Seria edificante se nossos homens públicos entregassem seus cargos a partir do momento em que o bom senso e os interesses gerais lhes recomendassem considerar os problemas e as necessidades do país acima dos projetos pessoais e da obstinação renitente com a qual se apegam ao poder.
Evitariam, assim, o surgimento de males maiores que poderiam ter repercussões imprevisíveis para a população e para os os objetivos nacionais.
Atualmente, esta disposição entre eles está longe de se materializar. Na verdade, poucas vezes ela se manifestou ao longo das crises que eclodiram ao longo da nossa tumultuada república.
Os políticos e governantes que se engalfinham na atual e triste conjuntura nem pensam em renunciar voluntariamente, por mais que se torne claro que a retirada honrosa constitua a única solução para as questões ligadas à poluída atmosfera de corrupção e de malversação do dinheiro público, com consequências desastrosas, que somos obrigados a respirar.
Na verdade, hoje, mais do que nunca, estão priorizando querelas particulares, passando ao largo das angústias motivadas por suas ações erradas e insistindo em permanecer nas respectivas posições, corroendo, assim, a capacidade de resistência das instituições, o que pode conduzir a possíveis ruturas, com consequências graves.
Por que nosso homens públicos são assim?
Refletem eles o caráter meio cínico do povo que, afinal é quem os elege?
Tudo indica que o país convive com uma séria e generalizada crise de confiança e precisa urgentemente de uma reforma de valores, entre as muitas necessárias, e de novas posturas públicas de modo a fazer surgir uma sensação de ética, mesmo tênue, hoje inexistente.
27 de novembro de 2015
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
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