Artigos - Cultura
Há muita confusão no discurso político hodierno. “Ex”-comunistas russos se parecem cada vez mais com os conservadores. O mesmo pode ser dito de “ex”-comunistas dos Estados Unidos.
Todos eles apresentam um bom tom anticomunista, pois, afinal de contas, o comunismo está morto e existe apenas (conforme nos disseram) nas faculdades.
A maioria das pessoas está focada em aquecimento global, multiculturalismo e direitos homossexuais.
Ninguém parece notar que aquecimento global, multiculturalismo e direitos homossexuais são artefatos da religião supostamente “morta” (cujos acólitos se tornaram – com propósito enganoso – “conservadores”).
Pois bem, há alguns de nós – uma minoria – que percebeu isso. Como membro dessa minoria, sinto como se um gélido deserto tivesse me sobrepujado. Não me sinto representado pelas grandes instituições ou pelos “bem-pensantes” conservadores.
E assim, quando foi publicada a obra American Betrayal [A traição americana, tradução livre], cuja autoria é de Diana West, e ela recebeu atenção favorável, fiquei animado e esperançoso. Mas então eis que, previsivelmente, os críticos badalados da esquerda alternativa (i.e. a direita do Partido Republicano) começaram a atacar o livro de West, a começar por David Horowitz e Ronald Radosh.
Passou então a existir um grande esquema que tenta matar o livro, afinal, ele estava recebendo muita atenção e só Deus sabe o que teria acontecido se alguém não tivesse intervindo.
Tudo começou quando o Sr. Horowitz retirou do website da revista FrontPage uma resenha positiva feita por ele do livro de West e colocou outra no lugar de teor negativo intitulada McCarthy On Steroids [McCarthy anabolizado, tradução livre] de autoria de Ronald Radosh.
Quando Radosh mostra a que veio, logo se vê que ele é uma espécie de leão de chácara da esquerda alternativa. Ele alega que o livro de West é cheio de “teorias conspiratórias típicas de meios sensacionalistas”.
Quanto a própria Sra. West, ele a descreve como uma “herdeira” de Joseph McCarthy e, além disso, ataca o método de pesquisa dela. Enfim, não foi uma resenha. Foi uma fraca e desonesta tentativa de colocar o público contra a autora.
Não é de se estranhar que Radosh tenha sido retoricamente empalado pelo historiador M. Stanton Evans na ocasião da resenha do livro Blacklisted by history, que dissertou acerca da “extensa ausência de conhecimento de Radosh [que] se evidenciou ainda mais pelas estranhas invenções que foram usadas para dourar o texto”.
Evans cogitou sobre como é possível que um completo afetado poderia se colocar na posição de “juiz do Olimpo” em um assunto que pouco conhecia. Evans meditou: “é um grande enigma”. Embora o sujeito afetado e rancoroso tenha sido exposto como o incompetente sem noção que é, não houve qualquer pedido de desculpas ou reparação por parte do Sr. Horowitz.
Quando foi oferecida a chance ao Sr. Horowitz para que ele revisse sua posição, ele se escondeu num buraco mais fundo ainda. Durante uma sessão de perguntas e respostas na Heritage Foundation, Horowitz foi desafiado nesse tópico pelo Dr. Sebastian Gorka.
A seguir uma transcrição:
Sebastian Gorka: Eu estou com a FDD – Foundation for Defense of Democracies [Fundação pela Defesa das Democracias, tradução livre]. Meu pai recebeu uma sentença de prisão perpétua dos comunistas [...] e me é plausível a ideia de que os comunistas perderam nos anos 1960 mas venceram – e vêm vencendo – de maneira oculta desde então. Levando em conta sua apresentação, me parece claro que somos uma minúscula minoria quando se trata do entendimento profundo da história.
Talvez as pessoas estejam mais preocupadas com seus planos de saúde alijando-as [...] pois entender os bastidores da história atual, é coisa para poucos de nós. Dada a sua reputação, todas as suas conquistas e os dez volumes de artigos, me parece ser pouco estratégico atacar alguém que está do mesmo lado que você.
Você poderia nos dizer por qual motivo bateu em alguém cujos escritos eu vejo, sendo um Ph.D. que leciona em universidades, como uma contribuição historicamente importante; ataque esse que, por sinal, voltou a dividir a direita. Se você tem problemas com a qualidade técnica de Diana West, você que dê uma bronca nela abordando esse ponto; agora, ataques ad hominem que destroem a unidade do nosso grupo não nos trará mais força em 2016.
David Horowitz: [...] Sou uma pessoa muito ocupada [...] e, portanto, não monitoro a FrontPage[...] Tivemos um artigo resenhando a obra American Betrayal de Diana West. Foi visto como um endosso [do que eu penso]. Sabia que seria lido [...] como um endosso. Eu dei uma olhada no livro – na verdade Ron Radosh me ligou e deu o alerta [...] então eu peguei o livro para ler e, ao meu ver, é um livro demasiadamente ruim que vejo como uma ameaça a tudo que fizeram eu, Radosh e todos os conservadores que desenterraram informações de arquivo sobre a influência comunista. Mas eu não ataco as pessoas da direita. Então eu removi a resenha [...]. Esse livro é uma completa reinterpretação da Segunda Guerra baseada na presença de agentes soviéticos, comunistas, [...] simpatizantes e companheiros de viagem na administração Roosevelt.
Então informei Diana que eu removera a resenha, pois não queria que me vissem como alguém que endossasse aquilo e que se ela quisesse uma réplica ela poderia ter quanto espaço quisesse. Eu esperava criar um debate entre ela e Radosh. Sou um grande entusiasta do diálogo e do debate intelectual. Ela rejeitou a oferta e partiu para o ataque. Ela me chamou de totalitário, comissário [do Partido] e queimador de livros. Então, se você tem algum problema com o que você chama de 'guerra', saiba que a agressão vem da parte dela...
Se for para lembrar qualquer coisa dessa controvérsia, lembre pelo menos que Horowitz disse: “Mas eu não ataco as pessoas da direita”. Como, então, ele explica a publicação de um ataque total à reputação da Sra. West? Ele disse pessoalmente que o método da Sra. West é desleixado e que seu livro jamais deveria ter sido escrito. Ele disse que é “um livro demasiadamente ruim”.
