"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 8 de março de 2017

A COMPROMETEDORA NOTA PÚBLICA DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


O ex-Presidente da República e presidente de honra do PSDB Fernando Henrique Cardoso divulgou uma nota para tentar reverter o noticiário político que atinge Aécio Neves, preferido dele para representar os tucanos em 2018. Alguns comentários precisam ser feitos sobre seu conteúdo: 

FAKE NEWS – Já está mais do que claro que a grande imprensa, comprometida junto com as elites políticas brasileiras em termos de descrédito e corrupção, usará o ponto do “pós-verdade” e das fake news para desacreditar tudo que lhes contraria. 
FHC atribui às verdades alternativas a difusão da notícia de que Benedito Júnior afirmou ter entregue, a pedido de Aécio Neves, doações como Caixa 2 a candidatos ligados ao tucano. A Andréia Sadi da Globo News é mentirosa, FHC? 
A Vera Magalhães da Jovem Pan e do Estadão é mentirosa, FHC? Ela publicou
A revista Veja também publicou. Fausto Macedo, do Estadão, já havia divulgado trechos de depoimento de Benedito Júnior à Polícia Federal meses atrás… Ele é mentiroso, FHC?
SUBSERVIÊNCIA? 
– A nota de FHC não cita Benedito Júnior, mas cita Marcelo Odebrecht. Não o chama de réu, bandido, presidiário. Apenas “Marcelo Odebrecht. Vale lembrar, Odebrecht é um dos financiadores do Instituto FHC
FHC LEU O DEPOIMENTO? – FHC escreveu “O depoente não fez tal declaração em seu depoimento ao TSE.” Até aqui, o documento é sigiloso. 
Como pode o ex-presidente fazer uma afirmação dessas? Ele teve acesso? O documento vazou? Se sim, por quem? FHC deve ser chamado a se explicar. 

IMITANDO LULA – FHC diz que deve-se diferenciar caixa dois para campanha de caixa dois para usufruto pessoal. É a mesma desculpa usada por Lula e seus companheiros para diminuir a gravidade do Mensalão. 
Segundo FHC, caixa dois para campanha é apenas “erro que deve ser reconhecido” enquanto o outro caso é “crime puro e simples.”

Leiam a seguir a nota de FHC:

“Lamento a estratégia usada por adversários do PSDB que difundem “noticias alternativas” para confundir a opinião pública.

A imprensa é instrumento fundamental da democracia. Usada por quem não é criterioso presta um mau serviço ao país.

Parte do noticiário de hoje sobre os depoimentos da Odebrecht serve de sinal de alerta. Ao invés de dar ênfase à afirmação feita por Marcelo Odebrecht, de que as doações à campanha presidencial de Aécio Neves, em 2014, foram feitas oficialmente, publicou-se a partir de outro depoimento que o senador teria pedido doações de caixa dois para aliados.

O senador não fez tal pedido. O depoente não fez tal declaração em seu depoimento ao TSE.

É preciso serenidade e respeito à verdade nessa hora difícil que o país atravessa.

Ademais, independentemente do noticiário de hoje tratar como iguais situações diferentes, não é o caminho para se conhecer a realidade e poder mudá-la.

Visto de longe tem-se a impressão de que todos são iguais no universo da política e praticaram os mesmos atos.

No importante debate travado pelo país distinções precisam ser feitas. Há uma diferença entre quem recebeu recursos de caixa dois para financiamento de atividades político-eleitorais, erro que precisa ser reconhecido, reparado ou punido, daquele que obteve recursos para enriquecimento pessoal, crime puro e simples de corrupção.

Divulgações apressadas e equivocadas agridem a verdade, e confundem os dois atos, cuja natureza penal há de ser distinguida pelos tribunais.

A palavra de um delator não é prova em si, apenas um indício que requer comprovação. É preciso que a Justiça continue a fazer seu trabalho, que o país possa crer na eficácia da lei e que continue funcionando.

A desmoralização de pessoas a partir de “verdades alternativas” é injusta e não serve ao país. Confunde tudo e todos.

É hora de continuar a dar apoio ao esforço moralizador das instituições de Estado e deixar que elas, criteriosamente, façam Justiça.”

Fernando Henrique Cardoso

Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (Foto: Michel Filho- Agência O Globo)

08 de março de 2017
in reaçablog

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