São Paulo - Quando a Dilma repreendeu Lula em público reafirmando que Joaquim Levy permaneceria no Ministério da Fazenda, deu adeus ao Planalto. O ex-presidente, que já tinha mudado todo gabinete da presidente, queria administrar de fato o país, mas para isso precisaria abocanhar a Fazenda colocando lá dentro o Henrique Meirelles, como ele já havia anunciado. Contrariado com a posição firme da Dilma em manter o Levy ao seu lado, Lula deixou o barco correr e o resultado foi a proclamação do impeachment da Dilma pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Os primeiros sinais de que Lula iria entregar os anéis para salvar os dedos foram emitidos pelo Rui Falcão, presidente do PT. Em declaração à imprensa, ele disse que a bancada do PT votaria pela continuidade do processo de cassação de Cunha, contrariando a posição do governo que tentava de todas as formas mudar os votos de três petistas na comissão. Ora, Falcão, um obediente militante petista, apenas manifestou o desejo do seu chefe de forçar uma decisão de Cunha pelo impeachment. Todos sabem que o Lula trata seus subordinados a chicote, portanto, não seria Falcão que iria contrariar o chefe.
A Dilma não tem jogo de cintura, é uma burocrata que chegou ao mais alto posto do país pelas mãos de Lula, que precisava de um sucessor que ele manipulasse para permanecer mandando no país. No primeiro mandato, governou sob as rédeas de Lula. Não dava um passo sem consultar o padrinho. No segundo, tentou ter mais autonomia porque se achou legitimada pelos votos que pareciam ser seus. Procurou arrumar a casa com uma equipe própria para preservar a sua autoridade. Levou Aloizio Mercadante e mais alguns auxiliares para o seu lado no Palácio do Planalto. E mandou um recado ao seu antecessor, escolhendo pessoalmente Joaquim Levy.
Lula, inconformado, mergulhou. Esperou resultados positivos da nova equipe da Dilma que não vieram a curto prazo. E acomodado dentro do seu instituto, um local de conspiração permanente, enviou sinais da sua insatisfação com os novos auxiliares da presidente. A Dilma, acuada, começou lentamente a trocar os ministros da sua cota pessoal pelas indicações do ex-presidente, até culminar com o afastamento de Mercadante, acomodado depois no Ministério da Educação.
Lula sentiu-se poderoso, mas faltava algo que o tornaria mais poderoso ainda: mudar o chefe do comando da política econômica. Apressou-se, então, a anunciar que Henrique Meirelles seria o substituto de Joaquim Levy, depois de recebê-lo no seu instituto e dar as primeiras instruções da reforma econômica. Desapontada com as manifestações de apoio a Meirelles, Dilma, numa viagem ao exterior, pela primeira vez foi firme na defesa de um membro de sua equipe. Disse com todas as letras que Levy ficaria na Fazenda, enfurecendo Lula, que não admitia tal insubordinação de quem ele considera ainda uma de suas auxiliares.
A reação da Dilma enfraqueceu Lula publicamente. Aprendiz de Maquiavel, forjado nos porões sindicais, Lula preparou-se para o golpe final contra a sua auxiliar. Com rápidos movimentos políticos destronou a Dilma. Primeiro: mandou que Rui Falcão se solidarizasse com Delcídio do Amaral, entregando-o literalmente às baratas. Afinal de contas, Amaral era líder do governo, portanto, um problema de Dilma. Segundo: pediu também ao presidente do PT que anunciasse a adesão da bancada à cassação de Eduardo Cunha, contrariando o Planalto que tentava um acordo com o presidente da Câmara. E, por fim, manteve-se, por conveniência, silencioso durante todo burburinho que antecipou o anúncio do impeachment. Com essas ações, Lula manda um recado direto à presidente de quem realmente manda no país e procura se afastar, se é que consegue, dos danos que a Dilma e o Delcídio estão causando mais ainda à sua imagem depois que o Datafolha mostrou a sua rejeição cavalar de quase 50%, o que inviabilizaria suas pretensões de voltar ao poder.
