"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 8 de março de 2017

NOTA DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

Recessão, cagaço político e chantagem de Meirelles



Hoje é Dia Internacional das Mulheres. Na véspera, aqui no Brasil, despontaram algumas palavras femininas que não merecem qualquer homenagem: Recessão, Chantagem, Corrupção e Politicagem. Enquanto o noticiário era monopolizado pela constatação oficial da mais brutal retração econômica da História, os políticos ficaram apavorados com uma decisão do Supremo Tribunal Federal que complica a vida dos enrolados com a Lava Jato. A reação do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) foi sintomática:

“Eu estou perplexo. A partir de hoje, tem que perguntar para uma cartomante se o que é legal hoje continuará sendo legal daqui a cinco ou dez anos. Porque está na lei hoje, mas se daqui a cinco ou dez anos disserem que não é mais legal, o que eu faço? Eu estudei direito, mas estou com muitas dúvidas. Prefiro só consultar a cartomante, senão, corro risco de ser punido porque observei a lei”.

O amedrontado sarcasmo de Barbalho foi a reação quase histérica à decisão do STF que transformou em réu o senador Valdir Raupp (PMDB-RO). O parlamentar é acusado de receber propina por meio de doações oficiais registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um outro deputado, que covardemente pediu ao jornal O Globo para não ser identificado, também reagiu alopradamente: “Isto não é bom. Nas denúncias do Rodrigo Janot (procurador-geral da República), ele usou três pesos e dez medidas. O que vale para um, não vale para outros. Isso preocupa muito, não é uma coisa normal. Agora, tudo no Brasil é propina”.

Tão ruim e inaceitável quanto à propina da corrupção é a chantagem em meio à recessão. O presidente do “dream team”, Henrique Mairelles, proclamou um falso impasse: “Ou o País faz a reforma da Previdência ou quebra”... Meirelles vive em qual planeta? O Brasil já está quebrado pela recessão e pela roubalheira sistêmica geradas por uma estrutura estatal rentista, improdutiva, que só suga recursos da sociedade sem a devida contrapartida.

O governo Michel Temer quer aprovar a reforma da previdência na Câmara e no Senado até 15 de julho. Meirelles ainda sinalizou que, se a reforma falhar, pode até criar mais um imposto para compensar... Ele não está de sacanagem... O problema é que a vida dele é muito fácil... Banqueiro se acostumou a lucrar em cima dos juros estratosféricos que roubam as pessoas e empresas, enquanto ajuda a financiar e rolar a gastança sem fim de uma máquina pública corrupta, perdulária e sem transparência. Novamente, a Previdência é apontada como a vilã-mor de uma estrutura estatal capimunista.

A visão que Meirelles apresentou sobre a Previdência é o supra-sumo do rentismo. Meirelles defendeu, com a sensibilidade de um banqueiro, que o Brasil precisa de mais juros, para ter menos dinheiro disponível na sociedade: “A Previdência do Brasil é uma das mais generosas. O problema é quem paga. E a tributação do Brasil é uma das maiores do mundo. Já temos hoje que isso (carga tributária) está caminhando para o limite, inclusive para a economia poder crescer”.

O discurso oficial afrontando a realidade de vida das pessoas comuns só reforça a obviedade ululante de que o Brasil tem passar por Mudanças Estruturais – e não por “reforminhas” de mentira que só escondem os privilégios mantidos por uma máquina pública e por quem lucra ou mama na teta em simbiose com ela (como é o caso dos rentistas e dos políticos profissionais). A discussão sobre o modelo, tamanho e redesenho do setor estatal tem de acontecer antes de outras mudanças.

Infelizmente, a “zelite” no poder estatal não quer debater mudanças estruturais. Os segmentos esclarecidos da sociedade – uma minoria ainda longe de se tornar hegemônica – precisa aumentar a pressão sobre os corruptos, ao mesmo tempo em que tem de intensificar um amplo debate sobre um Plano Estratégico para o Brasil.

Os Estados Unidos da América investiram 13 anos em acalorados debates entre representantes das 13 colônias inglesas, até que chegaram a um modelo de Nação. O Brasil, que teve uma falsa independência e uma república de mentirinha, que nunca implantou, de fato, o Federalismo, precisa se reinventar, ou vai parecer mais quebrado do que está.

Não tem outro jeito: Temos de partir para uma inédita Intervenção Institucional, que redefinirá uma base legal enxuta e possível de ser cumprida rigorosamente, sem a necessidade da caríssima e demorada judicialização. Resumindo: os segmentos menos idiotizados do povo precisam tomar vergonha na cara e agir antes que o Brasil mergulhe na explosão de violência e pobreza que nos levará à desintegração nacional.

Em linguagem metafórica: Se a onça não quiser beber água vai acabar extinta ou fragmentada pela fúria dos bárbaros criminosos que vão dividir o Brasil em pedaços colonizáveis.


08 de março de 2017
in alerta total

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