Todos reconhecem a necessidade e a obrigação que cada um tem de se defender. Por que, então, a Sra. West deveria ser obrigada – como insinuou o Sr. Horowitz – a se defender no website dele e nos termos dele? Que tipo de egomaníaco ataca a integridade de uma pessoa, denigre sua reputação, desdenha da sua obra e espera que ela produza uma resposta que só irá dar mais publicidade para o próprio ofensor?
Naturalmente a Sra. West não poderia aceitar o convite de Horowitz para a FrontPage. Além do mais, temos olhos para ler a deselegante resenha do Sr. Radosh, o afetado desprovido de método que deu o primeiro tiro nessa dita “guerra”. (Ao meu ver, essa "guerra" não passou de um assalto mal feito em que o assaltante ficou gravemente ferido por golpes de bolsa da vítima).
Ainda mais escandalosa é a resenha de Radosh que não foi nem um pouco cavalheira; em vez disso, foi um desfile de insultos gratuitos temperados com mais de vinte falsificações (conforme documentado pela resposta da Sra. West disponível na Amazon como The Rebuttal: Defending 'American Betrayal' From the Book-Burners [Réplica em defesa do livro 'A traição americana' contra os queimadores de livros, tradução livre]).
Quanto à alegação de ad hominem na resposta da Sra. West ao Sr. Horowitz – se tem um focinho e grunhe, o codinome “porco” não é um ad hominem. Foi perfeitamente razoável por parte da Sra. West satirizar seus agressores como queimadores de livros e totalitários, pois eles usaram técnicas retóricas comunistas para cobrir rastros de comunistas subversivos – e para cobrir seus próprios rastros.
Não importa se o Sr. Horowitz e o Sr. Radosh são anticomunistas, não importa que tipo de comunistas eles são. Na conversa supracitada, o Dr. Sebastian Gorka sugeriu que Horowitz estava sendo pouco estratégico por estar obstinadamente dividindo uma minoria já dividida e atenuada de anti-esquerdistas ao atacar a Sra. West.
Todos sabemos que o Sr. Horowitz não é um idiota. Se ele não tinha intenção de dividir o já debilitado grupo, então por que ele atacou o livro de West? Bem, podemos então voltar à ideia de que ele é um idiota, mas antes façamos o papel de Advogado do Diabo por alguns parágrafos. Se o ataque a West foi empenhado inocentemente e sem qualquer intenção de dividir a direita conservadora, por que foi feito com tão pouca consideração pela verdade? Aha! Eis o x da questão.
As palavras de M. Stanton Evans e a refutação da Sra. West revelam uma intenção após a outra do Professor Radosh, uma flagrante falsificação atrás da outra endossada pelo Sr. Horowitz. Qualquer um pode clicar nos links acima, ir até as fontes e ler.
Continuando a fazer o papel de advogado do diabo, apelo agora à álgebra da estratégia soviética e da subversão comunista. Os comunistas sempre se infiltram entre seus opositores. Eles sempre tentam tomar o campo inimigo desde dentro.
Naturalmente, portanto, há tempos atrás eles já alvejam os grupos conservadores americanos com o objetivos de tomá-los. Qualquer um que pense que não se fez isso está convidado a checar os livros de história. Isso é sempre feito: os comunistas sabotam ou induzem a oposição ao erro, dividem o inimigo para conquistá-lo, desviam o foco, difundem perigosos contra-movimentos e sempre plantam infiltrados.
Conforme dito no livro da Sra. West, os expositores da verdade dessa infiltração estão entre as primeiras e maiores vítimas das informações mentirosas espalhadas pelos próprios infiltrados. De acordo com West, “[A história] nos mostra como [...] ondas de informações falsas recobrem os fatos e deixam falsos rastros que reduzem o fato em si a escombros e dúvidas”.
Devemos nos perguntar nessa controvérsia: Quem está reduzindo o edifício dos fatos em escombros e dúvidas? Estamos diante da repetitiva, consciente e deliberada caluniação do mais importante livro anticomunista da nossa época.
As mentiras foram documentadas pela Sra. West e atestadas pelo Sr. Evans. Como disse antes, qualquer um pode checar os fatos. Mas eis como funciona a estratégia comunista: eles sempre contaram com a preguiça alheia. Eles sabem que os editores e resenhistas não checarão os fatos.
Eles sabem que todo mundo está ocupado. Eles esperam que o falso rastro de escombros e dúvidas corroam a posição da vítima conforme passa o tempo. No final de tudo, a única coisa que lembraremos é que McCarthy é cruel e que Diana West foi a “herdeira” dele.
Não há meio termo aqui. Atacar de maneira desonrada pode-se desculpar como lapso momentâneo. Repetir o ataque de novo e de novo não é um lapso. É uma política. E quando essa política corresponde ao uso do inimigo, e ela está em conformidade com os requisitos estratégicos desse mesmo inimigo, então você sabe quem está, em última análise, por trás dele. Não é falta de estratégia, é a própria estratégia.
Veja como Horowitz culpa a vítima pela própria agressão dele. Veja como ele responde a Sebastian Gorka sobre o assunto de “dividir” a direita. Com efeito, Horowitz diz: “Eu não dividi a direita, ela dividiu”. Horowitz tenta distorcer Diana West, e quando ela se defende, ele a culpa por dar início a uma “guerra”.
Certamente os leitores preguiçosos e os ouvintes incautos não lembrarão quem começou a guerra. Talvez culparão ambos os lados – o que é perfeitamente aceitável se a sua estratégia é “dividir e conquistar” a direita. Se você jogar lama o suficiente, alguma coisa no mínimo vai respingar. Os fatos e as notas de rodapé são irrelevantes para esse propósito. Tudo que precisa ser dito daí em diante é que American Betrayal é um livro “demasiadamente ruim”. Isso foi também, de acordo com Horowitz, “uma ameaça a tudo que fizeram eu, Radosh, e também a Harvey Klehr e John Ear Jones [...] etc., etc.”.
