, etc., todos com mortes insuspeitas (pelo menos ainda...). E o que dizer daqueles que pegaram em armas contra o regime e estão aí, incólumes? Dilma Rousseff, José Dirceu, Marco Aurélio Garcia, Franklin Martins, Fernando Pimentel, José Genoíno, Ricardo Zarattinni, Rui Falcão, Carlos Minc, entre outros.
A sociedade brasileira não se deixará iludir tão facilmente por essas - e outras - falcatruas eleitorais. A juventude de nosso país já tem sinalizado que repudia essa tendência nefasta e irresponsável de olhar para trás em detrimento do futuro. Vamos denunciar o estelionato eleitoral em curso. O Brasil há de despertar desse pesadelo.
 
12 de dezembro de 2013
Sérgio Pinto Monteiro é professor, historiador e Oficial da Reserva Não Remunerada do Exército Brasileiro.

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