"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O NASCER DA CRISE

 
Olívio Dutra:  "Olívio Dutra, fundador do PT, ministro de Lula, ex-governador do Rio Grande do Sul, disse que Genoíno, Dirceu e Delúbio se conduziram mal, que o processo não podia ter final diferente e que não os considera presos políticos" (Foto: reprodução)
UMA EXCEÇÃO — Olívio Dutra, “fundador do PT, ministro de Lula, ex-governador do Rio Grande do Sul, disse que Genoino, Dirceu e Delúbio se conduziram mal, que o processo não podia ter final diferente e que não os considera presos políticos” (Foto: reprodução)


O NASCER DA CRISE

Diz a lógica que quem não tem direitos políticos não pode ocupar mandato eletivo. Disse o Supremo que a perda de mandato de condenados é automática, porque a pena inclui a perda de direitos políticos.
 
Em caso de parlamentares, cabe à Casa a que pertencem apenas declarar a perda do mandato.
 
Dizem os parlamentares, naqueles acessos incontáveis de coleguismo, que cabe a eles e só a eles decidir sobre perda de mandatos – ou seja, há a possibilidade de criação da Bancada da Papuda, só com presos que ocupam cadeiras no Congresso.
 
Além da autodefesa – sabe-se lá o que o futuro pode reservar a Suas Excelências, se pegar a moda de investigá-los – há outro objetivo na defesa dessa estranha tese: o deputado José Genoíno, do PT paulista, pediu aposentadoria por invalidez.
 
O pedido será examinado no início do ano que vem. A jogada é adiar a votação da cassação até que Genoíno se aposente, com salários e vantagens integrais.
 
Que o caro leitor imagine a reação da opinião pública à aposentadoria do presidiário.
 
Barulho sem gente
 
Quem acompanha as redes sociais, em que petistas radicalizados sustentam que os procuradores da República e os ministros do Supremo nomeados por presidentes petistas perseguem petistas, e juram que quem quer que não concorde com eles é da zelite, du zianque e da extrema direita, pensa que o PT inteiro está pintado para a guerra.
 
Não é bem assim: Olívio Dutra, fundador do PT, ministro de Lula, ex-governador do Rio Grande do Sul, disse que Genoíno, Dirceu e Delúbio se conduziram mal, que o processo não podia ter final diferente e que não os considera presos políticos.
 
Do PT do Paraná, só Zeca Dirceu, filho de Dirceu, assinou o protesto contra a prisão. Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo, ministros de Dilma, calaram-se – silêncio compartilhado pelo presidente do PT paranaense.

Mensalão: o mesmo, diferente

Walfrido Mares Guia (Foto: PTB)
Walfrido Mares Guia (Foto: PTB)

Ao ler o noticiário sobre o valerioduto tucano, que segundo o relator, ministro Luís Roberto Barroso, deve ser julgado no início do ano que vem, não se surpreenda se achar que está encontrando informações repetidas.
 
O caso mineiro envolve Eduardo Azeredo, ex-governador de Minas, ex-presidente nacional do PSDB – a grande novidade.
 
Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz já estão até condenados pelo outro Mensalão.
 
Walfrido Mares Guia, que era Azeredo na época e hoje é dilmista e lulista, praticamente escapou do caso por ter completado completar 70 em 2012
 
[Isso permite ao ex-ministro requerer a prescrição dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro, pelos quais foi denunciado pelo Ministério Público Federal. O prazo de prescrição para esses crimes é de 16 anos, mas cai pela metade quando o réu atinge 70 anos. Para se calcular o tempo de prescição, deve-se considerar o período de tempo transcorrido entre a ocorrência do fato denunciado e a aceitação da denúncia pela Justiça. No caso de Minas, a denúncia foi oferecida em 1998 e só aceita pela Justiça mineira em 2010, 12 anos depois. Tendo mais de 70 anos, para Mares Guia a prescrição ocorreu em 2006.]

25 de novembro de 2013
Carlos Brickmann

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