Não fique muito preso aos detalhes, aconselha Horowitz. Não se preocupe com a prova que veio de uma pesquisa. Ouça o árbitro do Olimpo. Ouça as distorções, o ataque ad hominem e tudo isso até que tudo se misture numa coisa só. Em breve, todo aspirante a crítico repetirá o mantra.
Eis a nova arquitetura daquilo que West chama de “a câmara de ressonância da apologética comunista”.
A única diferença é que agora se trata de uma câmara de ressonância “conservadora”, com Vladimir Putin como um dos ecos conservadores.
West pergunta: “Quem roubou a história?”. Como advogado do diabo eu pergunto: “Quem roubou o conservadorismo?” e quem traiu a América? “A frase 'trair a nação' tem uma característica arcaica para muitos de nós”, disse West. “A própria palavra 'traição' é um ato de exagero de alguma forma inapropriado para qualquer conjunto de circunstâncias...” E assim, quando o movimento conservador é traído e dividido pela dúvida e pela acrimônia, o que diz o Sr. Horowitz? Ela que começou! E além disso, ele nos assegura:
“Eu não ataco as pessoas da direita”. Na verdade ataca sim, Sr. Horowitz. E aqui você foi pego com a mão na massa. Sendo assim, para eles não importa mais se os ladrões estão no comando de tudo e se os mentirosos se tornaram guardiães da verdade. Eles têm grande reputação. Eles têm dinheiro. Chamar isso de “traição” é, conforme eles afirmam, um grosso exagero. Não há traições, há apenas “discordância”. Snowden discordou da NSA, isso é tudo.
Alger Hiss apenas discordou de Whittaker Chambers. Acreditamos num debate saudável, certo? Afinal, estamos em um país livre (por pouco tempo). Nisso tudo nos privamos da palavra “traição” quando eliminamos do nosso dicionário as corolárias palavras “traidor” e “inimigo”. Talvez um dia todos conservadores aprenderão o que aprendeu a Sra. West: que quando você é atacado diretamente por um David Horowitz não há equívocos.
É uma operação fria, sólida e implacável. Tão logo a guerra é declarada, acabam-se as trocas amigáveis. Outras pessoas dirão: “Oh, isso é apenas um mal entendido. É apenas um desacordo”. Mesmo que os inimigos se finjam de conservadores, cristãos ou democráticos, eles se mostrarão, no final das contas, como inimigos cujo jogo é fingir cada vez mais.
Eles se fingem de capitalistas, cristãos, democráticos e amantes da liberdade. Eles fingem querer debater. Eles fingem ser pesquisadores.
Como disse David Horowitz, “eu sou o único responsável pela decisão de remover a resenha positiva do livro [de Diana West] que apareceu originalmente na FrontPage e sobre a qual ela construiu sua contenda anti-FrontPage”.
A desorientação lograda nessa sentença é uma construção curiosa. Diana não constrói nada sobre a mera remoção de uma resenha positiva. Artista da retórica da desorientação, Horowitz leva a situação para longe da ultrajante desventura de Radosh. Em vez disso, ele a leva para o terreno de uma inocente “remoção”. Ao fazer isso, ele empilha uma confusão em cima da outra.
Os fatos podem ser ignorados e as razões simplificadas apenas se for com o objetivo de estupidificar e degradar o ouvinte. Uma sentença atrás da outra e um parágrafo atrás do outro podem deixar a mente do leitor desnorteada e transformar a realidade em algo estranho...
Dê uma cochilada, assista uma série de TV e esqueça os detalhes.
Eis uma lição estrategicamente importante: a linguagem honesta é preciosa. Ela torna possível a unidade e o acordo entre homens e mulheres de boa vontade. Contudo, o inimigo da unidade e do acordo coloca as palavras a serviço de um objetivo completamente diferente. O semeador de confusão, o assassino literário, usa palavras como armas.
Em um tópico no fórum Gates of Viena, Marten Gantelius fez um comentário fascinante: “Eu não tenho que ler toda a resenha do Sr. Radosh para concluir que o livro da Sra. West é uma obra de grande importância e competência”.
A razão para isso, explica Gantelius, é que ele foi um analista de linguagem profissional por vários anos. “Antes de considerar o contexto de um texto eu procuro nele aquilo que chamo de 'A linguagem da violência' e vejo quais métodos são usados”, continuou Gantelius.
Ele detectou essa “linguagem de violência” e disse apropriadamente: “O Sr. Radosh usa todo seu poder, conhecimento, experiência e contatos com um único objetivo: degolar a Sra. West”.
Usando a “linguagem da violência” os comunistas buscam dividir e conquistar. Eles dividem negros de brancos, ricos de pobres, mulheres de homens, filhos dos pais, etc. “O marxismo-leninismo é mais poderoso que uma metralhadora”, disse Mao Tsé-Tung. O marxismo-leninismo foi e é um letal coquetel de mentiras, distorções e confusões. É a matéria bruta do totalitarismo. Novamente digo a respeito da polêmica da Sra. West com o Sr. Horowitz: se tem um focinho e grunhe, o codinome “porco” não é um ad hominem.
Tendo lido American Betrayal e tendo entrevistado Diana West antes dessa controvérsia (ouça aqui), fui tomado de surpresa pela perversidade de Horowitz e Radosh. Se você ainda lembra algo dessa controvérsia, como disse antes, lembre antes de tudo das palavras de Horowitz: “Mas eu não ataco as pessoas da direita”. Isso basicamente serve para ilustrar a sistemática desonestidade do Sr. Horowitz. Não há desculpas. Não há como mitigar. Não há explicação alternativa.
Não sou um expert na “Linguagem da violência” de Gantelius, mas sou estudado em estratégia. Sei como detectar uma mentira, um subterfúgio ou um desonesto truque retórico. Tenha em mente que estamos falando da reputação de uma mulher. É sua obra, seu sustento e seus valores como pensadora e pesquisadora que foram contestados.
Então permita-me apresentar um exemplo de truque retórico do ensaio agressivo de Radosh no qual ele alega que West usou uma falsa anedota sobre George Elsey que “achou arquivos confidenciais na Sala de Mapas (da Casa Branca) dizendo que o presidente Roosevelt ingenuamente acreditava que podia confiar em Stálin...”.
