"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

ELEITORADO RESPONDE AO DESCASO DOS POLÍTICOS

Lisboa - Há um calendário de tempestades para a Europa enfrentar nos próximo meses.São tempos difíceis para os europeus que têm assistido ao agravamento de questões sérias sem que até aqui vestígios de soluções.É o caso,por exemplo,dos refugiados que continuam chegando às centenas.Mas este não é o único problema europeu que vem provocando respostas inesperadas dos seus cidadãos.Depois do brexit da Inglaterra,cuja aprovação apanhou de surpresa dirigentes da União Européia,seguiu-se o bloqueio dos entendimento para a adesão da Turquia ao bloco,o que vai agravar a crise dos refugiados,e o avanço das forças nacionalistas em toda a Europa.

Há alguma semelhança na disrupção com que lideranças políticas européias e brasileiras comportam-se diante de um cenário cada vez mais preocupante em seus respectivos países.Envolvidos com assuntos irrelevantes,domésticos ou pessoais,pouco atuam para o atendimento dos legítimos interesses das suas populações.Enquanto num Brasil com a economia afundando,o presidente Michel Temer envolveu-se desnecessariamente numa polêmica em torno de um apartamento que sequer existia,na Europa as lideranças políticas concentram suas atenções no calendário eleitoral.

No último domingo a direita francesa escolheu François Fillon como seu candidato ao Eliseu,que poderá enfrentar a ultra nacionalista Marine LePen no segundo turno.No próximo dia 4 de novembro, estará em jogo o futuro político do primeiro ministro da Itália,Matteo Renzi.O político italiano não se dedicou para resolver a caótica situação ffinanceira do pais,às portas da bancarrota,mas sim em consolidar seus poderes.Ao invés de utilizar seu capital político para reformar a economia tenta manipular o eleitorado para modificar a Constituição, que pode se revelar o grande equívoco da sua vida É provavél que perca.Nesse caso,haverá o fortalecimento do Movimento Cinco Estrelas de Beppe Grillo,tornando-se incerto o futuro da Itália,cuja da saída da União Européia pode decretar seu fim.

No mesmo dia,haverá a repetição das presidenciais na Áustria,onde o candidato de extrema direita,NobertHofer,pode vencer,depois de impugnados os resultados do segundo turno quando perdeu.Ele é contra a entrada de imigrantes e julga que a vitória de Trump ajudará sua eleição.Em seguida,no dia 18,serão as legislativas na Romênia.Apesar dos escândalos de corrupção e dos protestos,há chances de vitória para o candidato social-democrata,mas não é improvável a vitória da direita.O país disputa com a Rússia áreas da Moldávia,o que deve influenciar o resultado.No dia 18 de dezembro,serão as eleições locais no Chipre,com pouca reflexo sobre os destinos da EU.

Na sequência,a 15 de março,as atenções estarão concentradas nas eleições parlamentares da Holanda.Embora as sondagens tenham perdido credibilidade,indicam que o líder do xenófobo e anti-imigrantes Partido da Liberdade,GeertWilders,pode empatar com o candidato da legenda conservadora que ainda está no governo.Wilders foi o segundo a parabenizarTrump pela eleição.

Menos de um mês depois, o dia 9 de abril,serão as locais na Finlândia.Já a 12 de abril,acontecerão as importantes presidenciais da Alemanha.O candidato Frank-Walter Steimeir é apoiado pela coligação CDU,da Merkel, e o SPD.Contra está o AfD,partido anti-imigração,que ainda não está no Parlamento onde poderá ingressar nas eleições parlamentares de 22 de outubro se conseguir percentualmente os votos necessários.

Finalmente, o dia 21 de abril,haverá o primeiro turno das presidenciais francesas,a mais importante para o futuro da União Européia.Com o candidato da direita já definido,François Fillon,escolhido como a melhor aposta para enfrentar a candidata da Frente Nacional,Marine LePen,falta a definição dos socialistas O Presidente Hollande está em completa baixa e poderá não se recandidatar,restando o ministro Manuel Valls e Emmanuel Macron.De qualquer maneira,novamente as pouco credíveis pesquisas de opinião indicam que o socialistas não chegarão ao segundo turno,que seria disputado entre LePen e Fillon no dia 30 de junho Marine LePen vem avançando com sua demagogia e idéias perigosas.Como Trump,ela aposta no medo e na ansiedade provocados pelo terrorismo,refugiados e globalização.Se vencer,podemos dar adeus a União Européia.

Depois serão as locais na Croácia,no dia 19 de maio,as parlamentares na Bulgária,cujo Presidente que acaba de ser eleito é social-democrata e contra sanções a Rússia e as locais na Letônia,no dia 3 de junho.Portugal,com governo socialista coligado ao Bloco de Esquerda e Comunistas,realiza locais no outono,prevendo-se a vitória da esquerda.Luxemburgo e República Checa farão locais em outubro.No dia 22 de outubro,Angela Merkel deverá concorrer ao quarto mandato parlamentar pela CDU,devendo ser eleita. O extenso calendário eleitoral chegará ao fim com as locais na Dinamarca,no dia 21 de novembro e as presidenciais da Eslovênia,ainda em data marcada.

Enquanto isso,a UE relativiza problemas que afetam a vida real das suas populações,como a crise do setor financeiro,o fluxo descontrolado de capitais,refugiados sem projeto de futuro,a distribuição desigual de rendimentos,o desemprego e muitos outros inadiáveis.Os líderes europeus estão mais interessados em temas como o acordo comercial com o Canadá e a Parceria Transatlântica para o Comércio e o Investimento.Setores importantes da população reagem a essa possibilidade com receio da redução da proteção ao consumidor e da invasão das multinacionais que esse tipo de tratado poderia viabilizar.Com tal descaso, o eleitorado tem se encarregado de responder com o voto contrário ao establisment.


02 de dezembro de 2016
silvia caetano

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