"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 8 de março de 2017

RENDA PER CAPITA DO BRASILEIRO DIMINUI E SE DISTANCIA DE PAÍSES EMERGENTES



O Brasil tem empobrecido em comparação à média de seus pares.

Segundo estimativa do FMI, a renda per capita do brasileiro (medida em paridade do poder de compra) recuou de US$ 16,2 mil, em 2014, para US$ 15,7 mil, em 2015, o equivalente a 90% do rendimento médio dos 24 países considerados emergentes pela instituição. Esse é o menor patamar registrado desde o início da série histórica do Fundo, em 1980.

A paridade do poder de compra é uma medida usada em comparações internacionais, por refletir melhor o custo de vida dos países.

Mensurado dessa forma, o poder de compra do brasileiro esteve por muitos anos acima da média dos emergentes. Desde meados da década passada —com o forte avanço da renda em nações como China e Índia— a situação do Brasil em relação ao grupo passou a ser de equiparação.

Mas, com a forte desaceleração da economia brasileira nos últimos anos, o país tem sido deixado para trás.

O FMI espera que, em 2020, a renda per capita do Brasil (em PPC) atinja US$ 18 mil, o que representará pouco mais de 80% da média dos emergentes (US$ 21,6 mil), se a projeção se confirmar.

Outra forma muito usada por economistas para medir o retrocesso ou o progresso relativo de países rumo ao desenvolvimento econômico é comparar sua renda per capita (em PPC) com a de nações avançadas, como os Estados Unidos. Nessa comparação, o Brasil também retrocede.

O poder de compra do brasileiro chegou a equivaler a quase 40% do americano no início dos anos 1980. Com a crise econômica, recuou bastante na década seguinte, para patamar inferior a 30%. Voltou a se recuperar no fim da década passada, mas essa tendência não se manteve.

O FMI espera que a renda per capita do país fique estagnada ao redor de 27% da americana nos próximos anos.

Coreia do Sul e Taiwan são exemplos de países que conseguiram se desenvolver. Com renda per capita equivalente a 65% e 85% da americana, respectivamente, são consideradas nações avançadas pelo FMI. O salto que tiveram nas últimas décadas foi expressivo. Em 1980, esses percentuais eram de 17% e 32%.

Em anos recentes, outros emergentes têm chegado mais perto de um patamar de renda elevada, como Malásia e Polônia, onde o poder de compra já é cerca de metade do verificado nos EUA.

China e Índia ainda permanecem longe desse patamar, mas avançam rapidamente.

BEM-ESTAR

Apesar da estagnação do Brasil no processo de avanço de sua renda média, outros indicadores de bem-estar da população tiveram grande avanço nas últimas décadas. A desigualdade na distribuição dessa renda diminuiu, o número de pobres recuou, e o acesso à educação e à saúde aumentou.

Mas, segundo economistas, o recuo do país em relação a seus pares na evolução de sua renda per capita é um sinal preocupante.

"A renda do Brasil deveria estar se aproximando da de emergentes de alto desempenho. Mas os dados mostram um aumento na diferença entre o poder de compra médio dos cidadãos desses países e os do Brasil", afirma Leonardo Fonseca, economista do Credit Suisse.

De acordo com especialistas, caso o país demore a superar a atual crise econômica, outros indicadores de bem-estar tendem a retroceder.

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ENTENDA O QUE É PARIDADE DO PODER DE COMPRA

O cálculo da paridade do poder de compra (purchasing power parity, em inglês) permite comparações mais coerentes do tamanho das economias e do nível de renda dos países do que as conversões feitas pela taxa de câmbio.

Como o custo dos serviços e de alguns bens em países mais pobres é menor que nos ricos, a comparação da renda per capita em dólar não reflete a diferença relativa de preços e dos custos de vida entre eles.

Uma mesma quantidade de dólares, por exemplo, é suficiente para pagar por mais bens e serviços no Brasil do que nos EUA.

O cálculo da paridade do poder de compra tenta eliminar essas distorções e criar uma taxa de conversão que reflita adequadamente o custo de vida de cada país. Por isso, é mais recomendada para comparações internacionais.

Além disso, a renda per capita dos países expressa em dólares pode sofrer variações bruscas caso sua moeda tenha se valorizado ou depreciado muito.



08 de março de 2017
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

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