Radosh escreveu que “[West] acredita que essa foi a prova cabal de que o presidente Roosevelt estava 'em conluio com a NKVD'”. Radosh então prosseguiu com o intuito de corrigir a dita descaracterização que West fez do presidente. Ao fazer isso, ele supostamente expôs a competência acadêmica de West ao dizer que esta é “infundada, ou pior”.
West desafiou essa alegação dizendo que a anedota de George Elsey não estava no livro dela. Para se certificar disso, West buscou na versão eletrônica do seu texto e não pôde achar a tal anedota em lugar algum (veja Se a FrontPage mentiu sobre isso, eles podem mentir sobre qualquer coisa).
De maneira desavergonhada, a resposta de Radosh na FrontPage fez um contra-desafio intitulado Diana West's Attempt to Respond (A tentativa de resposta de Diana West, tradução livre). “Talvez ela não tenha conseguido achar a anedota”, vocifera ele, “mas está lá em três lugares diferentes ela escrevendo como o presidente Roosevelt disse para Hopkins ir à cama de Molotov enquanto ele estava na Casa Branca para que assim ele pudesse se encontrar com o presidente...”.
Radosh então diz as três páginas: 129, 268 e 296. Então Radosh faz uma confusa e bizarra admissão: “Ela esqueceu [as três páginas citadas] por causa de um erro trivial [cometido por mim] que era para associar a anedota [...] à anedota sobre [Elsey]”.
Então Radosh, tendo cometido um erro sobre a anedota de Elsey, amplificou sua acusação para mais três páginas. E então abri o livro de West nas três páginas citadas e não achei nada da cama de Molotov nem nada sobre a dita mancada acadêmica.
Como West mesmo se explicou, “a anedota [sobre George Elsey ou sobre a cama de Molotov] não está em meu livro nem uma, tampouco três vezes”. E eu testemunho ao leitor neste momento que os humilhantes e amadores erros de Radosh ocorrem ao longo de todo o texto. Estude os textos e você verá o que Radosh fez e o que o Sr. Horowitz endossou.
Toda essa situação, na verdade, desacredita os agressores de West, cuja maliciosa inépcia é tão desgraçada quanto desprezível. Toda essa situação também desacredita os “bravos” pesquisadores e editores que, temendo a marca de Caim a qual foi atribuída à Sra. West, passam longe do livro dela, recusando-se a tomar lados no que acabou por se tornar uma controvérsia de crucial importância.
E por qual motivo ela é de crucial importância?
Parafraseando (ou citando parcialmente) o livro de West (p. 178), o espetáculo “em si mesmo está corrompendo, iniciando, ou talvez consolidando uma revolução bem mais profunda que o detalhismo” sobre a questão acadêmica, porquanto para Radosh e Horowitz a verdade já foi relegada ao patamar da insignificância.
O objetivo é enganar o leitor. A inépcia nos argumentos é transpassada como se fossem argumentos “conclusivos”. A história foi mutilada. Esses oblíquos (e ditos) anticomunistas espalham confusão e dúvida por todos os lados. Se essa polêmica prova algo, é que eles são da esquerda.
Dar espaço a esses monstros no movimento conservador é “ceder a terra firme da moralidade objetiva e do juízo baseado na realidade”. É assim que eles distorcem os fundamentos conservadores e é assim que eles continuarão a distorcer. É uma política óbvia, como já disse.
Um imperador “conservador” ersatz [N.T.: substituto de segunda mão] usurpou o trono do juízo. Ele acenou o polegar para baixo quanto à Diana West.
O livro “jamais deveria ser escrito”, disse o imperador Horowitz. “É um livro demasiadamente ruim”. É o mesmo veredicto pronunciado contra o senador Joseph McCarthy pelo “tribunal canguru de opiniões da elite”. Para isso acontecer é necessário que a verdade objetiva e a integridade intelectual tenham morrido na América. Sem essa morte, a decência comum jamais poderia ser neutralizada. E veja só quem a está neutralizando agora.
Diferente dos seus críticos, Diana West não fica na cadeia intelectual do carreirismo, da subserviência e da contemporização. Já Horowitz, por sua vez, tem se movido de um confinamento ideológico para outro. Um prisioneiro que guarda seu campo de respeitabilidade com um olho no prevalecente pensamento coletivo de centro-direita (que ele, como um deus, espera moldar). A pose moral dele é uma fraude.
Ele está muito ocupado jogando o jogo e elevando sua carreira para ter tempo de sentar serenamente, pensar e repensar as questões que aparecem a ele. Ele está muito ocupado para descobrir o que encontrou Diana West, isto é, “uma infiltração comunista criminosa que passou despercebida e não foi sequer imaginada e, portanto, influenciou [...] na formação da América nesse brilhante momento da situação mundial”. E esse momento brilhante foi a Segunda Guerra Mundial.
No começo do seu livro, West pergunta por que os “bastiões da civilização ocidental” foram derrubados. Esses bastiões são o cristianismo, o patriarcado, a família e “todas as salvaguardas da nacionalidade da tradição cultural”. Ela rastreia as ideias que minaram esses bastiões e busca um fim em comum ao qual elas partilham. Evidentemente se tratava do mesmo “fim ao qual aspirava a defunta URSS”.
A Sra. West é uma das mais importantes escritoras sobre as consequências morais e estratégicas da infiltração comunista no governo americano. O livro dela é cheio de insights, corroborações de fatos e nuances psicológicas. Como qualquer um pode ver, seus críticos se qualificam numa gama de deturpações recheadas de análises absurdas, referências distrativas e digressões irrelevantes.
Há uma grande confusão no nosso discurso político hodierno. “Ex”-comunistas na Rússia têm se parecido cada vez mais com conservadores. O mesmo pode se dizer dos “ex”-comunistas dos Estados Unidos. Todos têm algo anticomunista interessante a dizer, mas algumas vezes uma “boa conversa” pode vir recheada de veneno.
04 de maio de 201
Jeffrey Nyquist
Tradução: Leonildo Trombela Junior
A Sra. West é uma das mais importantes escritoras sobre as consequências morais e estratégicas da infiltração comunista no governo americano. O livro dela é cheio de insights, corroborações de fatos e nuances psicológicas.
