Diante da rápida queda de popularidade do governo Dilma Rousseff, Lula decide cobrar ações para melhorar a economia brasileira
Já não constituíam novidade a deterioração das expectativas econômicas e o desconforto de empresários e investidores com relação a um eventual segundo mandato de Dilma Rousseff (PT). A velocidade com que tem caído a aprovação do governo, entretanto, parece ter sido a senha para o ex-presidente Lula voltar à ribalta.
Foi numa entrevista concedida a nove blogueiros na sede do Instituto Lula, em São Paulo. Com sua verborragia característica, o petista asseverou que o país poderia estar melhor e cobrou de sua afilhada política manifestações mais claras a respeito do que fará para reanimar a economia brasileira.
Não há como imaginar que Dilma tenha se sentido confortável com tais declarações. Primeiro, porque Lula, a despeito das negativas explícitas, mantém implícita e muito viva a possibilidade de ele se candidatar, caso isso seja necessário para os planos do PT.
Além disso, o conselho de Lula não é daqueles que podem ser postos em prática sem mais considerações. Afinal, será difícil para Dilma explicar -se o fizer sinceramente- como pretende arrumar a casa sem com isso deixar claro que muitos dos problemas presentes foram causados por erros dos próprios governos petistas.
Vale lembrar, a propósito, que a guinada desenvolvimentista que está na raiz das dificuldades atuais teve início na administração de Lula. Foi a reação à crise financeira de 2008 que desencadeou a receita de aumento dos gastos do governo, uso dos bancos públicos para estimular a economia e crescimento do intervencionismo setorial.
Pode-se identificar, ademais, alguma leniência com a inflação já em 2010, quando o Banco Central evitou corrigir os juros com o vigor necessário. E assim continuou. A escalada dos preços é hoje uma das grandes preocupações da população, sentimento generalizado em todos os segmentos sociais.
À luz das pressões nas mais variadas frentes -alimentos, serviços, itens importados-, não surpreenderá se o teto da meta de inflação, de 6,5%, for rompido justamente no período eleitoral.
O PIB, por sua vez, patina. O FMI, por exemplo, pela terceira vez rebaixou a previsão de crescimento da economia neste ano, para 1,8%. O Brasil destoa dos emergentes, que crescem mais.
Pressionado pela eleição, o Planalto conta agora com pouca margem de manobra para fazer os ajustes de que o país precisa. Ao adiar decisões difíceis, porém, o governo pinta um 2015 preocupante, com tintas recessivas mais fortes do que o necessário caso tivesse começado a misturar as cores mais cedo.
Em outros carnavais, Dilma Rousseff seria exibida na campanha como a gestora ideal para lidar com o cenário conturbado. Esse tempo passou, e Lula parece saber disso melhor do que ninguém.
Já não constituíam novidade a deterioração das expectativas econômicas e o desconforto de empresários e investidores com relação a um eventual segundo mandato de Dilma Rousseff (PT). A velocidade com que tem caído a aprovação do governo, entretanto, parece ter sido a senha para o ex-presidente Lula voltar à ribalta.
Foi numa entrevista concedida a nove blogueiros na sede do Instituto Lula, em São Paulo. Com sua verborragia característica, o petista asseverou que o país poderia estar melhor e cobrou de sua afilhada política manifestações mais claras a respeito do que fará para reanimar a economia brasileira.
Não há como imaginar que Dilma tenha se sentido confortável com tais declarações. Primeiro, porque Lula, a despeito das negativas explícitas, mantém implícita e muito viva a possibilidade de ele se candidatar, caso isso seja necessário para os planos do PT.
Além disso, o conselho de Lula não é daqueles que podem ser postos em prática sem mais considerações. Afinal, será difícil para Dilma explicar -se o fizer sinceramente- como pretende arrumar a casa sem com isso deixar claro que muitos dos problemas presentes foram causados por erros dos próprios governos petistas.
Vale lembrar, a propósito, que a guinada desenvolvimentista que está na raiz das dificuldades atuais teve início na administração de Lula. Foi a reação à crise financeira de 2008 que desencadeou a receita de aumento dos gastos do governo, uso dos bancos públicos para estimular a economia e crescimento do intervencionismo setorial.
Pode-se identificar, ademais, alguma leniência com a inflação já em 2010, quando o Banco Central evitou corrigir os juros com o vigor necessário. E assim continuou. A escalada dos preços é hoje uma das grandes preocupações da população, sentimento generalizado em todos os segmentos sociais.
À luz das pressões nas mais variadas frentes -alimentos, serviços, itens importados-, não surpreenderá se o teto da meta de inflação, de 6,5%, for rompido justamente no período eleitoral.
O PIB, por sua vez, patina. O FMI, por exemplo, pela terceira vez rebaixou a previsão de crescimento da economia neste ano, para 1,8%. O Brasil destoa dos emergentes, que crescem mais.
Pressionado pela eleição, o Planalto conta agora com pouca margem de manobra para fazer os ajustes de que o país precisa. Ao adiar decisões difíceis, porém, o governo pinta um 2015 preocupante, com tintas recessivas mais fortes do que o necessário caso tivesse começado a misturar as cores mais cedo.
Em outros carnavais, Dilma Rousseff seria exibida na campanha como a gestora ideal para lidar com o cenário conturbado. Esse tempo passou, e Lula parece saber disso melhor do que ninguém.
12 de abril de 2014
Editorial Folha de SP`
É natural que ex-ocupantes de cargos públicos se manifestem sobre questões políticas controversas, desde que estejam dispostos a submeter suas afirmações também a discordâncias. No caso das recentes declarações do petista, em entrevista a blogueiros simpáticos ao governo, mereceu destaque a referência direta à imprensa. Disse o entrevistado que “os meios de comunicação no Brasil pioraram muito do ponto de vista da neutralidade”.
Afirmou ainda o ex-presidente, numa referência às notícias sobre indícios de irregularidades na Petrobras, que “a gente não pode permitir que, por omissão nossa, as mentiras continuem prevalecendo”.
Há uma evidente preocupação com a divulgação de fatos desfavoráveis ao Executivo e que colocam em xeque as exaltadas virtudes de gestora de sua sucessora. Ao se referir a inverdades, o ex-presidente tem como alvo fatos que já vêm sendo investigados por Polícia Federal, Ministério Público e Tribunal de Contas da União e serão objeto de sindicância de CPI no Senado.
Observe-se que, ao contrário do que defende, o ex-presidente sentou-se à mesa com pessoas que não têm como oferecer a neutralidade reclamada. Seus ouvintes eram responsáveis por blogs assumidamente governistas, muitos dos quais sustentados por verbas oficiais.
A manifestação reproduz o comportamento de líderes políticos que, ao orientar a reação de seguidores a acusações, desqualificam o trabalho dos jornalistas.
O ex-presidente seria mais efetivo se contribuisse para que a presidente da República esclarecesse por que, quando chefiava o conselho de administração da estatal, teve informações sonegadas pelos que conduziam as tratativas para aquisição da refinaria. Esta é uma das verdades que não podem ser sonegadas.
12 de abril de 2014
Editorial Zero Hora
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