C: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar (o contribuinte) já não é possível.
Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço...
M: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão.
Mas o Estado... o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem!
C: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo ? Contudo, precisamos de dinheiro.
E como é que havemos de o obter se já criamos todos os impostos imagináveis?
M: Criam-se outros.
C: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
M: Sim, é impossível.
C: E então os ricos?
M: Sobre os ricos também não. Eles deixariam de gastar. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
C: Então como havemos de fazer?
M: C! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente situada entre os ricos e os pobres: São os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tiramos. É um reservatório inesgotável.
Esse diálogo aconteceu em 1661, durante o reinado de Luís XIV, entre Colbert, ministro de Estado e da economia do rei, e Mazarino, cardeal e estadista italiano que serviu como primeiro ministro na França. Notável colecionador de arte e jóias, particularmente diamantes, deixou por herança os “diamantes Mazarino” para Luís XIV, alguns dos quais permanecem na coleção do museu do Louvre em Paris.
04 de maio de 2014
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