Há muita confusão no discurso político hodierno. “Ex”-comunistas russos se parecem cada vez mais com os conservadores. O mesmo pode ser dito de “ex”-comunistas dos Estados Unidos.
Todos eles apresentam um bom tom anticomunista, pois, afinal de contas, o comunismo está morto e existe apenas (conforme nos disseram) nas faculdades.
A maioria das pessoas está focada em aquecimento global, multiculturalismo e direitos homossexuais.
Ninguém parece notar que aquecimento global, multiculturalismo e direitos homossexuais são artefatos da religião supostamente “morta” (cujos acólitos se tornaram – com propósito enganoso – “conservadores”).
Pois bem, há alguns de nós – uma minoria – que percebeu isso. Como membro dessa minoria, sinto como se um gélido deserto tivesse me sobrepujado. Não me sinto representado pelas grandes instituições ou pelos “bem-pensantes” conservadores.
E assim, quando foi publicada a obra American Betrayal [A traição americana, tradução livre], cuja autoria é de Diana West, e ela recebeu atenção favorável, fiquei animado e esperançoso. Mas então eis que, previsivelmente, os críticos badalados da esquerda alternativa (i.e. a direita do Partido Republicano) começaram a atacar o livro de West, a começar por David Horowitz e Ronald Radosh.
Passou então a existir um grande esquema que tenta matar o livro, afinal, ele estava recebendo muita atenção e só Deus sabe o que teria acontecido se alguém não tivesse intervindo.
Tudo começou quando o Sr. Horowitz retirou do website da revista FrontPage uma resenha positiva feita por ele do livro de West e colocou outra no lugar de teor negativo intitulada McCarthy On Steroids [McCarthy anabolizado, tradução livre] de autoria de Ronald Radosh.
Quando Radosh mostra a que veio, logo se vê que ele é uma espécie de leão de chácara da esquerda alternativa. Ele alega que o livro de West é cheio de “teorias conspiratórias típicas de meios sensacionalistas”.
Quanto a própria Sra. West, ele a descreve como uma “herdeira” de Joseph McCarthy e, além disso, ataca o método de pesquisa dela. Enfim, não foi uma resenha. Foi uma fraca e desonesta tentativa de colocar o público contra a autora.
Não é de se estranhar que Radosh tenha sido retoricamente empalado pelo historiador M. Stanton Evans na ocasião da resenha do livro Blacklisted by history, que dissertou acerca da “extensa ausência de conhecimento de Radosh [que] se evidenciou ainda mais pelas estranhas invenções que foram usadas para dourar o texto”.
Evans cogitou sobre como é possível que um completo afetado poderia se colocar na posição de “juiz do Olimpo” em um assunto que pouco conhecia. Evans meditou: “é um grande enigma”. Embora o sujeito afetado e rancoroso tenha sido exposto como o incompetente sem noção que é, não houve qualquer pedido de desculpas ou reparação por parte do Sr. Horowitz.
Quando foi oferecida a chance ao Sr. Horowitz para que ele revisse sua posição, ele se escondeu num buraco mais fundo ainda. Durante uma sessão de perguntas e respostas na Heritage Foundation, Horowitz foi desafiado nesse tópico pelo Dr. Sebastian Gorka.
A seguir uma transcrição:
Sebastian Gorka: Eu estou com a FDD – Foundation for Defense of Democracies [Fundação pela Defesa das Democracias, tradução livre]. Meu pai recebeu uma sentença de prisão perpétua dos comunistas [...] e me é plausível a ideia de que os comunistas perderam nos anos 1960 mas venceram – e vêm vencendo – de maneira oculta desde então. Levando em conta sua apresentação, me parece claro que somos uma minúscula minoria quando se trata do entendimento profundo da história.
Talvez as pessoas estejam mais preocupadas com seus planos de saúde alijando-as [...] pois entender os bastidores da história atual, é coisa para poucos de nós. Dada a sua reputação, todas as suas conquistas e os dez volumes de artigos, me parece ser pouco estratégico atacar alguém que está do mesmo lado que você.
Você poderia nos dizer por qual motivo bateu em alguém cujos escritos eu vejo, sendo um Ph.D. que leciona em universidades, como uma contribuição historicamente importante; ataque esse que, por sinal, voltou a dividir a direita. Se você tem problemas com a qualidade técnica de Diana West, você que dê uma bronca nela abordando esse ponto; agora, ataques ad hominem que destroem a unidade do nosso grupo não nos trará mais força em 2016.
David Horowitz: [...] Sou uma pessoa muito ocupada [...] e, portanto, não monitoro a FrontPage[...] Tivemos um artigo resenhando a obra American Betrayal de Diana West. Foi visto como um endosso [do que eu penso]. Sabia que seria lido [...] como um endosso. Eu dei uma olhada no livro – na verdade Ron Radosh me ligou e deu o alerta [...] então eu peguei o livro para ler e, ao meu ver, é um livro demasiadamente ruim que vejo como uma ameaça a tudo que fizeram eu, Radosh e todos os conservadores que desenterraram informações de arquivo sobre a influência comunista. Mas eu não ataco as pessoas da direita. Então eu removi a resenha [...]. Esse livro é uma completa reinterpretação da Segunda Guerra baseada na presença de agentes soviéticos, comunistas, [...] simpatizantes e companheiros de viagem na administração Roosevelt.
Então informei Diana que eu removera a resenha, pois não queria que me vissem como alguém que endossasse aquilo e que se ela quisesse uma réplica ela poderia ter quanto espaço quisesse. Eu esperava criar um debate entre ela e Radosh. Sou um grande entusiasta do diálogo e do debate intelectual. Ela rejeitou a oferta e partiu para o ataque. Ela me chamou de totalitário, comissário [do Partido] e queimador de livros. Então, se você tem algum problema com o que você chama de 'guerra', saiba que a agressão vem da parte dela...
