Para ex-presidente do BC, possível redução pode afetar crescimento e gerar mais inflação no país
Sócio-diretor da Rio Bravo Investimentos, Gustavo Franco avalia que a chamada “nova matriz macroeconômica” brasileira fracassou e que país precisa retornar à responsabilidade fiscal para evitar um corte da nota de crédito de risco.
Por que a nota de crédito de risco soberano brasileiro entrou em processo de deterioração?
São muitos os motivos. A revista de economia mais importante do mundo, a “Economist”, fez uma capa devastadora com 14 páginas de justificativas. A “nova matriz macroeconômica” é um fracasso.
O senhor crê que o Brasil vai ter sua nota realmente cortada pelas agências de risco?
O processo já começou, com a revisão para baixo das perspectivas de rating. As agências demoram a se mover, mas quando começam a coisa flui com rapidez. Se não retornarmos à responsabilidade fiscal, e sobretudo se não abandonarmos a contabilidade criativa do governo, o rebaixamento virá.
E quais serão as consequências para a economia brasileira?
É um retrocesso amplo, que sanciona o que o mercado já enxerga: mais risco soberano, mais inflação, mais controle de preços, mais intervencionismo messiânico, mais tensão com o mundo empresarial e menos crescimento. É fundamentalmente tempo perdido.
04 de outubro de 2013
Bruno Villas Bôas - O Globo
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