"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 24 de abril de 2016

MANTEGA, PALOCCI E VACCARI ATUARAM NO CAIXA 2 DE R$ 200 MILHÕES


Reprodução do Arquivo Google
O ex-ministro Guido Mantega não foi o único integrante de alta cúpula do PT a intermediar pagamento de Caixa dois para campanhas presidenciais do partido, segundo Monica Moura, mulher do marqueteiro João Santana. Em depoimento a procuradores federais de Brasília para tentar fechar um acordo de delação premiada, ela disse que o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci e o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto teriam desempenhado o mesmo papel nas últimas campanhas presidenciais. Os dois teriam indicado a ela executivos de empresas para contribuir em dinheiro. São recursos que não passaram por contas oficiais do PT, sem serem declarados à Justiça Eleitoral.
As empresas do casal Santana prestaram serviços na campanha à reeleição de Lula, em 2006, e nas disputas vencidas por Dilma Rousseff, em 2010 e 2014. Nas três eleições, eles receberam, em contas oficiais, cerca de R$ 110 milhões.
Monica diz ter registrado numa agenda, não apreendida pela PF, detalhes de encontros em hotéis e restaurantes para obter recursos adicionais, entregues em malas de dinheiro por interlocutores de executivos indicados pelos três petistas.
TABELA INCLUI DIRCEU
A mulher de Santana também diz ser capaz de ajudar a PF a esclarecer informações da planilha nomeada “posição-italiano”, apreendida na caixa de e-mail do então diretor da Odebrecht Fernando Migliaccio. O italiano citado como referência para os pagamentos da tabela seria Antonio Palocci. O documento é considerado um prova contundente sobre o pagamento de propina a agentes políticos pela empreiteira. Migliaccio era lotado no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, área responsável por operacionalizar repasses ilegais no Brasil e no exterior.
A tabela traz a indicação de fontes para pagamentos e siglas de destinatários, como o casal Santana e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Em depoimento prestado logo após ser presa, em fevereiro, Monica foi perguntada se sabia dizer quem era o “italiano”; na época, disse que não.
PAGAMENTOS ILEGAIS
A relação de proximidade com Migliaccio, o autor da tabela, já era admitida por Monica neste mesmo depoimento. Na ocasião, reconheceu ter sido orientada a procurar Migliaccio para receber colaborações não contabilizadas de campanhas feitas no exterior. E confirmou ter mantido contato com ele entre 2011 e 2014. Em março, a ex-secretária da Odebrecht Maria Lúcia Guimarães Tavares reforçou o vínculo do dirigente da empreiteira com Monica. Segundo ela, a mulher de Santana indicava a ele e a outros dirigentes suas contas para receber pagamentos ilegais.
R$ 200 MILHÕES
A tabela traz um balanço de como foram repassados, entre 2008 e 2012, cerca de R$ 200 milhões a projetos como as eleições municipais de 2008, a disputa presidencial em El Salvador e valores pagos a JD, que a PF acredita ser Dirceu, e Santana. A planilha termina indicando haver, em 2012, um saldo de R$ 79 milhões. A curto prazo, R$ 6 milhões estariam comprometidos com “Itália” e R$ 23 milhões com o “amigo”, não identificado na tabela. Os demais R$ 50 milhões iriam para o “pós-Itália”.
Em nota ao Globo, Palocci nega “com veemência” as acusações, “feitas contra ele por uma pessoa submetida ao constrangimento da prisão”. O ex-ministro afirmou não ter participado da arrecadação de campanhas em 2006, 2010 ou 2014 e “jamais” ter indicado “a qualquer pessoa meios pelos quais pudessem ser arrecadadas contribuições ilegais”. Vaccari também negou a acusação.
ESTRANHEZA…
Palocci disse que não tem “qualquer relação com a tabela” de Migliaccio. Segundo a nota, o petista “vê com muita estranheza que seja atribuído a si o codinome ‘italiano’, já que este apelido foi vinculado a várias outras pessoas em materiais apreendidos pela PF”. O ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht também cita um “italiano” em e-mails a executivos, mas não é possível saber se é o mesmo citado por Migliaccio.
Palocci já é investigado na Lava-Jato desde junho de 2015, em inquérito que apura denúncia de que ele teria pedido ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa R$ 2 milhões para a campanha de Dilma, em 2010. Seu nome foi citado pelo doleiro Alberto Youssef e pelo operador Fernando Baiano. Este mês, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou pedido da defesa de Palocci para anular as duas delações.
24 de abril de 2016
Thiago HerdyO Globo

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