Se for para lembrar qualquer coisa dessa controvérsia, lembre pelo menos que Horowitz disse: “Mas eu não ataco as pessoas da direita”. Como, então, ele explica a publicação de um ataque total à reputação da Sra. West? Ele disse pessoalmente que o método da Sra. West é desleixado e que seu livro jamais deveria ter sido escrito. Ele disse que é “um livro demasiadamente ruim”.
Todos reconhecem a necessidade e a obrigação que cada um tem de se defender. Por que, então, a Sra. West deveria ser obrigada – como insinuou o Sr. Horowitz – a se defender no website dele e nos termos dele? Que tipo de egomaníaco ataca a integridade de uma pessoa, denigre sua reputação, desdenha da sua obra e espera que ela produza uma resposta que só irá dar mais publicidade para o próprio ofensor?
Naturalmente a Sra. West não poderia aceitar o convite de Horowitz para a FrontPage. Além do mais, temos olhos para ler a deselegante resenha do Sr. Radosh, o afetado desprovido de método que deu o primeiro tiro nessa dita “guerra”. (Ao meu ver, essa "guerra" não passou de um assalto mal feito em que o assaltante ficou gravemente ferido por golpes de bolsa da vítima).
Ainda mais escandalosa é a resenha de Radosh que não foi nem um pouco cavalheira; em vez disso, foi um desfile de insultos gratuitos temperados com mais de vinte falsificações (conforme documentado pela resposta da Sra. West disponível na Amazon como The Rebuttal: Defending 'American Betrayal' From the Book-Burners [Réplica em defesa do livro 'A traição americana' contra os queimadores de livros, tradução livre]).
Quanto à alegação de ad hominem na resposta da Sra. West ao Sr. Horowitz – se tem um focinho e grunhe, o codinome “porco” não é um ad hominem. Foi perfeitamente razoável por parte da Sra. West satirizar seus agressores como queimadores de livros e totalitários, pois eles usaram técnicas retóricas comunistas para cobrir rastros de comunistas subversivos – e para cobrir seus próprios rastros.
Não importa se o Sr. Horowitz e o Sr. Radosh são anticomunistas, não importa que tipo de comunistas eles são. Na conversa supracitada, o Dr. Sebastian Gorka sugeriu que Horowitz estava sendo pouco estratégico por estar obstinadamente dividindo uma minoria já dividida e atenuada de anti-esquerdistas ao atacar a Sra. West.
Todos sabemos que o Sr. Horowitz não é um idiota. Se ele não tinha intenção de dividir o já debilitado grupo, então por que ele atacou o livro de West? Bem, podemos então voltar à ideia de que ele é um idiota, mas antes façamos o papel de Advogado do Diabo por alguns parágrafos. Se o ataque a West foi empenhado inocentemente e sem qualquer intenção de dividir a direita conservadora, por que foi feito com tão pouca consideração pela verdade? Aha! Eis o x da questão.
As palavras de M. Stanton Evans e a refutação da Sra. West revelam uma intenção após a outra do Professor Radosh, uma flagrante falsificação atrás da outra endossada pelo Sr. Horowitz. Qualquer um pode clicar nos links acima, ir até as fontes e ler.
Continuando a fazer o papel de advogado do diabo, apelo agora à álgebra da estratégia soviética e da subversão comunista. Os comunistas sempre se infiltram entre seus opositores. Eles sempre tentam tomar o campo inimigo desde dentro.
Naturalmente, portanto, há tempos atrás eles já alvejam os grupos conservadores americanos com o objetivos de tomá-los. Qualquer um que pense que não se fez isso está convidado a checar os livros de história. Isso é sempre feito: os comunistas sabotam ou induzem a oposição ao erro, dividem o inimigo para conquistá-lo, desviam o foco, difundem perigosos contra-movimentos e sempre plantam infiltrados.
Conforme dito no livro da Sra. West, os expositores da verdade dessa infiltração estão entre as primeiras e maiores vítimas das informações mentirosas espalhadas pelos próprios infiltrados. De acordo com West, “[A história] nos mostra como [...] ondas de informações falsas recobrem os fatos e deixam falsos rastros que reduzem o fato em si a escombros e dúvidas”.
Devemos nos perguntar nessa controvérsia: Quem está reduzindo o edifício dos fatos em escombros e dúvidas? Estamos diante da repetitiva, consciente e deliberada caluniação do mais importante livro anticomunista da nossa época.
As mentiras foram documentadas pela Sra. West e atestadas pelo Sr. Evans. Como disse antes, qualquer um pode checar os fatos. Mas eis como funciona a estratégia comunista: eles sempre contaram com a preguiça alheia. Eles sabem que os editores e resenhistas não checarão os fatos.
Eles sabem que todo mundo está ocupado. Eles esperam que o falso rastro de escombros e dúvidas corroam a posição da vítima conforme passa o tempo. No final de tudo, a única coisa que lembraremos é que McCarthy é cruel e que Diana West foi a “herdeira” dele.
Não há meio termo aqui. Atacar de maneira desonrada pode-se desculpar como lapso momentâneo. Repetir o ataque de novo e de novo não é um lapso. É uma política. E quando essa política corresponde ao uso do inimigo, e ela está em conformidade com os requisitos estratégicos desse mesmo inimigo, então você sabe quem está, em última análise, por trás dele. Não é falta de estratégia, é a própria estratégia.
Veja como Horowitz culpa a vítima pela própria agressão dele. Veja como ele responde a Sebastian Gorka sobre o assunto de “dividir” a direita. Com efeito, Horowitz diz: “Eu não dividi a direita, ela dividiu”. Horowitz tenta distorcer Diana West, e quando ela se defende, ele a culpa por dar início a uma “guerra”.
Certamente os leitores preguiçosos e os ouvintes incautos não lembrarão quem começou a guerra. Talvez culparão ambos os lados – o que é perfeitamente aceitável se a sua estratégia é “dividir e conquistar” a direita. Se você jogar lama o suficiente, alguma coisa no mínimo vai respingar. Os fatos e as notas de rodapé são irrelevantes para esse propósito. Tudo que precisa ser dito daí em diante é que American Betrayal é um livro “demasiadamente ruim”. Isso foi também, de acordo com Horowitz, “uma ameaça a tudo que fizeram eu, Radosh, e também a Harvey Klehr e John Ear Jones [...] etc., etc.”.