E a Dilma, que achava que mandava, agora viu o castelo desmoronar-se pelas mãos do seu próprio criador.
04 de dezembro de 2015
Jorge Oliveira
Os primeiros sinais de que Lula iria entregar os anéis para salvar os dedos foram emitidos pelo Rui Falcão, presidente do PT. Em declaração à imprensa, ele disse que a bancada do PT votaria pela continuidade do processo de cassação de Cunha, contrariando a posição do governo que tentava de todas as formas mudar os votos de três petistas na comissão. Ora, Falcão, um obediente militante petista, apenas manifestou o desejo do seu chefe de forçar uma decisão de Cunha pelo impeachment. Todos sabem que o Lula trata seus subordinados a chicote, portanto, não seria Falcão que iria contrariar o chefe.
A Dilma não tem jogo de cintura, é uma burocrata que chegou ao mais alto posto do país pelas mãos de Lula, que precisava de um sucessor que ele manipulasse para permanecer mandando no país. No primeiro mandato, governou sob as rédeas de Lula. Não dava um passo sem consultar o padrinho. No segundo, tentou ter mais autonomia porque se achou legitimada pelos votos que pareciam ser seus. Procurou arrumar a casa com uma equipe própria para preservar a sua autoridade. Levou Aloizio Mercadante e mais alguns auxiliares para o seu lado no Palácio do Planalto. E mandou um recado ao seu antecessor, escolhendo pessoalmente Joaquim Levy.
Lula, inconformado, mergulhou. Esperou resultados positivos da nova equipe da Dilma que não vieram a curto prazo. E acomodado dentro do seu instituto, um local de conspiração permanente, enviou sinais da sua insatisfação com os novos auxiliares da presidente. A Dilma, acuada, começou lentamente a trocar os ministros da sua cota pessoal pelas indicações do ex-presidente, até culminar com o afastamento de Mercadante, acomodado depois no Ministério da Educação.
Lula sentiu-se poderoso, mas faltava algo que o tornaria mais poderoso ainda: mudar o chefe do comando da política econômica. Apressou-se, então, a anunciar que Henrique Meirelles seria o substituto de Joaquim Levy, depois de recebê-lo no seu instituto e dar as primeiras instruções da reforma econômica. Desapontada com as manifestações de apoio a Meirelles, Dilma, numa viagem ao exterior, pela primeira vez foi firme na defesa de um membro de sua equipe. Disse com todas as letras que Levy ficaria na Fazenda, enfurecendo Lula, que não admitia tal insubordinação de quem ele considera ainda uma de suas auxiliares.
A reação da Dilma enfraqueceu Lula publicamente. Aprendiz de Maquiavel, forjado nos porões sindicais, Lula preparou-se para o golpe final contra a sua auxiliar. Com rápidos movimentos políticos destronou a Dilma. Primeiro: mandou que Rui Falcão se solidarizasse com Delcídio do Amaral, entregando-o literalmente às baratas. Afinal de contas, Amaral era líder do governo, portanto, um problema de Dilma. Segundo: pediu também ao presidente do PT que anunciasse a adesão da bancada à cassação de Eduardo Cunha, contrariando o Planalto que tentava um acordo com o presidente da Câmara. E, por fim, manteve-se, por conveniência, silencioso durante todo burburinho que antecipou o anúncio do impeachment. Com essas ações, Lula manda um recado direto à presidente de quem realmente manda no país e procura se afastar, se é que consegue, dos danos que a Dilma e o Delcídio estão causando mais ainda à sua imagem depois que o Datafolha mostrou a sua rejeição cavalar de quase 50%, o que inviabilizaria suas pretensões de voltar ao poder.
E a Dilma, que achava que mandava, agora viu o castelo desmoronar-se pelas mãos do seu próprio criador.
04 de dezembro de 2015
Jorge Oliveira
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