O ministro Herman Benjamin, relator do processo de cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral, decidiu promover uma acareação entre o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, o ex-executivo Cláudio Melo Filho e Hilberto Silva. A acareação ocorrerá na sexta-feira (10/3), às 16h, por vídeo conferência. Melo estará na sede do TSE, Hilberto no Rio de Janeiro e Marcelo em Curitiba.
As contradições mais evidentes ocorreram nos depoimentos de Melo e Marcelo. O ex-diretor de relações institucionais afirmou, nesta segunda-feira (6/3), que foi Marcelo Odebrecht quem informou ao presidente Michel Temer, durante jantar no Palácio do Jaburu em 2014, que a empresa doaria R$ 10 milhões para as campanhas do PMDB.
MARCELO E TEMER – Tanto Marcelo quanto Temer confirmaram que, no jantar de 2014, foi negociada a ajuda financeira da empreiteira para o partido, mas que não foram discutido os valores.
Acontece que os depoimentos dos três executivos da Odebrecht ouvidos segunda-feira pelo ministro relator do processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Herman Benjamin, mostram um claro descompasso entre o que fala o ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht e os escalões posteriores da empreiteira. A maior divergência encontra-se no depoimento concedido pelo ex-diretor de relações institucionais, Cláudio Melo Filho.
REITERANDO – Em seu depoimento ao TSE, Melo não apenas reiterou o jantar realizado no Palácio do Jaburu, com a presença dele, do então vice-presidente Michel Temer, de Eliseu Padilha e de Marcelo Odebrecht, como afirmou que foi o empresário quem anunciou a Temer o valor que seria doado ao PMDB – R$ 10 milhões.
Na semana passada, Marcelo disse que o jantar serviu para formalizar o apoio, mas que os valores foram tratados posteriormente, entre Padilha e Melo Filho. Melo declarou ainda que ficou acertado, com a presença de todos, que R$ 6 milhões seriam destinados à campanha de Paulo Skaff ao governo de São Paulo e os outros R$ 4 milhões seriam usados em campanhas do PMDB.
YUNES E FUNARO – Ficou acertado que um novo encontro aconteceria para definir como o montante seria repassado. Em nenhum momento, contudo, Melo Filho citou, em seu depoimento, os nomes do ex-assessor da Presidência José Yunes ou do doleiro Lúcio Bolonha Funaro.
A campanha do Skaff surgiu também em outro depoimento, prestado pelo ex-diretor do setor de operações estruturadas, Hilberto Mascarenhas Silva. Hilberto declarou ter repassado, para a campanha do candidato ao governador de São Paulo, R$ 10 milhões por intermédio de Caixa 2. Deste total, R$ 6 milhões foram pagos durante a campanha e outros R$ 4 milhões, em um segundo momento, para o publicitário Duda Mendonça.
Hilberto também declarou que, entre 2006 e 2014, o seu setor, responsável por estruturar o pagamento de propinas pela empreiteira, movimentou US$ 3,34 bilhões. Deste total, Hilberto acredita que 15% a 20% — US$ 668 milhões, aproximadamente – foram destinados para caixa 2 de diversas campanhas eleitorais, de todos os partidos. Os demais 80% foram usados para pagamentos de propina de obras da empreiteira no exterior, sobretudo em países africanos, como Angola.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Fica cada vez mais evidente que Marcelo Odebrecht tenta aliviar a situação de Temer, mas o ex-diretor Cláudio Melo Filho manteve a versão original , dizendo que o acerto dos R$ 10 milhões foi feito no jantar do Jaburu. Na acareação, vamos ficar sacando quem falou a verdade e quem mentiu. (C.N.)
08 de março de 2017
postado por m.americo
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