Para poder se considerar um país civilizado, não adianta o Brasil proclamar que é o quinto maior em território, o sexto em população e o sétimo em economia. Na verdade, falta muito para atingirmos essa ambicionada condição. Até chegar lá, precisaremos cuidar melhor de nossa gente, propiciando melhores condições de vida, através de investimentos em saúde, educação, segurança e desenvolvimento.
O problema é que os políticos não têm espírito público nem se preocupam em efetivamente defender o país e sua gente. De uns tempos para cá, o nacionalismo se transformou num sentimento negativo, que é visto com preconceito e desdém. Cada um que cuide de si, o resto não interessa.
O chamado caso de Lula e Rosemary Noronha é um dos melhores exemplos do baixo grau de civilização do país, mostrando que continuamos em estágio de subdesenvolvimento social, cultural e político.
UM AMOR DURADOURO
Rose era uma bela jovem de classe média baixa, que não concluiu o ensino médio e trabalhava como auxiliar de escritório no Sindicato dos Bancários de São Paulo, onde conheceu em 1993 o sindicalista Luiz Inácio da Silva, que era casado mas se tornou seu amante e iria mudar a vida dela.
Vinte anos depois, Lula se tornou presidente da República e a estrela de Rose começou a brilhar mais intensamente, na condição de segunda-dama. Como todos sabem, Lula a nomeou chefe do escritório regional da Presidência da República em São Paulo e ela passou a ter forte influência no governo, empregando parentes e amigos em cargos de elevada remuneração.
O caso amoroso era bastante conhecido entre as autoridades mais ligadas a Lula, pois Rose fazia companhia a ele em todas as viagens internacionais nas quais a primeira-dama Marisa Letícia estava ausente. Em apenas dois anos, foram mais de 20 excursões ao exterior, a bordo do Aerolula, em visita a 31 países.
OPERAÇÃO PORTO SEGURO
Rosemary só perdeu o brilho quando a Polícia Federal a indiciou na Operação Porto Seguro, desencadeada no início de dezembro de 2012, acusada de enriquecimento ilícito por intermediar negócios escusos em agências reguladores e ministérios.
O processo foi aberto pela Justiça Federal, mas dois anos já se passaram e até hoje não houve julgamento. Assim, Rosemary continua na mesma vida de antes, porque seu companheiro Lula jamais a abandonou. Muito pelo contrário, Rosemary agora é sustentada pelo Instituto Lula, que também se encarrega de pagar os quatro escritórios de advocacia que a defendem, sob supervisão direta de Lula.
A única novidade no caso é a decisão do Superior Tribunal de Justiça, que mandou o Planalto revelar a movimentação do cartão corporativo de Rosemary, fato que representará mais um escândalo, porque ela fez gastos pessoais absurdos no Brasil e no exterior.
EXEMPLO DA ALEMANHA
Quando falamos em estágios de civilização ainda não alcançados pelo Brasil, um bom exemplo é a Alemanha. A governante Angela Merkel é casada com o químico quântico Joachim Sauer, professor titular da Universidade Humboldt, em Berlim.
Ela viagens não oficiais, ela segue no avião do governo, mas o marido não a acompanha. Prefere viajar num voo comum, porque sai muito mais barato. No avião do governo, só viajam funcionários em missões oficiais. Qualquer pessoa estranha tem de pagar mais de dez vezes o preço de uma passagem normal. Além disso, em viagem não oficial, o governo alemão não paga hospedagem nem mesma da governante.
As comparações com os presidentes brasileiros são inevitáveis e decepcionantes. Como se sabe, além da presidente Dilma levar toda a família para viagens de férias e finais de semana prolongados, usando sempre o avião da presidência da República, ainda se hospeda em instalações militares com tudo pago pelos cofres públicos – para ela e a trupe que a acompanha.
ROSE RECEBIA DIÁRIAS
O então presidente Lula era ainda mais generoso com os recursos públicos. Além de levar toda a parentada, permitia que os filhos dessem caronas a amigos em voos da FAB. E o pior era que, nas suas viagens de lua-de-mel a bordo inteiramente pagas pelo contribuinte, o governo ainda autorizava Rosemary a receber pagamento de diárias, por estar em “viagens oficiais”.
Estas diferenças entre Brasil e Alemanha deveriam ser mais divulgadas pela imprensa brasileira. São lições de ética e de defesa do interesse público, que nosso atual estágio de civilização ainda desconhece.
Carlos Newton
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