Uma história entre Israel e um líder palestino que, com mais tolerância, seria um conto de fadas
Esta história poderia ser um conto de fadas, se o ser humano tivesse um bocado mais de tolerância para com "o outro", seja qual for o outro.
É a história de Aamal Haniyeh, menina palestina de 1 ano de idade, que sofre de grave inflamação gastrointestinal que afeta seu sistema nervoso.
Por isso, a menininha foi levada ao Hospital Infantil Schneider, na cidade israelense de Petah Tikva, quase um subúrbio de Tel Aviv.
Aamal seria apenas uma das cerca de 200 crianças palestinas que são atendidas a cada ano só no Schneider, para não falar dos 593 palestinos que, de janeiro a setembro, foram encaminhados a hospitais de Israel --incluídos os de Jerusalém Oriental, área que deveria pertencer aos palestinos, segundo as normas da ONU, mas que Israel ocupa.
Acontece que o sobrenome Haniyeh denuncia o parentesco com Ismail Haniyeh, que vem a ser o primeiro-ministro do Hamas (Movimento de Resistência Palestina), grupo radical cuja bandeira é "lutar contra os judeus e matá-los".
Haniyeh, ainda recentemente, convocou os palestinos da Margem Ocidental [do rio Jordão] a uma rebelião contra a ocupação israelense.
No domingo, no entanto, o avô Ismail sobrepôs-se ao guerreiro (boa parte dos israelenses prefere chamá-lo de terrorista). Mandou ligar para o escritório do coordenador israelense de Atividades Governamentais nos Territórios (ocupados), para solicitar que fosse atendida uma criancinha palestina.
Era, claro, a neta Aamal, imediatamente transferida para o Schneider, acompanhada pela avó materna.
Pena que esta história não tenha final feliz: a neta do líder palestino foi devolvida no dia seguinte à faixa de Gaza, porque seu mal era incurável.
De todo modo, escreve Sarah Tuttle-Singer, diretora de mídia social do "The Times of Israel":
"Naquele dia, Ismail Haniyeh agiu como um avô, da mesma maneira que os avós de minhas crianças teriam agido se seus netos estivessem com problemas: o líder do Hamas pediu ajuda. E, sem hesitação, Israel concordou, e a criança foi transferida através de linhas inimigas para Israel, onde uma equipe de médicos estava esperando."
Fecha com: "As linhas entre Nós e Eles foram embaçadas através do véu das lágrimas de uma mãe".
Eis onde poderia entrar o conto de fadas: se as linhas entre judeus e palestinos pudessem ser definitivamente borradas a partir da gratidão de um avô que suplantasse o ódio de um guerreiro.
Impossível? Também acho, mas não vejo alternativa melhor. E os 65 anos de conflitos desde o nascimento do Estado de Israel são uma comprovação talvez definitiva de que, de fato, não há.
É claro que não dá para ignorar os crimes que cada lado comete contra o outro.
Mas se é possível deixá-los de lado por um momento, para salvar a vida de uma criança, talvez as duas partes pudessem tomar o caso como marco para uma sincera tentativa de salvar tantas outras vidas que o conflito ceifa ou prejudica enormemente, muito mais do lado palestino, é sempre bom ter claro.
Esta história poderia ser um conto de fadas, se o ser humano tivesse um bocado mais de tolerância para com "o outro", seja qual for o outro.
É a história de Aamal Haniyeh, menina palestina de 1 ano de idade, que sofre de grave inflamação gastrointestinal que afeta seu sistema nervoso.
Por isso, a menininha foi levada ao Hospital Infantil Schneider, na cidade israelense de Petah Tikva, quase um subúrbio de Tel Aviv.
Aamal seria apenas uma das cerca de 200 crianças palestinas que são atendidas a cada ano só no Schneider, para não falar dos 593 palestinos que, de janeiro a setembro, foram encaminhados a hospitais de Israel --incluídos os de Jerusalém Oriental, área que deveria pertencer aos palestinos, segundo as normas da ONU, mas que Israel ocupa.
Acontece que o sobrenome Haniyeh denuncia o parentesco com Ismail Haniyeh, que vem a ser o primeiro-ministro do Hamas (Movimento de Resistência Palestina), grupo radical cuja bandeira é "lutar contra os judeus e matá-los".
Haniyeh, ainda recentemente, convocou os palestinos da Margem Ocidental [do rio Jordão] a uma rebelião contra a ocupação israelense.
No domingo, no entanto, o avô Ismail sobrepôs-se ao guerreiro (boa parte dos israelenses prefere chamá-lo de terrorista). Mandou ligar para o escritório do coordenador israelense de Atividades Governamentais nos Territórios (ocupados), para solicitar que fosse atendida uma criancinha palestina.
Era, claro, a neta Aamal, imediatamente transferida para o Schneider, acompanhada pela avó materna.
Pena que esta história não tenha final feliz: a neta do líder palestino foi devolvida no dia seguinte à faixa de Gaza, porque seu mal era incurável.
De todo modo, escreve Sarah Tuttle-Singer, diretora de mídia social do "The Times of Israel":
"Naquele dia, Ismail Haniyeh agiu como um avô, da mesma maneira que os avós de minhas crianças teriam agido se seus netos estivessem com problemas: o líder do Hamas pediu ajuda. E, sem hesitação, Israel concordou, e a criança foi transferida através de linhas inimigas para Israel, onde uma equipe de médicos estava esperando."
Fecha com: "As linhas entre Nós e Eles foram embaçadas através do véu das lágrimas de uma mãe".
Eis onde poderia entrar o conto de fadas: se as linhas entre judeus e palestinos pudessem ser definitivamente borradas a partir da gratidão de um avô que suplantasse o ódio de um guerreiro.
Impossível? Também acho, mas não vejo alternativa melhor. E os 65 anos de conflitos desde o nascimento do Estado de Israel são uma comprovação talvez definitiva de que, de fato, não há.
É claro que não dá para ignorar os crimes que cada lado comete contra o outro.
Mas se é possível deixá-los de lado por um momento, para salvar a vida de uma criança, talvez as duas partes pudessem tomar o caso como marco para uma sincera tentativa de salvar tantas outras vidas que o conflito ceifa ou prejudica enormemente, muito mais do lado palestino, é sempre bom ter claro.
25 de novembro de 2013
Clóvis Rossi
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