A morte de Eduardo Campos tem diferentes dimensões e impactos --da tragédia pessoal de um jovem de 49 anos e pai de cinco filhos à perda de uma liderança capaz de quebrar a polarização PT-PSDB e viabilizar uma terceira via na política brasileira.
Campos era um líder que sabia conjugar políticas de inclusão social com o estímulo ao investimento, ciente de que o aumento da arrecadação de tributos gerado pelo crescimento econômico possibilita a expansão dos programas sociais, que, junto com a criação de emprego pelo setor privado, é o caminho mais eficaz para melhorar o padrão de vida da população e a distribuição de renda.
Ele defendia mais eficiência da máquina pública e declarou repetidas vezes nesta campanha que via o setor privado como o grande produtor de riqueza nacional. Por isso, pregava a adoção de regras claras, políticas transparentes e postura fiscal conservadora, elementos que dão segurança para o setor privado investir no aumento da produção e da produtividade.
Sua postura é rara no Brasil. Infelizmente, persiste em setores do pensamento brasileiro, inclusive no seu próprio partido, a crença, já superada em países de maior sucesso econômico, de que um governo com preocupações sociais precisa ser antinegócios e antimercado, prevalecendo uma visão restritiva e dirigista em relação ao setor privado --uma herança da tradição marxista de que o lucro seria uma apropriação indébita da riqueza dos trabalhadores.
O colapso do bloco soviético mostrou de forma inapelável a falência desse sistema e as limitações do Estado produtor. E estimulou a busca da eficiência econômica e da capacidade do setor privado de gerar riqueza e lucros. São eles que propiciam recursos, via arrecadação, para sustentar programas sociais, a educação e a saúde pública. E ainda financiam os investimentos geradores de empregos, que são o grande distribuidor de renda.
Apesar das evidências históricas, ainda temos na América Latina grande dificuldade com essa abordagem.
São frequentes as intervenções que vão muito além do papel regulador do Estado, com expansão de estatais e interferência no sistema de preços, entre outros.
Na década passada, o Brasil teve estabilização econômica, políticas macroeconômicas saudáveis e liberdade de investir e empreender. Elas geraram crescimento, emprego e mais arrecadação, que por sua vez permitiram ao governo implementar políticas de inclusão social eficazes e abrangentes.
Apesar de seu sucesso, parte importante do pensamento brasileiro não se convenceu. Por isso a perda de Campos, para além da tragédia humana, é tão importante do ponto de vista político e econômico.
23 de agosto de 2014
Henrique Meirelles, Folha de SP
Campos era um líder que sabia conjugar políticas de inclusão social com o estímulo ao investimento, ciente de que o aumento da arrecadação de tributos gerado pelo crescimento econômico possibilita a expansão dos programas sociais, que, junto com a criação de emprego pelo setor privado, é o caminho mais eficaz para melhorar o padrão de vida da população e a distribuição de renda.
Ele defendia mais eficiência da máquina pública e declarou repetidas vezes nesta campanha que via o setor privado como o grande produtor de riqueza nacional. Por isso, pregava a adoção de regras claras, políticas transparentes e postura fiscal conservadora, elementos que dão segurança para o setor privado investir no aumento da produção e da produtividade.
Sua postura é rara no Brasil. Infelizmente, persiste em setores do pensamento brasileiro, inclusive no seu próprio partido, a crença, já superada em países de maior sucesso econômico, de que um governo com preocupações sociais precisa ser antinegócios e antimercado, prevalecendo uma visão restritiva e dirigista em relação ao setor privado --uma herança da tradição marxista de que o lucro seria uma apropriação indébita da riqueza dos trabalhadores.
O colapso do bloco soviético mostrou de forma inapelável a falência desse sistema e as limitações do Estado produtor. E estimulou a busca da eficiência econômica e da capacidade do setor privado de gerar riqueza e lucros. São eles que propiciam recursos, via arrecadação, para sustentar programas sociais, a educação e a saúde pública. E ainda financiam os investimentos geradores de empregos, que são o grande distribuidor de renda.
Apesar das evidências históricas, ainda temos na América Latina grande dificuldade com essa abordagem.
São frequentes as intervenções que vão muito além do papel regulador do Estado, com expansão de estatais e interferência no sistema de preços, entre outros.
Na década passada, o Brasil teve estabilização econômica, políticas macroeconômicas saudáveis e liberdade de investir e empreender. Elas geraram crescimento, emprego e mais arrecadação, que por sua vez permitiram ao governo implementar políticas de inclusão social eficazes e abrangentes.
Apesar de seu sucesso, parte importante do pensamento brasileiro não se convenceu. Por isso a perda de Campos, para além da tragédia humana, é tão importante do ponto de vista político e econômico.
23 de agosto de 2014
Henrique Meirelles, Folha de SP
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