"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 24 de abril de 2016

GOVERNO JOGA TODAS AS FICHAS PARA DESMORALIZAR TEMER, DIZ DELCÍDIO


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Delcídio cobra investigação sobre Mercadante
Ex-líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (sem partido – MS) conhece como poucos os meandros do Palácio do Planalto e como funciona a cabeça do ex-presidente Lula e de Dilma Rousseff. Por isso, é um dos únicos políticos capazes de antever os movimentos do PT. Em entrevista à IstoÉ, depois de se ver livre dos pontos de uma cirurgia realizada no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para retirada da vesícula, Delcídio fez vaticínios que, não por acaso, já começaram a se confirmar no fim da semana.
Segundo ele, como perderam a capacidade de articulação política, Dilma e Lula partirão para tentar desqualificar de todas as formas o vice Michel Temer, enquanto o afastamento da presidente não é aprovado no Senado.
“É pouco provável que o governo chegue a um número suficiente para evitar o impeachment. O único jeito é criar um cenário fora da Casa. E a maneira é jogar na desconstrução. Se eu conheço bem o governo, vão apostar nisso. Jogar todas as fichas possíveis na desqualificação. O governo não tem mais capacidade de fazer gestões políticas”, afirmou.
CONTRA MERCADANTE
Ao discorrer sobre as investigações da Lava Jato, Delcídio apontou suas baterias contra o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Questionou o fato de o ministro ainda permanecer impune, a despeito das fortes evidências contra ele verificadas no episódio da tentativa de compra do seu silêncio.
“O meu caso era uma conversa a quatro onde quem gravou nem era o interlocutor principal. E eu, por muito menos, enfrentei esse calvário que você conhece. E o Mercadante? No caso dele, já há jurisprudência”, disse, lembrando em seguida que o ministro nada faz sem o consentimento da presidente Dilma.
“Isso que eles fizeram é claramente obstrução de Justiça”, reforçou. Ao mesmo tempo, segundo o parlamentar, o presidente do PSDB, Aécio Neves, virou alvo por situações colocadas à base do “ouvir dizer”. O senador ainda disse que poderá aperfeiçoar trechos da delação e ajustar pontos para “não cometer injustiças”.
DELAÇÃO HOMOLOGADA
Na quarta-feira 20, um dia depois de o STF homologar a delação do seu ex-chefe de gabinete, Diogo Ferreira, em que ele confirmou os principais pontos do seu próprio depoimento aos integrantes da Lava Jato, antecipado com exclusividade por IstoÉ, o ministro Teori Zavascki autorizou a inclusão das menções feitas a Dilma, Lula e Temer por Delcídio no principal inquérito da Lava Jato em tramitação no Supremo.
É o primeiro passo para investigá-los formalmente por participação no esquema do Petrolão. O STF indica que Delcídio tinha razão.
Como o sr. avalia o cenário após a votação do impeachment pela Câmara?
Já há votos pelo afastamento de Dilma no Senado. Agora, é preciso trabalhar pelo impeachment em si. Pelos 54 votos. Acho que vai passar. A única preocupação é o tempo. Estão trabalhando com a votação em 12 de maio. Imagina o País três semanas esperando? Ninguém exporta, ninguém compra, ninguém investe. O País fica trabalhando na lateral. Mas a posição do Senado está se consolidando fortemente.
O governo pode faturar politicamente com esse tempo? O governo vai jogar na desconstrução. É uma estratégia de desqualificação. Principalmente do vice Michel Temer. Do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) já fazem. Vão continuar. É pouco provável que o governo chegue a um número suficiente para evitar o impeachment. O único jeito é criar um cenário fora da Casa. E a maneira é jogar na desconstrução. Se eu conheço bem o governo, vão apostar nisso. Jogar todas as fichas possíveis na desqualificação. O governo não tem mais capacidade de fazer gestões políticas. Falei com deputados que estiveram com a presidente Dilma Rousseff nesses últimos dias. Que foram conversar com ela. A Dilma nem sabia o nome dos caras, acredita? É como eu ir à IstoÉ e não saber seu nome. O governo cometeu uma série de erros na política responsável por levar a essa situação difícil em que se encontra. Ainda há a crise econômica. Então você junta a crise econômica, a crise política e, na outra ponta, a Operação Lava Jato. É o pior dos mundos para o governo.
Sobre a Lava Jato, na avaliação do sr. até onde podem chegar as investigações?Olha, há um trem descompensado aí. Eu não tinha conhecimento da gravação do ministro (da Educação) Aloizio Mercadante (gravação feita pelo seu assessor José Eduardo Marzagão em que Mercadante tenta comprar o silencio de Delcídio). Só soube depois. E não tirei as razões do Marzagão de fazer aquilo. Só que é um caso que já tem jurisprudência no STF. E não acontece nada com o Mercadante? O meu caso era uma conversa a quatro onde quem gravou nem era o interlocutor principal. E eu, por muito menos, enfrentei esse calvário que você conhece. E o Mercadante? Olha, e isso tem implicações para a própria presidente Dilma. O Aloizio Mercadante não faz nada sem a Dilma mandar. Isso que eles fizeram é claramente obstrução de Justiça. Há um trem descompensado aí. Não fazem nada com Mercadante. Agora falam do Aécio. Por exemplo, o Aécio é o principal líder da oposição. Mas tudo o que pesa contra ele é na base do ouvir dizer. O do Mercadante e que implica Dilma, não. É factual. Ta aí.
O sr. ainda pretende fazer uma segunda etapa da delação?
Na verdade eu fiquei os últimos quarenta dias me recuperando. Tudo o que aconteceu teve reflexos na minha saúde. Não poderia trabalhar em cima de um material que vocês publicaram com muita competência, que foi a delação. Pretendo afinar algumas coisas já ditas. Qualificar melhor, aperfeiçoar. Isso é natural. É uma iniciativa própria minha. Pretendo trabalhar nisso. Mas não é uma segunda delação. É fazer ajustes. E vou fazer. Na busca da verdade dos fatos. Vou fazer ajustes até para não cometer injustiças com ninguém.

24 de abril de 2016
Sérgio Pardellas
IstoÉ

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