"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O SANTO HOMEM


Em Roma temos o Francisco, no Brasil temos o Delcidio. Que alma caridosa a do nosso ínclito Senador preso. Queria tirar o Cerveró das grades e faze-lo fugir do país por razões humanitárias. E isso era só o princípio da sua cruzada. Logo em seguida iria tentar proporcionar o mesmo alívio para os mais de 600 mil presos, uma população carcerária que cresce 7% ao ano. Vale dizer que ele teria muito o que fazer nos seus vários mandatos futuros, já que pelo menos no seu atual e nos anteriores não tinha feito nada além de liderar a bancada disso que chamam de governo.

É de se imaginar que além do conluio com o banqueiro André Esteves, cuja meteórica fortuna coincide com os 13 anos de PT no poder, nosso ínclito Senador já tenha iniciado contatos com a Airbus para conseguir exemplares do novo A 380, que transporta 850 passageiros, ou com a Boeing pelos 747 de 585 lugares ou até mesmo com a Illyushin de 350 assentos, para não deixar de fora da santa jornada os camaradas soviéticos.

Só não se sabe se a boa vontade do André Esteves chegaria a tanto, já que alugar Falcon 50 para voos transoceânicos “non stop” é uma coisa, mas uma frota de aeronaves enormes é outra. Mesmo que a primeira etapa fosse apenas proporcionar a fuga de políticos suspeitos, evitando que sejam encarcerados e condenados, jatinho não daria conta. Tem que ser jatão mesmo. Mesmo porque as aeronaves enormes tem primeira classe para alojar confortavelmente os que tem foro privilegiado e, consequentemente, poltrona privilegiada. Alguma vez vocês ouviram falar que o Eduardo Cunha, o “ilibado” presidente da Câmara dos Deputados, tenha voado para o exterior na “humilhante” classe econômica, onde viaja o povão?

No campo empresarial, esta do André Esteves dizer que se reunia com o Delcídio para discutir temas de interesse nacional, tipo CPMF, que não interessa à nação mas apenas ao governo, é outra gozação sem limite.

Como é que estes caras de pau podem, sem o menor pudor, tripudiar desta forma da nossa inteligência? Que direito eles têm de nos classificar como um bando de imbecis alienados?

Ele estão presos, enquanto nós, a maioria silenciosa, continuamos a gozar do maior de todos os bens: a liberdade. Como eles estão vendo o sol nascer quadrado, graças à Polícia Federal, ao Juiz Sergio Moro e ao Supremo que, numa decisão histórica, encanou estes mafiosos suspeitos de alta bandidagem, nossa liberdade deve lhes estar causando inveja.

Eu fico me perguntando, quando vejo estes ricos e poderosos atrás das grades, se eles realmente acham que as sacanagens que praticaram valeram a pena.

Será que vale mesmo a pena ter tanto dinheiro e poder, construídos de forma tortuosa, para acabar na cadeia?

Será que a liberdade não é mais valiosa do que tudo isso?

O Renan Calheiros concorda comigo, tanto é que se esforçou bravamente para tirar o seu colega da cadeia, já que ele está na alça de mira da justiça correndo iminente risco de passar uma temporada na Papuda. Ele e mais 13 senadores investigados na Lava Jato. Além de dezenas de deputados.

As prisões do Delcidio, do Esteves e do Bumlai, entre outros menos votados, todos ricos e poderosos, nos trazem um fio de esperança de que, como o cerco está se fechando, daqui a pouco o Brasil possa comemorar a prisão do chefe maior da quadrilha, que milagrosamente ainda está solto, a despeito dos indícios cada vez mais comprometedores de ilícitos cometidos.

Quando isso se consumar, aí sim poderemos ter esperança concreta de que, uma vez limpa uma boa parte da grossa sujeira que afoga a nação, possamos trabalhar decentemente para reconstruir um país que nos orgulhe, o que lamentavelmente deixou de existir.

Enquanto isso não acontecer, nossa esperança não vai passar de um fio...

Oremos.

E que o Santo Padre interceda por nós para que Deus nos livre de homens santos como o Delcídio.



04 de dezembro de 2015
Faveco Corrêa é jornalista e presidente da Brandmotion Consultoria.

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