"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

NUM PAÍS COMO O BRASIL, PRETENDER O "ESTADO MÍNIMO" É UMA FALÁCIA

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Charge do Bier (Arquivo Google)
A defesa do “Estado Mínimo” tem se tornado recorrente nas análises dos sociólogos, que hoje preferem ser considerados “cientistas sociais”. Alegam que o Estado deve intervir o mínimo possível na vida das empresas e dos cidadãos, como se isso já não tivesse sendo executado desde a ascensão dos governos neoliberais, a partir do desastrado governo Collor e sacramentado nos oito anos de FHC, de 1994 a 2002, sem que nada mudasse desde então.
Viajando Henrique Cardoso, em suas andanças pelo mundo, a pretexto de reduzir a dívida pública, apresentou a proposta de venda das empresas estatais e dos ativos nacionais na área de siderurgia, petróleo, eletricidade, ferrovias e mineração, compondo o maior processo de privatização jamais visto desde o início dessa prática implantada pela então primeira-ministra da Inglaterra, a denominada “dama de ferro” Margaret Thatcher. O Estado brasileiro já diminuiu, mas, os governos posteriores acharam e ainda acham que é preciso vender o que resta.
DESMONTE DA ERA VARGAS – Um aspecto importante a considerar nessa política de privatizações foi o desmonte do setor siderúrgico iniciado por Getúlio Vargas na década de 50, visando a inserir o país na era industrial. Além disso, o governo dos tucanos vendeu/doou uma de nossas maiores empresas, a preço de banana. Trata-se da Vale do Rio Doce, uma da principais mineradoras do mundo, passada nos cobres com financiamento do BNDES (banco público), a juros abaixo do mercado e prazos longuíssimos para pagar.
O BNDES financia os empresários com dinheiro meu, teu, portanto, da sociedade, que paga essas benesses em nome do desenvolvimento e da geração de empregos, que geralmente não se confirmam no aumento da empregabilidade, e a crise atual confirma esta tese.
Agora, vem aí a nova privatização e os cientistas sociais também acreditam que Temer deve ir até o final do governo em 2018, apesar dos pesares, pelo fato de estar empenhado nas reformas trabalhistas, previdenciárias e a tributária. As duas primeiras são destinadas a redução de direitos dos trabalhadores, enquanto a reforma tributária significa aumentar impostos.
SUCESSÃO DE DIREITA – Em suas análises do quadro político, os cientistas sociais dizem que o próximo presidente sairá dos quadros da direita. Ora, não é preciso estudar tanto Max Weber para concluir tão açodadamente sobre o perfil conservador do povo e dos membros do Legislativo. Os governantes brasileiros são oriundos da burguesia, inclusive os propalados “esquerdistas”, Lula e Dilma, que tinham o verniz populista, mas na verdade governaram para as elites, enganando o povo com propostas destinadas a manutenção de privilégios que nos sufocam e impedem o fluxo normal de desenvolvimento socioeconômico.
Lula foi capaz de dizer, em discurso inflamado e enfadonho, que os banqueiros e empresários nunca tiveram tanto lucro, em relação aos governos anteriores, devido à aposta nos falsos “campeões nacionais” cevados com dinheiro público, ofertado pelo BNDES. E o governo Dilma, continuação de Lula, foi o desastre conhecido por todos, pois ela conseguiu ser pior do que seu mentor.
Se os governos Dilma e Lula são considerados de viés esquerdista, realmente será preciso rever este conceito jacobino, oriundo da Revolução Francesa. À direita do Parlamento da revolução francesa, sentavam os girondinos, e à esquerda, os jacobinos. Ao centro, os planaltinos, membros do meio, nem direita e nem esquerda.
POLÍTICA SUICIDA – O sistema de poder central, que domina as nações, usou as figuras de Dilma e Lula para privatizar e reduzir o tamanho do estado, através do financiamento do capitalismo com dinheiro do Tesouro, beneficiando grandes conglomerados empresariais e desonerando-os com isenções fiscais. Essa política suicida gerou déficits nas contas públicas e no caixa da Previdência Social.
Com o desgaste promovido pelo Mensalão e a Lava Jato, as forças vivas da nação apoiaram a defenestração do PT, através do impeachment. Quando essas duas operações de limpeza atingiam o PT e partidos pequenos, como o PP, tudo ia de vento em popa, mas quando começaram a cair nas cabeças coroadas do PMDB e do PSDB, a “Operação Abafa” entrou em ação para enterrar a Lava Jato definitivamente.
Agora, a direita girondina do Brasil procura um representante nato para continuação da saga de exploração do povo. Os representantes do capital virão com tudo para tentar sua derradeira cartada visando ao “Estado Mínimo”. Mas acontece que no mundo não existe país forte que tenha “Estado Mínimo”, porque é preciso haver fiscalização eficiente e regulação da economia. Quando o Estado diminui, fica mais frágil diante das ameaças externas, suas fronteiras se abrem em termos políticos, econômicos e criminais. No caso do Brasil, que detém a maiores riquezas naturais a serem exploradas no mundo, o Estado não pode ser mínimo. Pelo contrário, precisa ser forte para nos proteger.

04 de setembro de 2017
Roberto Nascimento

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