São três matérias ganharam destaque na imprensa neste final de semana, comprovando que na política, como na economia, a movimentação não se interrompe. Não só na política e na economia, na própria vida humana. São três assuntos, um título para cada um, conceitos e observações sob vários ângulos. Isso sem nos afastarmos da lógica insubstituível para qualquer análise. Vamos aos episódios.
Numa entrevista a Bernardo Mello Franco, Folha de São Paulo de sábado, a ex-presidente Dilma Rousseff, focalizando a sucessão presidencial de 2018, afirmou que prefere a vitória nas urnas de Geraldo Alckmin a João Dória ou a Jair Bolsonaro. Surpresa? Nada disso. Dilma Rousseff voltou seu pensamento para a certeza de Luiz Inácio Lula da Silva vir a ser impedido de concorrer, por decisão do Judiciário. Deixou antever, pelo tom com que dirigiu sua resposta à pergunta de Bernardo Mello Franco, que já não acredita que Lula possa ultrapassar a decisão judicial que o afastaria da sucessão.
Dilma disse que o PT ainda não discutiu quem poderá substituir a candidatura do ex-presidente em 2018. “Trata-se”, frisou, “de uma obra aberta. Do nosso ponto de vista, essa discussão não pode ser antecipada”. E acrescentou: “Não seremos nós os algozes da democracia. Algozes da democracia são aqueles que se unem ao presidente Michel Temer que pensam até na implantação de um Parlamentarismo para permanecer no poder. Os que livraram Michel Temer do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal são os mesmos que me condenaram. E indagou: Serão necessárias mais gravações com malas de dinheiro? Isso porque o golpe contra mim não foi uma peça de um ato só. Foi para evitar que as investigações chegassem até eles, os integrantes do atual governo.
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COMO O CONSUMO CRESCEU, SE OS INVESTIMENTOS BAIXARAM?
COMO O CONSUMO CRESCEU, SE OS INVESTIMENTOS BAIXARAM?
Reportagem de Marcelo Correa, Marina Brandão, Cassia Almeida e Gabriel Martins, em O Globo, destaca o crescimento de 0,2% do Produto Interno Bruto anunciado pelo governo na sexta-feira, acentuando que o consumo das famílias brasileiras foi responsável pelo avanço, o qual, embora pequeno, pode significar uma melhora no cenário econômico. Entretanto, uma pergunta deve ser respondida pelo Planalto ou pelo IBGE: como o consumo evoluiu se os investimentos no mês de julho ficaram no pior nível desde 1996, de acordo com matéria de Vinicius Neder e Daniela Amorim, em O Estado de São Paulo.
As duas informações são incompatíveis, porque, se os investimentos caíram, como explicar o crescimento do consumo? O IBGE deve decifrar o enigma.
Os salários não aumentaram, o desemprego caiu para 13%, mas a queda não inclui os contratos de trabalho com carteira assinada. Não é fácil acreditar que os empregos informais possam ter avamçado numa escala de 0,5%, o que se choca com a lógica dos fatos. Por exemplo: qual foi o método utilizado pelo IBGE para aferir o crescimento do trabalho informal?
Quanto ao trabalho formal, o cálculo pode ser feito à base das contribuições para o INSS e para o FGTS. Esta fórmula não pode ser aplicada ao universo da informalidade de modo geral, mesmo levando-se em conta que trabalhadores avulsos se tornam contribuintes do INSS para garantir sua futura aposentadoria. Mas como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística conseguiu assinalar a expansão da informalidade? Esperemos uma explicação.
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CBF CONTRATA AGÊNCIA PARA NEGOCIAR PUBLICIDADE NA TV
CBF CONTRATA AGÊNCIA PARA NEGOCIAR PUBLICIDADE NA TV
Ítalo Nogueira e Sérgio Rangel, na Folha de São Paulo do dia 2, revelam que a CBF está disposta a dobrar o valor dos direitos de transmissão dos jogos do selecionado brasileiro, abrindo uma disputa entre a Rede Globo e outras redes que possam estar interessadas no contrato. Pretende vender os direitos por 466 milhões de reais, abrangendo a Copa de 2018 até a de 2022, incluindo os jogos amistosos que a equipe realizar.
São, ao todo, 37 partidas previstas incluindo TV aberta, TV a cabo e Internet. O preço de 466 milhões representa o dobro do contrato anterior adquirido pela Rede Globo.
As regras básicas permitem ofertas conjuntas de diferentes emissoras, porém a exclusividade conduz ao valor atualmente fixado pela CBF.
Um dado curioso do projeto da Confederação Brasileira de Futebol, a meu ver, reside no fato de a entidade ter contratado a agência Synergy Football, que tem sede na Suíça, para formatar o contrato a ser firmado, ou com a Rede Globo ou incluindo outra emissora.
Acho difícil outra emissora entrar na área do futebol na televisão. Temos o exemplo do que aconteceu em junho quando a Globo recusou-se a comprar horários para transmissão de amistosos da Seleção Brasileira na Austrália. Um possível contrato foi firmado entre a CBF, de um lado , e de outro a TV Brasil e a TV Cultura. Resultado: audiência mínima marcou o episódio.
Mas esta é outra questão. O que se estranha é a contratação de agência intermediária quando o problema pode ser resolvido fácil e diretamente pela própria CBF com a Globo, ou então com a Globo e outra emissora. O contrato pode dispensar a intermediação.
04 de setembro de 2017
Pedro do Coutto
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