"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

PROPOSTA PARA BARATEAR CAMPANHA FAVORECE LULA E DÓRIA, DIZ FERNANDO MEIRELLES

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O tempo precisa ser igual para todos, diz Meirelles
A proposta do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, para baratear o horário eleitoral na TV e no rádio favorece políticos como o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), avalia o cineasta Fernando Meirelles. Indicado ao Oscar por “Cidade de Deus” e ao Globo de Ouro por “O jardineiro fiel”, Meirelles colaborou com a campanha de Marina Silva (Rede) à Presidência da República em 2014.
Conforme informou o Estado na edição de sexta-feira, 1, Gilmar Mendes entregou ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma proposta que altera radicalmente a forma como são produzidos atualmente os programas no horário eleitoral na TV e no rádio. O objetivo é reduzir o custo das campanhas e retirar qualquer toque de “superprodução” das peças que vão para o ar.
GRAVAÇÃO SIMPLES – A proposta, redigida por uma equipe técnica do TSE, prevê que a gravação da propaganda eleitoral seja feita em estúdio, com proibição expressa de uso de cenários, gravações externas, computação gráfica e “quaisquer efeitos especiais”. A proibição vale para qualquer tipo de propaganda eleitoral, inclusive inserções.
“Esta é uma regra que favorece candidatos como Lula ou Doria, bons atores. Ela desfavorece outros como Alckmin (Geraldo Alckmin, governador de São Paulo) ou Marina Silva que não tem a mesma facilidade diante das câmeras. O que encarece campanhas não são infográficos ou montagens, mas o que se gasta para comprar votos, tanto no varejo, como no atacado em sindicatos, igrejas ou movimentos sociais”, disse Meirelles à reportagem, em resposta enviada por e-mail.
DEFINIÇÃO DO TEMPO – Para o cineasta, o que torna o jogo “realmente desleal” é o critério de definição de tempo para cada candidato na TV, baseado no tamanho das bancadas na Câmara dos Deputados.
“A deslealdade se repete nos critérios para a distribuição de verba pública proposta. Os deputados estão criando regras para que não sejam varridos de cena, mas sinto que em 2018 haverá uma grande renovação no Congresso”, afirmou o diretor.
Outros profissionais que trabalham com marketing político também criticam as sugestões do TSE. Para o publicitário Lula Guimarães, responsável pela campanha vitoriosa de Doria à Prefeitura de São Paulo em 2016, a proposta é “inócua”. “Elas (as ideias) são limitantes para quem não conhece bem ferramentas de comunicação. O que faz diferença mesmo é o conteúdo na fala do candidato”, avaliou.
MARQUETEIRO DE TEMER – O publicitário Elsinho Mouco, que atua como marqueteiro do presidente Michel Temer, reprovou a medida. “É melhor cancelar os programas eleitorais, só permitindo as inserções de 30 segundos, do que querer censurar o trabalho do publicitário brasileiro. É melhor moralizar o marketing das campanhas eleitorais do que limitar”, afirmou.
Já o  jornalista Edinho Barbosa considera a medida uma “censura”. “Isso é um atentado à comunicação. Não se pode empurrar para a comunicação uma responsabilidade que não é dela. A responsabilidade pelo caos político é dos políticos, e não da comunicação”, disse Barbosa, que já trabalhou para o PT e para o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) – morto em 2014.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O cineasta Fernando Meirelles analisa com precisão o problema. Realmente, a campanha simples favorece quem tem mais carisma. Mas isto é positivo, porque o carisma é um dos predicado exigidos aos políticos. O certo é que a campanha precisa ser simplificada, com programas baratos e sem efeitos especiais. Chega de dar dinheiro público aos partidos. Já temos 36 registrados e daqui a pouco serão mais de 100 legendas em funcionamento, às custas do povo. Será a Piada do Ano, mas sem a menor graça.(C.N.)

04 de setembro de 2017
Rafael Moraes Moura
Estadão

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