Morto hoje, vítima de um câncer, o petista José Eduardo Dutra, ex-presidente do PT e da Petrobrás, era acusado pelo ex-deputado e ex-presidente do PP Pedro Corrêa de ter conhecimento do petrolão.
Preso desde abril na Operação Lava-Jato, Corrêa negocia com o Ministério Público um acordo de colaboração que, se confirmado, fará com que ele entre para o programa de delação premiada.
Em seus depoimentos, apontou Dutra, então presidente da Petrobrás, como participante de uma reunião realizada no Planalto com Lula, integrantes da cúpula do PP e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Em pauta, a nomeação de Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da Petrobras.
Pedro Corrêa, José Janene e o deputado Pedro Henry, então líder do PP, defendiam a nomeação. Dutra, pressionado pelo PT, que também queria o cargo, resistia, sob a alegação de que não era tradição no órgão substituir um diretor com tão pouco tempo de casa. Lula, segundo Corrêa, interveio em nome de Paulo Roberto Costa, mais tarde tratado pelo petista como o amigo "Paulinho". "Dutra, tradição por tradição, nem você poderia ser presidente da Petrobras, nem eu deveria ser presidente da República. É para nomear o Paulo Roberto. Tá decidido", disse o presidente, de acordo com o relato do ex-deputado Corrêa.
Em seguida, Lula ameaçou demitir toda a diretoria da Petrobras, Dutra inclusive, caso a ordem não fosse cumprida. Ao narrar o episódio, Corrêa ressaltou que os envolvidos tinham consciência de que o objetivo era instalar na estatal operadores para arrecadar dinheiro e fazer caixa de campanha. Peça-chave nessa engrenagem, "Paulinho" não era uma invenção do PP, mas uma criação coletiva tirada do papel graças ao empenho do presidente da República, e com conivência de Dutra. A criação coletiva, que desfalcou pelo menos 19 bilhões de reais dos cofres da Petrobras, continuou a funcionar no mandato e nas campanhas de Dilma Rousseff - Dutra foi, inclusive, coordenador da corrida presidencial de 2010.
José Eduardo Dutra teria chance de falar o que sabia. O ministro Teori Zavascki, do Supremo, havia autorizado que a Polícia Federal o ouvisse em inquéritos que compõem a Lava-Jato.
04 de outubro de 2015
in aluizio amorim
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