O presidente do PT, Rui Falcão, disse nesta quinta-feira (26) que há diferença entre o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto e o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), ambos presos no âmbito da Operação Lava Jato.
Questionado por que não manifestou ao senador, preso nesta quarta (25) acusado de atrapalhar as investigações do esquema de corrupção na Petrobras, a mesma solidariedade dedicada a Vaccari, Rui afirmou: "Existe uma diferença clara entre atividade partidária e não partidária".
Após a prisão de Delcídio, o presidente do PT emitiu nota para dizer que o partido "não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade" a ele. Segundo Falcão, que se diz "perplexo" com os fatos que levaram o Supremo Tribunal Federal a ordenar a prisão do senador, as tratativas atribuídas a Delcídio "não têm qualquer relação com sua atividade partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado".
Na avaliação do PT, Vaccari agiu em nome do partido. Delcídio, não. O presidente do partido não quis comentar as críticas que recebeu da bancada do partido por ter negado solidariedade ao petista.Na nota, Falcão sinalizou ainda com a hipótese de abertura de um processo na comissão de ética do PT, o que poderia culminar com a expulsão de Delcídio.
"É natural [essa reação negativa da bancada]. Só vou me manifestar agora na reunião da Executiva do partido", disse, recomendando que os jornalistas ouçam o líder da bancada sobre a reação à nota.
Falcão disse que ainda não há data para a reunião em que será discutida a situação de Delcídio.O presidente do partido participa de evento realizado pela CUT, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e fechado à imprensa. Lula entrou na sede da central sem dar declarações.
O CASO
Nesta quarta (25), pela primeira vez desde a redemocratização, em 1985, o Supremo Tribunal Federal mandou prender um senador no exercício de seu mandato. Delcídio do Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado, foi detido de forma preventiva pela Polícia Federal acusado de obstruir as investigações da Operação Lava Jato. A Corte ordenou ainda a prisão temporária de André Esteves, principal sócio do banco BTG, com validade de cinco dias. A prisão de Delcídio é preventiva, sem data para ser relaxada.
Relator da Lava Jato, o ministro Teori Zavascki afirmou que o petista ofereceu mesada de R$ 50 mil para que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró não fechasse acordo de delação premiada. Além disso, Esteves garantiria outros R$ 4 milhões.
O esquema, que envolveria a fuga de Cerveró para a Espanha, via Paraguai, foi revelado a partir de uma gravação feita às escondidas por Bernardo, filho do ex-diretor. A gravação revela diálogos com a participação de Delcídio e do advogado Edson Ribeiro, que também teve a prisão decretada.
Preso em Curitiba, Cerveró acertou sua delação premiada. Uma das acusações que ele faz é a de que a presidente Dilma Rousseff sabia de irregularidades na Petrobras. O potencial explosivo das revelações que Cerveró ainda poderá fazer preocupa o governo.
27 de novembro de 2015
in coroneLeaks
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