"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 16 de agosto de 2015

LOGO SE ROMPERÁ O CÍRCULO DE GIZ




Na vida e na economia, existem distorções que o Lula não conseguiu evitar e que Dilma parece  não querer. São falsas verdades vindas do passado, praticadas por Fernando Henrique, Fernando Collor, José Sarney e  antecessores, sabe-se lá desde quem. Trata-se de um engodo, um expediente, uma vigarice criada para manter intacta a divisão entre uns poucos  privilegiados e muitos sofredores. Um círculo de giz traçado pela intolerância em torno da fragilidade de todos nós.
Porque permanece o raciocínio  abominável de que, no Brasil, a felicidade e o bem comum  surgirão apenas com educação para todos, nada mais sendo obrigação do Estado e de seus artífices. É mentira. Vamos supor que sem exceção nossas crianças tenham  acesso ao ensino básico, médio e até universitário. Estarão credenciadas para ingressar no mundo do trabalho digno e produtivo, capaz de gerar uma sociedade igualitária e feliz? Nada feito.
Porque as elites e os governos por elas formados lavam as mãos diante de tudo o mais que se desata à frente da educação, acrescentado a livre competição como seu corolário. Sentem-se desobrigados de outras contribuições, apesar da necessidade de sequência no processo iniciado com a escola.  partir do diploma para todos, ainda que hoje mero sonho de noite de verão, estarão resolvidas as agruras do país? Só para os privilegiados, aqueles que pelo berço e pela riqueza nem precisariam competir.
E O TRABALHO?
A imensa maioria necessita  encontrar trabalho, daí  lançar-se numa feroz disputa que leva o conjunto a arreganhar presas e acionar garras, uns contra os outros, já que o poder público e as elites desligam-se de demais  preocupações com todos. Cada qual que se vire, mesmo precisando pisar no semelhante e até vangloriar-se da crueldade. Será esse o oxigênio da sobrevivência das minorias, mesmo sob a capa do cumprimento de seu dever ensejando educação para todos. São cooptados para essa distorção muitos dos que conseguiram alcançar o objetivo, ignorando haver-se tornado marionetes dos que realmente controlam a sociedade.
Continuar criando condições para os iludidos, educados e diplomados conquistarem trabalho digno e produtivo seria dever dos  privilegiados, mas se assim agissem estariam sepultando seus privilégios e sua condição de feitores do processo social. Daí o artifício da livre competição.
DIREITO INALIENÁVEL
Por certo que a capacidade e a disposição de cada indivíduo influenciam a construção de seu futuro, mas o mínimo contido no primeiro patamar, no caso a educação para todos, se viesse a ser conquistado, precisaria alçar-se ao patamar seguinte, na forma de trabalho igualmente estendido a todos. Jamais como dádiva, favor ou prêmio, mas como direito inalienável do ser humano. Mendigar um emprego, como está acontecendo, contraria a lógica e a ética. É, no entanto, a ferramenta que mantém o controle de poucos sobre muitos. Até o  desemprego, hoje, serve aos interesses da minoria empenhada em preservar suas benesses.
Alegam serem essas as leis do mercado, isto é, cada um que abra seucaminho na selva intransponível da livre competição entre quantidades distintas, imposta à maioria por enquanto impotente. O problema para os donos do poder é que aumenta a cada dia o número dos injustiçados e marginalizados. Graças à educação, suprema ironia para as elites, toma-se cada vez mais consciência da necessidade de ser rompido o círculo de giz. Cedo ou tarde.

16 de agosto de 2015
Carlos Chagas 

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