Por que, de repente, tudo que andava mal parece ir ainda pior? Por quê?
Nos tempos ingênuos do primeiro reinado, o virtuoso conselheiro Chalaça via nas pulgas e pernilongos os males do Brasil. Muita saúva, pouca saúde, os males do Brasil são, cantaria mais tarde, no carnaval de 1986, o enredo da São Clemente, inspirado no Macunaíma, romance quase centenário de Mário de Andrade.
Nada mal para esses tempos modernos de zikas e coceiras, em que os problemas agravados tornaram-se maiores do que as soluções.
Ai, que preguiça, diria agora o herói de nossa gente. Há quanto já se fala em marajás, mordomias e corrupção... A diferença é que, no tempo dos “santinhos”, se sabia quem era ladrão. Hoje, nesse vasto mundo imundo das falsas aparências, já não se sabe quem não o é.
O samba avisara: se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão.
Noutro dia, alguém constatou desanimado: nessa terra arrasada que restou não dá para plantar nada. Chegamos ao ponto em que remendos de pinguela já não servem para a travessia republicana. As instituições estão em crise, seus representantes não têm respeitabilidade; já não podem sair às ruas. Descrente do deus brasileiro, o povo desesperançado, nervos à flor da pele, busca respostas e não encontra sequer um aceno, um consolo. Já não acredita na luz ao fim do túnel. Já não tolera sacrifícios para salvar a pele de corruptos sem brio e sem vergonha.
A chapa andava quente; agora, o caldeirão está fervendo e já, já, o caldo vai entornar.
É hora de se discutir a reinvenção do Brasil, começando talvez pela revisão do capítulo das disposições gerais da Constituição:
Revoga-se o emaranhado de leis, regulamentos, dispositivos e portarias caducas e inúteis. As leis devem ser simples, compreensíveis, compreendidas e eficazmente aplicáveis na sua boa forma.
A justiça deve ser rápida e justa.
Decreta-se o fim da anarquia monetária (v. “A Anarchia Monetaria e suas Consequencias”, Carlos Inglez de Souza, 1924) e da farra fiscal. Em economia política, há muito que aprender e pouco que fazer.
Ficam proibidos o compadrio, o nepotismo, o corporativismo, os interesses inconfessos e as chicanas. A burocracia será punida.
Restaura-se o respeito do outro pelo outro, inclusive de cada um por si mesmo.
Fica proibido perder tempo com bobagem.
02 de dezembro de 2016
Eduardo Simbalista
Nos tempos ingênuos do primeiro reinado, o virtuoso conselheiro Chalaça via nas pulgas e pernilongos os males do Brasil. Muita saúva, pouca saúde, os males do Brasil são, cantaria mais tarde, no carnaval de 1986, o enredo da São Clemente, inspirado no Macunaíma, romance quase centenário de Mário de Andrade.
Nada mal para esses tempos modernos de zikas e coceiras, em que os problemas agravados tornaram-se maiores do que as soluções.
Ai, que preguiça, diria agora o herói de nossa gente. Há quanto já se fala em marajás, mordomias e corrupção... A diferença é que, no tempo dos “santinhos”, se sabia quem era ladrão. Hoje, nesse vasto mundo imundo das falsas aparências, já não se sabe quem não o é.
O samba avisara: se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão.
Noutro dia, alguém constatou desanimado: nessa terra arrasada que restou não dá para plantar nada. Chegamos ao ponto em que remendos de pinguela já não servem para a travessia republicana. As instituições estão em crise, seus representantes não têm respeitabilidade; já não podem sair às ruas. Descrente do deus brasileiro, o povo desesperançado, nervos à flor da pele, busca respostas e não encontra sequer um aceno, um consolo. Já não acredita na luz ao fim do túnel. Já não tolera sacrifícios para salvar a pele de corruptos sem brio e sem vergonha.
A chapa andava quente; agora, o caldeirão está fervendo e já, já, o caldo vai entornar.
É hora de se discutir a reinvenção do Brasil, começando talvez pela revisão do capítulo das disposições gerais da Constituição:
Revoga-se o emaranhado de leis, regulamentos, dispositivos e portarias caducas e inúteis. As leis devem ser simples, compreensíveis, compreendidas e eficazmente aplicáveis na sua boa forma.
A justiça deve ser rápida e justa.
Decreta-se o fim da anarquia monetária (v. “A Anarchia Monetaria e suas Consequencias”, Carlos Inglez de Souza, 1924) e da farra fiscal. Em economia política, há muito que aprender e pouco que fazer.
Ficam proibidos o compadrio, o nepotismo, o corporativismo, os interesses inconfessos e as chicanas. A burocracia será punida.
Restaura-se o respeito do outro pelo outro, inclusive de cada um por si mesmo.
Fica proibido perder tempo com bobagem.
02 de dezembro de 2016
Eduardo Simbalista
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