A inflação recuará no início de 2014, mas voltará a subir em meados do ano, o que fará com que seu pico ocorra durante a campanha eleitoral, que começa em julho. Esse é o cenário de muitos bancos e consultorias. Caso se concretize, poderá fazer com que a alta de preços seja um dos principais temas dos debates entre os candidatos à Presidência.
Segundo as previsões, tanto a inflação de alimentos como a de serviços perderão força, mas seguirão em patamar elevado. Um aumento mais moderado do salário mínimo contribuirá para uma menor pressão sobre os preços como os de mão de obra e de serviços domésticos. Já as tarifas administradas (estabelecidas por contrato ou pelo governo) subirão com muito mais força no próximo ano. Em 2013, o governo reduziu o valor da energia elétrica e segurou até recentemente o reajuste do preço defasado da gasolina.
"Não vai ter corte no preço de energia elétrica em 2014, o preço da gasolina deverá voltar a subir. Então, a pressão dos administrados sobre a inflação será maior", afirma Elson Teles, economista do Itaú Unibanco. As tarifas de transporte público, no entanto, não deverão subir: "É difícil imaginar alta em ano de eleição".
PROTESTOS
As manifestações de junho passado foram deflagradas pelo aumento dos preços de transporte e acabaram provocando o cancelamento da alta em muitas cidades. O papel da inflação nos protestos deixou claro seu possível impacto eleitoral, levando o governo a assumir um discurso de menor tolerância à alta de preços. Além disso, o Banco Central continuou subindo a taxa de juros.
Mas analistas acreditam que, apesar do aperto monetário dos últimos meses, os preços continuarão pressionados em 2014, o que poderá dificultar a reeleição da presidente Dilma, cuja popularidade tem se recuperado. "A experiência do segundo trimestre de 2013 sugere que a popularidade presidencial é suscetível ao aumento da inflação", diz trecho de relatório do Credit Suisse. O cenário principal do banco prevê que a inflação atingirá um pico de 6,3% em setembro. Mas a instituição ressalta o risco de que uma depreciação cambial mais forte que a esperada leve o IPCA a 6,9% (acima do teto da meta, de 6,5%) em agosto, quando começará a campanha eleitoral no rádio e na televisão.
Uma recuperação mais rápida do que o previsto nos EUA é um dos fatores que podem provocar uma desvalorização acentuada do real. Isso porque seria acompanhada de migração de investimentos de países emergentes para o mercado americano. Para Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria, como o ponto central do discurso de Dilma deverá ser o da continuidade em relação ao governo Lula, a sensação de bem-estar da população será importante para seu resultado nas urnas. Além disso, afirma ele, pesará muito a forma como a inflação será abordada no discurso da oposição.
(Folha de São Paulo)
08 de dezembro de 2013
in coroneLeaks
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