Se algum setor da economia brasileira ainda conseguia manter algum nível de estabilidade, era o mercado de trabalho. Pois a má notícia chegou na véspera do Dia do Trabalhador. Divulgada ontem, a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese) e a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) mostrou que o desemprego cresceu, de fevereiro para março, nas seis regiões metropolitanas pesquisadas: Belo Horizonte (0,9%), Fortaleza (1,3%), Porto Alegre (1,5%), Salvador (0,2%), São Paulo (0,5%) e Recife (1,2%).
Como as contratações já perdiam ímpeto, o resultado era esperado, o que não o torna menos preocupante, em especial num cenário de baixo crescimento e com inflação ascendente. Mais assustador é que os sinais de deterioração não sensibilizaram o governo, acomodado com o quadro de quase pleno emprego. O que tampouco é novidade no Palácio do Planalto. Afinal, aí está o conformismo com a alta dos preços, sob o argumento de estar contida dentro da meta, embora roçando o teto e apontando para cima. Aí está também o setor elétrico, outro exemplo da letargia, ressuscitando o fantasma do apagão.
O problema de esperar agravar para agir depois é que os nós vão se entrelaçando, se apertando, e a porta de saída fica cada vez mais estreita. É o caso dos efeitos da política monetária sobre a geração de empregos. Como não vingou a versão de que a elevação dos preços era sazonal, o governo foi obrigado a subir mais os juros para conter a inflação, desestimulando a economia, cuja expansão arrasta-se há anos, e desencorajando novos investimentos. Ou seja, em vez de fazer girar a roda do crescimento sustentável, voltou a acionar o círculo vicioso do subdesenvolvimento.
Ninguém se iluda, é sempre assim: remédio amargo poupado ao paciente terá de ser prescrito em dose dupla logo adiante. No caso, o horizonte delimitado é o das eleições majoritárias de outubro. Enquanto o eleitor não chega às urnas, a realidade vai sendo camuflada. É preciso cobrar mais pela energia? Os combustíveis têm de ter o preço majorado? A inflação clama por combate rigoroso? Os gastos públicos excedem o bom senso? Empurram-se as pendências para o futuro. A cobrança virá com juros, mas a fatura será apresentada ao contribuinte, não ao candidato.
A PED trazida à tona ontem mostra o fechamento de 137 mil postos de trabalho nas seis capitais pesquisadas, com a taxa de desemprego passando de 10,3% em fevereiro para 11% em março. Logo virá a Copa do Mundo e suas vagas temporárias para amenizar a dura realidade que se avizinha. Mas, a prevalecer a política do vamos deixar como está para ver como fica, as consequências poderão ser trágicas lá na frente. É imperioso admitir o esgotamento do modelo e arrumar a casa o quanto antes, independentemente da disputa presidencial em curso.
Como as contratações já perdiam ímpeto, o resultado era esperado, o que não o torna menos preocupante, em especial num cenário de baixo crescimento e com inflação ascendente. Mais assustador é que os sinais de deterioração não sensibilizaram o governo, acomodado com o quadro de quase pleno emprego. O que tampouco é novidade no Palácio do Planalto. Afinal, aí está o conformismo com a alta dos preços, sob o argumento de estar contida dentro da meta, embora roçando o teto e apontando para cima. Aí está também o setor elétrico, outro exemplo da letargia, ressuscitando o fantasma do apagão.
O problema de esperar agravar para agir depois é que os nós vão se entrelaçando, se apertando, e a porta de saída fica cada vez mais estreita. É o caso dos efeitos da política monetária sobre a geração de empregos. Como não vingou a versão de que a elevação dos preços era sazonal, o governo foi obrigado a subir mais os juros para conter a inflação, desestimulando a economia, cuja expansão arrasta-se há anos, e desencorajando novos investimentos. Ou seja, em vez de fazer girar a roda do crescimento sustentável, voltou a acionar o círculo vicioso do subdesenvolvimento.
Ninguém se iluda, é sempre assim: remédio amargo poupado ao paciente terá de ser prescrito em dose dupla logo adiante. No caso, o horizonte delimitado é o das eleições majoritárias de outubro. Enquanto o eleitor não chega às urnas, a realidade vai sendo camuflada. É preciso cobrar mais pela energia? Os combustíveis têm de ter o preço majorado? A inflação clama por combate rigoroso? Os gastos públicos excedem o bom senso? Empurram-se as pendências para o futuro. A cobrança virá com juros, mas a fatura será apresentada ao contribuinte, não ao candidato.
A PED trazida à tona ontem mostra o fechamento de 137 mil postos de trabalho nas seis capitais pesquisadas, com a taxa de desemprego passando de 10,3% em fevereiro para 11% em março. Logo virá a Copa do Mundo e suas vagas temporárias para amenizar a dura realidade que se avizinha. Mas, a prevalecer a política do vamos deixar como está para ver como fica, as consequências poderão ser trágicas lá na frente. É imperioso admitir o esgotamento do modelo e arrumar a casa o quanto antes, independentemente da disputa presidencial em curso.
03 de maio de 2014
Editorial Correio Braziliense
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