Não fique muito preso aos detalhes, aconselha Horowitz. Não se preocupe com a prova que veio de uma pesquisa. Ouça o árbitro do Olimpo. Ouça as distorções, o ataque ad hominem e tudo isso até que tudo se misture numa coisa só. Em breve, todo aspirante a crítico repetirá o mantra.
Eis a nova arquitetura daquilo que West chama de “a câmara de ressonância da apologética comunista”.
A única diferença é que agora se trata de uma câmara de ressonância “conservadora”, com Vladimir Putin como um dos ecos conservadores.
West pergunta: “Quem roubou a história?”. Como advogado do diabo eu pergunto: “Quem roubou o conservadorismo?” e quem traiu a América? “A frase 'trair a nação' tem uma característica arcaica para muitos de nós”, disse West. “A própria palavra 'traição' é um ato de exagero de alguma forma inapropriado para qualquer conjunto de circunstâncias...” E assim, quando o movimento conservador é traído e dividido pela dúvida e pela acrimônia, o que diz o Sr. Horowitz? Ela que começou! E além disso, ele nos assegura:
“Eu não ataco as pessoas da direita”. Na verdade ataca sim, Sr. Horowitz. E aqui você foi pego com a mão na massa. Sendo assim, para eles não importa mais se os ladrões estão no comando de tudo e se os mentirosos se tornaram guardiães da verdade. Eles têm grande reputação. Eles têm dinheiro. Chamar isso de “traição” é, conforme eles afirmam, um grosso exagero. Não há traições, há apenas “discordância”. Snowden discordou da NSA, isso é tudo.
Alger Hiss apenas discordou de Whittaker Chambers. Acreditamos num debate saudável, certo? Afinal, estamos em um país livre (por pouco tempo). Nisso tudo nos privamos da palavra “traição” quando eliminamos do nosso dicionário as corolárias palavras “traidor” e “inimigo”. Talvez um dia todos conservadores aprenderão o que aprendeu a Sra. West: que quando você é atacado diretamente por um David Horowitz não há equívocos.
É uma operação fria, sólida e implacável. Tão logo a guerra é declarada, acabam-se as trocas amigáveis. Outras pessoas dirão: “Oh, isso é apenas um mal entendido. É apenas um desacordo”. Mesmo que os inimigos se finjam de conservadores, cristãos ou democráticos, eles se mostrarão, no final das contas, como inimigos cujo jogo é fingir cada vez mais.
Eles se fingem de capitalistas, cristãos, democráticos e amantes da liberdade. Eles fingem querer debater. Eles fingem ser pesquisadores.
Como disse David Horowitz, “eu sou o único responsável pela decisão de remover a resenha positiva do livro [de Diana West] que apareceu originalmente na FrontPage e sobre a qual ela construiu sua contenda anti-FrontPage”.
A desorientação lograda nessa sentença é uma construção curiosa. Diana não constrói nada sobre a mera remoção de uma resenha positiva. Artista da retórica da desorientação, Horowitz leva a situação para longe da ultrajante desventura de Radosh. Em vez disso, ele a leva para o terreno de uma inocente “remoção”. Ao fazer isso, ele empilha uma confusão em cima da outra.
Os fatos podem ser ignorados e as razões simplificadas apenas se for com o objetivo de estupidificar e degradar o ouvinte. Uma sentença atrás da outra e um parágrafo atrás do outro podem deixar a mente do leitor desnorteada e transformar a realidade em algo estranho...
Dê uma cochilada, assista uma série de TV e esqueça os detalhes.
Eis uma lição estrategicamente importante: a linguagem honesta é preciosa. Ela torna possível a unidade e o acordo entre homens e mulheres de boa vontade. Contudo, o inimigo da unidade e do acordo coloca as palavras a serviço de um objetivo completamente diferente. O semeador de confusão, o assassino literário, usa palavras como armas.
Em um tópico no fórum Gates of Viena, Marten Gantelius fez um comentário fascinante: “Eu não tenho que ler toda a resenha do Sr. Radosh para concluir que o livro da Sra. West é uma obra de grande importância e competência”.
A razão para isso, explica Gantelius, é que ele foi um analista de linguagem profissional por vários anos. “Antes de considerar o contexto de um texto eu procuro nele aquilo que chamo de 'A linguagem da violência' e vejo quais métodos são usados”, continuou Gantelius.
Ele detectou essa “linguagem de violência” e disse apropriadamente: “O Sr. Radosh usa todo seu poder, conhecimento, experiência e contatos com um único objetivo: degolar a Sra. West”.
Usando a “linguagem da violência” os comunistas buscam dividir e conquistar. Eles dividem negros de brancos, ricos de pobres, mulheres de homens, filhos dos pais, etc. “O marxismo-leninismo é mais poderoso que uma metralhadora”, disse Mao Tsé-Tung. O marxismo-leninismo foi e é um letal coquetel de mentiras, distorções e confusões. É a matéria bruta do totalitarismo. Novamente digo a respeito da polêmica da Sra. West com o Sr. Horowitz: se tem um focinho e grunhe, o codinome “porco” não é um ad hominem.
Tendo lido American Betrayal e tendo entrevistado Diana West antes dessa controvérsia (ouça aqui), fui tomado de surpresa pela perversidade de Horowitz e Radosh. Se você ainda lembra algo dessa controvérsia, como disse antes, lembre antes de tudo das palavras de Horowitz: “Mas eu não ataco as pessoas da direita”. Isso basicamente serve para ilustrar a sistemática desonestidade do Sr. Horowitz. Não há desculpas. Não há como mitigar. Não há explicação alternativa.
Não sou um expert na “Linguagem da violência” de Gantelius, mas sou estudado em estratégia. Sei como detectar uma mentira, um subterfúgio ou um desonesto truque retórico. Tenha em mente que estamos falando da reputação de uma mulher. É sua obra, seu sustento e seus valores como pensadora e pesquisadora que foram contestados.
Então permita-me apresentar um exemplo de truque retórico do ensaio agressivo de Radosh no qual ele alega que West usou uma falsa anedota sobre George Elsey que “achou arquivos confidenciais na Sala de Mapas (da Casa Branca) dizendo que o presidente Roosevelt ingenuamente acreditava que podia confiar em Stálin...”.
