Matéria divulgada no sábado e publicada domingo – reportagem de Marina Dias, Gustavo Uribe e Letícia Casado, na Folha de São Paulo – o empresário Joesley Batista rebateu a versão do Planalto e afirmou que Michel Temer é o ladrão-geral da República. Acrescentou que ele não consegue se defender dos crimes que comete. O presidente da República está na obrigação moral de processar o controlador da JBS. Afinal de contas, chamar o presidente da República de ladrão geral é algo inusitado ao extremo e que não pode ficar sem resposta, sob pena de o silêncio significar um enfraquecimento político surpreendente.
A declaração de Joesley Batista foi em resposta a manifestação do governo que desclassificou a delação de Batista feita ao Procurador-Geral Rodrigo Janot. O Planalto falou na sexta-feira, os jornais publicaram no sábado e, na sequência, Joesley respondeu. A reportagem da Folha sustenta que o governo tentou antecipar a defesa diante do depoimento de Lúcio Funaro e nessa antecipação incluiu Joesley Batista.
NOVAS GRAVAÇÕES – Joesley decidiu entregar à Procuradoria Geral da República novas gravações que manteve com políticos, inclusive conversas com a participação de Funaro, operador da Lava-Jato para o PMDB, além de representar uma ponte entre Eduardo Cunha e o sistema de propinas na Petrobrás.
Além disso, Lúcio Funaro revelou ter recebido 400.000 reais para se manter em silêncio e assim não envolver Michel Temer.
Temer recebeu a notícia em Pequim, no primeiro momento decidiu antecipar seu retorno ao Brasil, mas foi convencido por integrantes da comitiva a não proceder assim. A reação, portanto, fica adiada provavelmente para quarta ou quinta-feira, 7 de setembro, feriado nacional o que logicamente adiará o processo contra Joesley Batista para sexta-feira. Será surpresa se o presidente da República não proceder assim.
Afinal de contas, sob a ótica de Michel Temer, a acusação de ser um ladrão representa grave calúnia, caso não seja confirmada pelos fatos. Entretanto, vale admitir que a abertura de um processo judicial apresentará desdobramentos de vários tipos e formas. Contudo, o chefe do Executivo encontra-se na obrigação moral de reagir, uma vez que ser chamado publicamente de ladrão não pode se transformar num fato comum da política. Pelo contrário.
SINGULARIDADES – É algo tão inédito na história do Brasil, da mesma forma que o processo por corrupção passiva que a Câmara dos Deputados não permitiu que fosse julgado pelo Supremo Tribunal Federal marcou também um episódio absolutamente singular.
A reportagem de Marina Dias, Gustavo Uribe e Letícia Casado inclui outra acusação: uma delas retrata a versão do mesmo Joesley contra Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobrás. A JBS afirma ter destinado 5 milhões de reais a Bendine sob o pretexto de empréstimo. Tal fato foi noticiado também pela TV Globo no JN de sexta-feira. Joesley diz que o pedido foi feito em sua casa. Bendine teria dito que o dinheiro destinava-se a pagar despesas de uma transação imobiliária.
Empréstimos como os pedidos à mesma pessoa por Aécio Neves e Aldemir Bendine não incluem nas solicitações nem juros, nem correção monetária, muito menos prazos de resgate. As posições de Aécio e Bendine estão para ser resgatadas junto à opinião pública.
04 de setembro de 2017
Pedro do Coutto
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