"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 19 de agosto de 2017

O RABO QUE PERSEGUE O CACHORRO, ATRÁS DO FUNDÃO ELEITORAL

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Charge do Paixão (Gazeta do Povo)
A reforma política passou a seguir a lógica do rabo que corre atrás do cachorro. Quem diz é Lúcio Vieira Lima, presidente da comissão que discute o tema na Câmara. O deputado afirma que um sentimento move os colegas: o medo de ficar sem dinheiro na eleição de 2018.
“A reforma só está sendo feita por causa do financiamento”, resume o peemedebista. “Foi por isso que nós começamos a discutir sistema eleitoral, voto em lista, distritão. Agora tudo é para aprovar o fundo, porque sem ele não tem dinheiro”, afirma.
DOAÇÕES DE EMPRESAS -Segundo o deputado, o impasse se instalou em 2015, quando o Supremo vetou as doações de empresas. “Todas as fontes de recurso foram criminalizadas”, reclama o irmão de Geddel Vieira Lima, que cumpre prisão domiciliar na Lava Jato.
“Se eu recebo dinheiro de empresa, dizem que sou ladrão. Se uso dinheiro público, dizem que vou tirar da saúde. A democracia tem um custo, com ou sem fundo”, discursa.
Apesar da ênfase, o deputado reconhece que o argumento não tem convencido muitos eleitores. “A gente ouve na rua: ‘Por que você não faz campanha com o seu dinheiro, filho da mãe?'”. Ele se apressa e responde: “Se for assim, só vai ter rico e coronel no Congresso”.
“O QUE SOBROU” – Defensor do distritão, que não é adotado em nenhuma democracia avançada, o peemedebista define o modelo como “o que sobrou”. “Todo mundo dizia que o sistema estava falido. Se ficar como está, você não reduz o custo da campanha”, sustenta.
Com a regra em vigor, ele diz que os partidos são forçados a lançar dezenas de candidatos sem votos, “que não sabem nem fazer prestação de contas”. “Se com dinheiro privado já está todo mundo sendo preso, imagina com dinheiro público”, prevê.
Com ou sem fundo, o deputado reconhece que o problema do financiamento ilegal deve continuar. “Caixa dois não é questão de sistema político. É questão de consciência”, argumenta. Pelo visto, o rabo vai continuar a perseguir o cachorro.

19 de agosto de 2017
Bernardo Mello Franco
Folha

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