Enquanto bombas de retardamento explodem no ministério, pois os episódios Marta Suplicy e Gilberto Carvalho são apenas o começo, a presidente Dilma hesita entre restaurar o velho ou criar o novo.
Mesmo do outro lado do mundo, primeiro no Golfo Pérsico, depois na Austrália, de onde só volta segunda-feira, ela não sabe se entrega o governo aos partidos, como durante os últimos quatro anos, ou se declara independência e escolhe os melhores em cada setor, sem vinculações partidárias.
Por enquanto parece prevalecer a primeira opção, cuja consequência seria a reaproximação da presidente com o Lula, na verdade o interlocutor do PT com os demais partidos.
O ministério continuaria um condomínio de poder, ainda que em contrapartida houvesse garantia de o palácio do Planalto contar com maioria parlamentar.
Só que Dilma permaneceria refém não só do antecessor, mas, em especial, do fisiologismo e da incompetência praticados pelos partidos.
No reverso da medalha, selecionando uma equipe capaz de agilizar a administração e afastar a sombra da recessão, justificaria sua permanência.
FAZENDA
A pedra de toque dessa muralha indefinida repousa no ministério da Fazenda, onde, por uma dessas coincidências da política, um nome indicado pelo Lula também se acopla à necessidade de atender a exigência da escolha dos melhores. Trata-se de Henrique Meirelles, arrogante como a presidente, cioso de suas prerrogativas mesmo contra as tendências da chefe, mas em condições de trazer tranquilidade aos meios econômicos. No comando, ele atuaria com independência e desligado das pressões do PT e adjacências, mesmo teoricamente subordinado a Dilma.
Com o retorno da presidente, aguardam-se decisões para a próxima semana, mesmo se anunciadas na outra. O que não dá é Dilma ficar hesitando entre o velho e o novo, ainda que sem a garantia de sucesso. Seria bom ela não demorar muito a decidir-se, lembrando que nos estertores do governo Fernando Collor tenha sido composto um dos maiores ministérios que o Brasil formou. Só que atrasado…
CAPITAL EM FRANGALHOS
Brasília vive um de seus piores momentos, com greves estourando nos principais setores da administração pública. A cada dia funcionários de empresas de ônibus entram em greve, paralisando os transportes públicos e deixando a população à míngua.
Têm razão os motoristas e trocadores, porque não recebem salários, mas as empresas que não pagam sustentam não receber o que o governo local lhes deve. São bilhões que o governador derrotado, Agnelo Queiroz, não paga, por sua vez alegando falta de recursos.
Trata-se do fracasso do modelo capitalista vigente, onde a culpa é de todos, mas não é de ninguém. A intervenção no sistema de transportes públicos seria uma solução, mas coragem, quem há de ter? Nem o atual nem o futuro governador…
14 de novembro de 2014
Carlos Chagas
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