Aonde chegaremos depois de completada a longa travessia que se faz tão ansiada, já que promete um porto seguro?
As águas estão agitadas, correm velozes; trovoadas, raios e nuvens negras nos mostram que está se formando uma tempestade; chuva forte, com granizo, castiga a praia insegura.
As ondas são altas, o embarque foi difícil, mas a nave, que já se faz antiga, meio desmantelada, carcomida pelo tempo e pelo descuido, está lotada.
Estamos sem comandante. Perdão, não é isso. Na realidade, temos dois comandantes que passam seu tempo a disputar o leme. Mas não dão, porque não conseguem, a partida.
“La Nave É In Partenza!” é o que por três vezes nos foi prometido pelo sistema de som muito rouco. “Em verdade te digo que esta noite, antes de cantar o galo, três vezes me negarás”. (Mateus 26:33-35). Três vezes!
A tripulação, a maior de todos os navios internacionais, é Bom Bril. Seus membros servem em todas as áreas, passam de uma para outra do dia para a noite. São especialistas em tudo, o que significa que não são peritos em nada.
Mas agitam ainda mais a embarcação. Uns querem que enfrentemos de qualquer modo a tempestade. Outros preferem que fiquemos ancorados à espera da calmaria que sucede o mau tempo.
Será que conseguiremos que a maioria decida? Você acredita nisso ou põe sua fé no tilintar de moedas? Que estão sob o jugo de Joaquim, o Fala Doce?
Jaques, o Wagner, ex-chefe da Defesa, acha melhor acalmar os ânimos. Aciona o segundo-tenente músico Jefferson, amado cônjuge da ex-tripulante Ideli e diz-lhe que faça a orquestra de bordo atacar de ‘Valsa do Adeus’. Quem sabe inspira, pensa ele?
A música alcança os céus enquanto Aldo, o Esportista, que nos defenderá caso encontremos nossa Trafalgar pela frente e Mercadante, o Simpatia, que cuidará da Educação nas novas terras, tentam se livrar das ondas que agora já atingem mais de 20 metros. Aguardam com impaciência aquele que cuidará da Saúde, dos tripulantes, e olhe lá... Ele vem de terras secas, vem a pé, mas vem.
Cunha, o Suíço, e Renan, o Cabeleira, estão à beira de um ataque de nervos. Pansera, o Linguarudo, resolve calar em nome da Ciência.
Menicucci, a Feminista, e Campello, a que Desenvolve, arrumam suas mochilas, bagagem leve já que não sabem se ficam na proa ou na popa do navio.
Passageiros, somos muitos, de todo o tipo, de todo feitio. Diversos gêneros, origem variada, nomes em nski; kov; ley; eira; gna; ette...
Precisamos de alguém que nos oriente. Será que Janine, o Breve, que passou pelo coração do Poder, há de transmitir o que apreendeu? Creio que não. É muito jovem para ser tão arrojado.
Prefiro seguir Hélio Bicudo, jurista lúcido e destemido, que a idade só abrilhantou. Ele sabe o que diz, como dizer e por quê diz.
Mas devo domar o defeito que mais me prejudica, a impaciência: esperar, esperar, esperar... Com fé e determinação. Que venha o que Deus acha que nos deve enviar.
‘O que for, quando for, é que será o que é’. (Fernando Pessoa, como Alberto Caeiro)
04 de outubro de 2015
Maria Helena R R de Sousa
As águas estão agitadas, correm velozes; trovoadas, raios e nuvens negras nos mostram que está se formando uma tempestade; chuva forte, com granizo, castiga a praia insegura.
As ondas são altas, o embarque foi difícil, mas a nave, que já se faz antiga, meio desmantelada, carcomida pelo tempo e pelo descuido, está lotada.
Estamos sem comandante. Perdão, não é isso. Na realidade, temos dois comandantes que passam seu tempo a disputar o leme. Mas não dão, porque não conseguem, a partida.
“La Nave É In Partenza!” é o que por três vezes nos foi prometido pelo sistema de som muito rouco. “Em verdade te digo que esta noite, antes de cantar o galo, três vezes me negarás”. (Mateus 26:33-35). Três vezes!
A tripulação, a maior de todos os navios internacionais, é Bom Bril. Seus membros servem em todas as áreas, passam de uma para outra do dia para a noite. São especialistas em tudo, o que significa que não são peritos em nada.
Mas agitam ainda mais a embarcação. Uns querem que enfrentemos de qualquer modo a tempestade. Outros preferem que fiquemos ancorados à espera da calmaria que sucede o mau tempo.
Será que conseguiremos que a maioria decida? Você acredita nisso ou põe sua fé no tilintar de moedas? Que estão sob o jugo de Joaquim, o Fala Doce?
Jaques, o Wagner, ex-chefe da Defesa, acha melhor acalmar os ânimos. Aciona o segundo-tenente músico Jefferson, amado cônjuge da ex-tripulante Ideli e diz-lhe que faça a orquestra de bordo atacar de ‘Valsa do Adeus’. Quem sabe inspira, pensa ele?
A música alcança os céus enquanto Aldo, o Esportista, que nos defenderá caso encontremos nossa Trafalgar pela frente e Mercadante, o Simpatia, que cuidará da Educação nas novas terras, tentam se livrar das ondas que agora já atingem mais de 20 metros. Aguardam com impaciência aquele que cuidará da Saúde, dos tripulantes, e olhe lá... Ele vem de terras secas, vem a pé, mas vem.
Cunha, o Suíço, e Renan, o Cabeleira, estão à beira de um ataque de nervos. Pansera, o Linguarudo, resolve calar em nome da Ciência.
Menicucci, a Feminista, e Campello, a que Desenvolve, arrumam suas mochilas, bagagem leve já que não sabem se ficam na proa ou na popa do navio.
Passageiros, somos muitos, de todo o tipo, de todo feitio. Diversos gêneros, origem variada, nomes em nski; kov; ley; eira; gna; ette...
Precisamos de alguém que nos oriente. Será que Janine, o Breve, que passou pelo coração do Poder, há de transmitir o que apreendeu? Creio que não. É muito jovem para ser tão arrojado.
Prefiro seguir Hélio Bicudo, jurista lúcido e destemido, que a idade só abrilhantou. Ele sabe o que diz, como dizer e por quê diz.
Mas devo domar o defeito que mais me prejudica, a impaciência: esperar, esperar, esperar... Com fé e determinação. Que venha o que Deus acha que nos deve enviar.
‘O que for, quando for, é que será o que é’. (Fernando Pessoa, como Alberto Caeiro)
04 de outubro de 2015
Maria Helena R R de Sousa
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