Radosh escreveu que “[West] acredita que essa foi a prova cabal de que o presidente Roosevelt estava 'em conluio com a NKVD'”. Radosh então prosseguiu com o intuito de corrigir a dita descaracterização que West fez do presidente. Ao fazer isso, ele supostamente expôs a competência acadêmica de West ao dizer que esta é “infundada, ou pior”.
West desafiou essa alegação dizendo que a anedota de George Elsey não estava no livro dela. Para se certificar disso, West buscou na versão eletrônica do seu texto e não pôde achar a tal anedota em lugar algum (veja Se a FrontPage mentiu sobre isso, eles podem mentir sobre qualquer coisa).
De maneira desavergonhada, a resposta de Radosh na FrontPage fez um contra-desafio intitulado Diana West's Attempt to Respond (A tentativa de resposta de Diana West, tradução livre). “Talvez ela não tenha conseguido achar a anedota”, vocifera ele, “mas está lá em três lugares diferentes ela escrevendo como o presidente Roosevelt disse para Hopkins ir à cama de Molotov enquanto ele estava na Casa Branca para que assim ele pudesse se encontrar com o presidente...”.
Radosh então diz as três páginas: 129, 268 e 296. Então Radosh faz uma confusa e bizarra admissão: “Ela esqueceu [as três páginas citadas] por causa de um erro trivial [cometido por mim] que era para associar a anedota [...] à anedota sobre [Elsey]”.
Então Radosh, tendo cometido um erro sobre a anedota de Elsey, amplificou sua acusação para mais três páginas. E então abri o livro de West nas três páginas citadas e não achei nada da cama de Molotov nem nada sobre a dita mancada acadêmica.
Como West mesmo se explicou, “a anedota [sobre George Elsey ou sobre a cama de Molotov] não está em meu livro nem uma, tampouco três vezes”. E eu testemunho ao leitor neste momento que os humilhantes e amadores erros de Radosh ocorrem ao longo de todo o texto. Estude os textos e você verá o que Radosh fez e o que o Sr. Horowitz endossou.
Toda essa situação, na verdade, desacredita os agressores de West, cuja maliciosa inépcia é tão desgraçada quanto desprezível. Toda essa situação também desacredita os “bravos” pesquisadores e editores que, temendo a marca de Caim a qual foi atribuída à Sra. West, passam longe do livro dela, recusando-se a tomar lados no que acabou por se tornar uma controvérsia de crucial importância.
E por qual motivo ela é de crucial importância?
Parafraseando (ou citando parcialmente) o livro de West (p. 178), o espetáculo “em si mesmo está corrompendo, iniciando, ou talvez consolidando uma revolução bem mais profunda que o detalhismo” sobre a questão acadêmica, porquanto para Radosh e Horowitz a verdade já foi relegada ao patamar da insignificância.
O objetivo é enganar o leitor. A inépcia nos argumentos é transpassada como se fossem argumentos “conclusivos”. A história foi mutilada. Esses oblíquos (e ditos) anticomunistas espalham confusão e dúvida por todos os lados. Se essa polêmica prova algo, é que eles são da esquerda.
Dar espaço a esses monstros no movimento conservador é “ceder a terra firme da moralidade objetiva e do juízo baseado na realidade”. É assim que eles distorcem os fundamentos conservadores e é assim que eles continuarão a distorcer. É uma política óbvia, como já disse.
Um imperador “conservador” ersatz [N.T.: substituto de segunda mão] usurpou o trono do juízo. Ele acenou o polegar para baixo quanto à Diana West.
O livro “jamais deveria ser escrito”, disse o imperador Horowitz. “É um livro demasiadamente ruim”. É o mesmo veredicto pronunciado contra o senador Joseph McCarthy pelo “tribunal canguru de opiniões da elite”. Para isso acontecer é necessário que a verdade objetiva e a integridade intelectual tenham morrido na América. Sem essa morte, a decência comum jamais poderia ser neutralizada. E veja só quem a está neutralizando agora.
Diferente dos seus críticos, Diana West não fica na cadeia intelectual do carreirismo, da subserviência e da contemporização. Já Horowitz, por sua vez, tem se movido de um confinamento ideológico para outro. Um prisioneiro que guarda seu campo de respeitabilidade com um olho no prevalecente pensamento coletivo de centro-direita (que ele, como um deus, espera moldar). A pose moral dele é uma fraude.
Ele está muito ocupado jogando o jogo e elevando sua carreira para ter tempo de sentar serenamente, pensar e repensar as questões que aparecem a ele. Ele está muito ocupado para descobrir o que encontrou Diana West, isto é, “uma infiltração comunista criminosa que passou despercebida e não foi sequer imaginada e, portanto, influenciou [...] na formação da América nesse brilhante momento da situação mundial”. E esse momento brilhante foi a Segunda Guerra Mundial.
No começo do seu livro, West pergunta por que os “bastiões da civilização ocidental” foram derrubados. Esses bastiões são o cristianismo, o patriarcado, a família e “todas as salvaguardas da nacionalidade da tradição cultural”. Ela rastreia as ideias que minaram esses bastiões e busca um fim em comum ao qual elas partilham. Evidentemente se tratava do mesmo “fim ao qual aspirava a defunta URSS”.
A Sra. West é uma das mais importantes escritoras sobre as consequências morais e estratégicas da infiltração comunista no governo americano. O livro dela é cheio de insights, corroborações de fatos e nuances psicológicas. Como qualquer um pode ver, seus críticos se qualificam numa gama de deturpações recheadas de análises absurdas, referências distrativas e digressões irrelevantes.
Há uma grande confusão no nosso discurso político hodierno. “Ex”-comunistas na Rússia têm se parecido cada vez mais com conservadores. O mesmo pode se dizer dos “ex”-comunistas dos Estados Unidos. Todos têm algo anticomunista interessante a dizer, mas algumas vezes uma “boa conversa” pode vir recheada de veneno.
04 de maio de 201
Jeffrey Nyquist
Tradução: Leonildo Trombela Junior
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