Esconder o subtenente Fabricio José Carlos Queiroz é um erro terrível da família Bolsonaro. Ao invés de contribuir para que o assunto seja esquecido, essa estratégia furada provoca efeito exatamente contrário. É como se estivesse sendo feito um desafio aos jornalistas, para que sigam vasculhando o dia a dia de seus gabinetes políticos. E o resultado está sendo desastroso. Com a descoberta, pela redação do jornal O Globo, de que os depósitos na conta do assessor Queiroz coincidem com o dia de pagamento dos funcionários da Assembleia do Rio, não é preciso investigar mais nada.
Trata-se realmente de cobrança de “pedágio” aos servidores do gabinete de Flávio Bolsonaro, para fins de enriquecimento ilícito do deputado estadual do PSC, conforme a “Tribuna da Internet” já havia antecipado no último dia 9, com absoluta exclusividade, na matéria “Adivinhe o que a família Bolsonaro tem em comum com a família Vieira Lima”.
PRÁTICA COMUM – Pode-se até alegar que o “pedágio” é comum, praticado nos três níveis do Legislativo – Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e Congresso Nacional. Isso é verdade, muitos parlamentares já foram denunciados e cassados, mas a prática continua, sob justificativa de que os políticos precisam fazer “caixa” para a campanha da reeleição.
Na prática, existem dois tipos principais de assessores que pagam pedágio. O caso mais comum é da “meia entrada”. O parlamentar fica com a metade do salário e o assessor trabalha normalmente no gabinete. Outro tipo é o que fica apenas com um salário mínimo e o parlamentar embolsa o resto. A vantagem do assessor é que, neste caso, não precisa trabalhar.
O caso da família Vieira Lima era exceção, porque Geddel e Lúcio cobravam 80% do salários e os assessores trabalhavam para eles em serviços pessoais e domésticos, tipo semiescravidão.
SAÍDAS “HONROSAS” – Quando o caso estava no início, sugerimos aqui na TI uma saída mais ou menos honrosa. Flávio Bolsonaro poderia dizer que o subtenente Queiroz era agiota e explorava os assessores, sem conhecimento de ninguém. Podia ser que “colasse”, digamos assim. Ao que parece, a família Bolsonaro não gostou da ideia.
Nesta quarta-feira, segundo o Jornal Nacional, Jair Bolsonaro disse que ele e o filho Flávio não são investigados, mas se estiverem envolvidos em alguma irregularidade, terão de arcar com as consequências.
Resumindo, agora a única saída mais ou menos honrosa é o deputado Flávio Bolsonaro assumir a culpa, renunciar ao mandato de senador que acaba de conquistar, e abandonar a vida pública para entrar na privada, como dizia o Barão de Itararé.
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P.S. – Para tomar uma atitude dessas, é preciso ser um homem de verdade, capaz de oferecer sua cabeça para que o pai possa governar com mais tranquilidade. Seria um ato nobre, num final menos trágico e sujo. Mas tudo leva a crer que o filho vai se sujar e emporcalhar a família inteira. (C.N.)
17 de dezembro de 2018
Carlos Newton
P.S. – Para tomar uma atitude dessas, é preciso ser um homem de verdade, capaz de oferecer sua cabeça para que o pai possa governar com mais tranquilidade. Seria um ato nobre, num final menos trágico e sujo. Mas tudo leva a crer que o filho vai se sujar e emporcalhar a família inteira. (C.N.)
Carlos Newton
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